“(M)IMOSA” - TWENTY LOOKS OR PARIS IS BURNING AT THE JUDSON CHURCH

criação artística de: Trajal Harrel, Cecilia Bengolea, François Chaignaud e Marlene Monteiro Freitas
 
SESC BELENZINHO São Paulo 2012
 
Produção local: Substância Produções Artísticas
“(M)imosa” é um espetáculo criado em colaboração pelo do coreógrafo norte-americano Trajal Harrel e os dançarinos Cecilia Bengolea, François Chaignaud e Marlene Monteiro Freitas. No espetáculo, o coreógrafo reinventa  o voguing – uma forma de expressão corporal/social praticada sobretudo por gays, travestis e transexuais, afro-americanos e latinos, surgida nos salões de baile do Harlem nos anos 60 – e o cruza com a dança contemporânea.
 
“(M)imosa” parte da estética queer para interrogar a história da dança americana de forma extremamente provocatória. É um dos espetáculos do projeto Twenty Looks or Paris Is Burning at The Judson Church, do coreógrafo norte-americano Trajal Harrel, iniciado  em 2009. O projeto é composto de várias séries: XS, S, M e L. Sendo que as medidas menores  correspondem aos espetáculos mais íntimos com o público. O título do projeto faz referência ao documentário de Jenny Livingstone (1990) que deu a conhecer ao grande público a dança Vogue, intitulado “Paris is Burning”. Já Judson Church, em Greenwich Village, foi onde nasceu a dança pós-moderna  e onde se resgatou o corpo das imposições da dança como forma de expressão de narrativas e emoções universais.
 
A dança pós-moderna oferece a presença material do corpo como única realidade que importa; em oposição ao voguing, em que o disfarce ambiciona diluir-se o mais possível na norma social atingindo o máximo da realness. O que Harrel propõe é o encontro potencial entre a cultura underground do voguing e a dança pós-moderna norte-americana, cujos fundadores se reúnem na Judson Church. Harrel imagina o que poderia ter acontecido se estes dois mundos alguma vez se tivessem cruzado, se nos anos 60 nova-iorquinos um transexual, um “legendary” gay, um latino ou afro-americano, da ball culture tivesse descido do Harlem até à Judson Church e tivesse dançado com Trisha Brown, Steve Paxton ou Yvonne Rainer.
 
(M)imosa surge num palco nu, só com um microfone e luzes brancas em volta. Esta disposição permite que o olhar do espectador se centre no que é fundamental: as performances. O espetáculo é um desfile de travestis e criaturas assexuadas que cantam, dançam e falam das suas vidas. (M)imosa é, no fundo, uma desordem de identidades: todos os quatro performers se intitulam como Mimosa Ferrera e tentam convencer o público de que eles é que são a verdadeira Mimosa, através de diferentes representações.
(M)IMOSA
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