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Artigo: "Uma geração, três best-sellers"

Neste ano, mais uma história de ficção amorosa ganhou as prateleiras do mundo e as cabeceiras de nossas casas: a trilogia 50 Tons já teve mais de 40 milhões de cópias, digitais e impressas, vendidas no mundo e atingiu um sucesso sem precedentes ao abordar a temática do sexo sem qualquer pudor. Tamanha a repercussão que Christian Grey foi considerado o 13º homem mais influente de 2012 segundo a pesquisa do site AskMen, em uma votação popular com mais de 500 mil participantes. Influência de um homem que não existe de verdade! E esse não é o primeiro exemplo de um livro que deu tão certo.
 
O mercado, sagaz como só ele sabe ser, percebeu uma parcela desassistida pela literatura e as editoras mais do que depressa criaram um nicho milionário no ramo, que acabou por atingir uma determinada geração: aquelas que hoje têm entre 20 e 30 e poucos anos, e quando ainda eram adolescentes foram as livrarias comprar o exemplar da primeira história de Harry Potter – lançado em 1997 (como o tempo passa, não?)! Aí o fanatismo por Hogwarts foi substituído pelos vampiros e lobisomens da Stephen Meyer e sua saga Crepúsculo. Agora, o assunto deixou de ser a magia dos mundos paralelos e passou a abordar brinquedos e fantasias sexuais.
 
Cada saga tem seu mérito. Mas talvez o maior deles tenha sido transformar histórias em franquias. Não que isso já não acontecesse antes – Star Wars é um ótimo exemplo de como as continuações são interessantes. Atualmente, no entanto, essa prática mercadológica tem dado mais do que certo. As vendas dos sete livros de Harry Potter somam cerca de 1 bilhão de exemplares e o último filme acumula bilheteria mundial de 1,328 bilhão de dólares, a quarta maior da história do cinema. A trilogia ‘50 Tons’ aumentou em 140% o faturamento da editora que lançou o livro no Brasil, com mais de 2,4 milhões de exemplares comercializados no país em quatro meses.
 
Um cálculo que chama, e muito, a atenção das editoras para uma determinada geração, que desde 1997 está acostumada com essa lógica mercadológica. E não dá para negar que esses três best-sellers, Harry Potter, Crepúsculo e 50 Tons, são um fenômeno da literatura. Especialmente para nós brasileiros que, segundo pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, lemos apenas quatro livros por ano.
 
É claro que os livros apresentam diversas falhas – de história e de linguagem, mas nada importa para o mercado editorial que, de fato, conquistou uma parcela da população mundial com essas três sagas e suas histórias envolventes. E eu, como adoradora dessa literatura, espero ansiosa por 2013 e seu novo best-seller!
 
Artigo publicado na seção "Enfoque" do jornal O LIBERAL em 28/12/2012.
Artigo: "Uma geração, três best-sellers"
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Artigo: "Uma geração, três best-sellers"

Artigo publicado na seção "Enfoque" do jornal O LIBERAL em 28/12/2012.

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