Monstros das políticas
#1
Tentamos ligar-nos mas acabamos por desistir! É esta falta de coragem de chegar ao outro que nos destrói lentamente...... até á morte final!
Para chegar longe constroem-se estradas. Para chegar a lado nenhum constroem-se estradas que acabam no Nada. Fazemos inversão de marcha e a mesma estrada acaba no Vazio. Não há fuga possível. Inevitavelmente o carro acaba no Abismo ... o nosso carro!
Rapidamente a estrada , que tem na sua essência conduzir-nos a um destino definido ou indefinido, nos lança para um labirinto do qual não existem pontos de referência para a viagem pretendida ..... para a fuga pretendida . Ficamos eternamente no mesmo espaço - a trágica essência do nosso anunciado Purgatório.
E um dia os velhos caminhos revoltaram-se! A Nova Estrada parou ... gelada , sem vida. Os velhos caminhos, que nos transportam para a nossa humanidade, para a nossa Memória (essa espécie de Imortalidade) , que nos empurram para dentro da Terra, que nos impedem de nos atirarmos no vazio da Estrada Nova , interrompida por nos conduzir a Nada.
Cortar estradas é cortar destinos. É impedir o acesso a outros cheiros e luzes. É impedir-nos de caminhar ao longo da Imaginação e guiar-nos para o Abismo. Á nossa espera o ferro retorcido e enferrujado pelas constantes noites solitárias , em vez dos nossos melhores sonhos. Nunca como agora nos condicionaram a Viagem, mergulhando-nos em terminais de ruína onde as nossas ambições desapareceram á muito e á nossa espera unicamente se encontra aquilo que nunca sentimos. Aí ficamos sós , sem estradas de regresso.
Paulo Aranha