Esta é a primeira vez que falo mais abertamente sobre estas imagens. Foram feitas sob a confluência de emoções fortes, por isso minha dificuldade, e foi necessário um bom tempo de distanciamento desta época para conseguir assumir minhas motivações.

Em uma certa noite de 2006 recebi a notícia por e-mail de que um amigo havia morrido. Foi uma morte abrupta, ninguém esperava e ninguém sabia que ele era portador de hiv. 
Angustiada com o fato, mergulhada em lágrimas, tossi, e uma gota de saliva caiu sobre o monitor do computador. Achei interessante como aquela gota ampliava o efeito moiré do monitor, e num ato impulsivo peguei a câmera fotográfica, liguei a televisão e comecei a cuspir e a fotografar, diversos programas e personagens que passavam nos canais.

Tive bulimia durante 8 anos, e fazia pouco tempo que não mais a tinha. Fui gorda na infância, e em decorrência de toda a pressão social que já conhecemos, desenvolvi a bulimia com 15 anos de idade. E nessa hora, durante as cusparadas na tela, me sentia forte, como se desse uma devolutiva para todos esses padrões que nos são impostos pela mídia e pela cultura de massa e estrangeirada. Ao invés de engolir minha angústia, era como se eu a exorcizasse, era um expurgo, me fazia bem tal ato. 
O nome Babatela é uma referência à palavra "bagatela", algo de pouco valor.