O projeto destina-se a abrigar uma pequena família que gosta de reunir amigos e que busca alguma geração de renda na própria edificação aproveitando o potencial da localização, que é um importante entroncamento de vias no bairro Santa Mônica em Uberlândia, um terreno em ponta de quadra, entre 3 vias e é ponto focal de visão principalmente para quem frequenta a praça em frente.
Em um raio de 2km da área encontra-se grande concentração comercial, serviços, alimentação, o Parque do Sabiá, a Universidade Federal de Uberlândia e residência de milhares de alunos da universidade.

Neste contexto foi elaborado um plano de necessidades para a residência que inclui um ambiente integrado com cozinha, espaço de estar, descanso, para alimentação, para estudo e trabalho, duas suítes além de espaços de lazer e contemplação, sejam individuais ou entre a família e convidados, para a outra parte do projeto haverão salas com mobília para diversos tipos de uso de acordo com a necessidade de quem o alugar, os aluguéis serão por pequeno período destinados a pequenos cursos, reuniões, pequenas palestras empresariais e para estudantes da universidade que necessitem de local apropriado para estudos individuais ou em grupo, e aluguéis de prazo maior para profissionais autônomos e cursos de maior duração. 
Algumas propostas conceituais foram elencadas a partir de observações do entorno e do próprio terreno para orientarem a elaboração inicial do projeto; por ser uma localização com trânsito pesado e complicado de veículos, técnicas construtivas pré-fabricadas de construção rápida são bem vindas por causarem menor transtorno no processo de construção, dentre as disponíveis a estrutura em madeira laminada colada, fechamentos internos e externos em drywall no caso dos externos com chapas onduladas metálicas fazendo o isolamento das intempéries foram as escolhidas. 
Outra proposta é que não houvesse um muro separando a edificação da rua e as áreas de lazer tivessem sua privacidade proporcionada por vegetação mais densa e alta, criando uma edificação mais simpática a rua e questionando a possível ilusão de segurança que os muros trazem, que na verdade pode se traduzir em grande distanciamento da comunidade e ruas inóspitas e desagradáveis. 
Após, foi feita uma observação no entorno do terreno com propósito de compreender as afinidades para a organização espacial dos ambientes, observou-se que os fundos voltados ao norte, há um muro alto de divisa colabora para o sombreamento quando o sol desce e o fundo do terreno se torna um local adequado para as áreas de lazer da residência e consequentemente a própria residência e a esquina voltada a sul é mais adequada ao programa de salas por permitir que hajam varandas a céu aberto e por serem espaços que se relacionam melhor com a rua melhorando também a qualidade de sensação em quem utiliza o espaço das salas, com certa privacidade proporcionada por vegetação no entorno da edificação. 
Outro ponto observado é que a rua Maria das dores dias a leste da edificação tem trânsito complicado, atrapalhando uma possível entrada de automóveis na edificação, porém é a região onde há maior variedade de comércios e serviços acessíveis a pé. 
Esta organização já aponta para os princípios de aplicação dos conceitos, a área de lazer menos exposta a rua demanda menor trabalho para proporcionar segurança e privacidade, sendo assim mais fácil a não utilização de muros. 
O espaço construído foi separado em duas partes, a comercial e a privativa, sendo a comercial com três grandes salas com mobiliário desenhado para se adaptar a diversos possíveis usos, banheiros e recepção, a área residencial contém espaços abertos para lazer, garagem e um grande ambiente integrado de cozinha, sala e escritório, além de mobiliário integrado a arquitetura de edificação, mas que possibilita usos diversos como a mesa da cozinha que serve como bancada, e se estende para que possa abrigar as refeições da família, com bancos que se encaixam no próprio mobiliário, tudo com grande integração visual com as áreas verdes de lazer, no piso superior estão as duas suítes e varandas. 
A respeito da forma, a edificação foi concebida para romper com a linearidade do entorno com formas seriadas proporcionadas pela modulação, uma grande comunicação com o externo na área das salas comerciais e um jardim de vegetação do cerrado que contorna toda a residência e traz privacidade onde necessário sem grande necessidade de manutenção, a cobertura também é modular com caimento de 5% sendo a calha tanto um equipamento de escoamento de água, mas se estendendo para recobrir as vigas de madeira superiores.
Esta concepção arquitetônica proporcionou que os conceitos pudessem ser aplicados, mesmo que muitos vão de desencontro com o senso comum de projeto de residências no Brasil, mostrando que se a concepção parte de princípios, uma nova de relação com a rua pode ser encontrada para a realidade do país, mais saudável entre quem transita e quem mora, ambicionando uma realidade menos rude entre as pessoas na nossa sociedade, ao menos no papel que a arquitetura pode contribuir para isso. 

Diego Salazar e Matheus Reis
Casa Azul
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Casa Azul

Casa proposta em estrutura de madeira laminada colada em Uberlândia, MG

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