Expo 2017 - Mapeamento de passagens centrais
Gabriel Tomich, Kauan Fonseca, João Paulo Guimarães
Org. Y Arquitetos / Brunno Douat
2017
Texto por Kauan Fonseca e João Paulo Guimarães
Representar as cidades é um trabalho de grande complexidade, visto que compreender as cidades como sistemas fechados em redes de setores e funções urbanas visíveis e racionalizadas se faz incapaz de abordar sua totalidade. Os espaços urbanos, diferente de simples constructos compostos por aspectos funcionais, físicos e geométricos: são espaços praticados e vividos. Espaços configurados em uma interação dinâmica multidimensional.
Se debruçar sobre as galerias comerciais, enquanto objetos do espaço urbano, é se debruçar sobre uma faceta significativa da realidade dialética e contraditória da vida urbana. Ao mesmo tempo lugar e não-lugar, interior e exterior, passagem e parada, edifício e abertura, ponto e brecha, fixo e fluxo, verticalidade e horizontalidade. Um arquétipo quase perfeito para entender a multiplicidade dos encontros e agenciamentos produzidos no devir diário destes espaços.
Como então cartografar algo tão complexo? “Cartografar aí consiste em decodificar, desarranjar e embaralhar as variações de códigos enraizadas em nossos territórios existenciais para poder experimentar e dar corpo e língua a intensidades, fluidificações, poiésis e reproduções inerentes às polifonias geradoras de territórios singulares” Araújo (p. 901).
Queremos então trabalhar a cartografia como um jogo, um jogo do caos, aqui entendido como a condição que qualifica todas as possibilidades do devir. Ainda que não se possa eliminar os cerceamentos emitidos pelos discursos hegemônicos, pensaremos essa prática cartográfica enquanto uma tentativa discursiva de resistência, um ato poético de criação, uma caosgrafia enquanto tensão, proporcionando aos jogadores a capacidade de modificar o desenho em que se depara.
