2013 foi um ano extremamente prolífico para mim não só como designer, mas também como escritora. 

Naquele ano, escrevi os quatro primeiros livros da Mini Editora, e o quinto surgiu para reafirmar essa ótima fase criativa: uma coletânea de tudo o que foi escrito e sentido por mim naquele período.

O título veio de um poema em que eu descrevia minha peculiar sensibilidade perante a vida naquele momento:

O grande desafio deste projeto era o de transpor essa hipersensibilidade narrada na poesia para o livro, fisicamente. A estratégia adotada foi a de tentar despertar sensações táteis nos leitores através da escolha criteriosa dos materiais: a capa feita de lixa é áspera e causa sensações diversas nas pessoas — da estranha repulsa ao arrepio na pele —, e contrasta com o toque do papel manteiga do miolo: leve, fino e transparente.

Após o primeiro estranhamento, é ao folhear tais páginas translúcidas que as palavras se aproximam e os poemas começam a interferir uns nos outros visualmente.

A composição é simples, toda na Bembo Semibold, com a numeração do poema na página par e o texto na página ímpar e apresenta-os em sua métrica original — inclusive os que já haviam sido editados de forma mais livre em projetos anteriores como o Só, o Acordo mal e o O meu amor transborda.

Por fora, apenas o título marcado em relevo sobre fita vinílica com o uso de um rotulador manual aparece sobre a capa de lixa d'água preta.

Um projeto hipersensível para uma fase hipersensível da minha vida.