OS DIFERENTES ISOLAMENTOS
A relação centro-periferia em tempos de quarentena
Por Sabrina Ruela – RGM 2221102040
Em plena pandemia de Covid-19, os olhares da sociedade se voltaram para o interior das casas e da mente humana, com suas relações e sentimentos. Entender como a pandemia de coronavírus mudou a realidade ao nosso redor é um requisito básico para não entrar em pânico.
Sabendo que é preciso conhecer os diferentes olhares da população, um convite foi feito a duas capixabas para darem seus relatos pessoais sobre como o isolamento social afetou a sua rotina.
JULIANE MANGIFESTI – Serra (ES)
No início do período de isolamento, a artista plástica e professora de espanhol se sentia desmotivada. "Tinha dias em que eu nem conseguia levantar da cama", disse Juliane por celular.
Buscar a distração através de jogos de computador e RPGs virtuais, em que se realizam desafios de criação de textos e desenhos, foi uma forma que a artista encontrou de exercitar a própria criatividade.
Para não ficar sem remuneração, Juliane iniciou a venda de ilustrações (desenhos e pinturas), o que não envolve necessariamente contato entre pessoas. A maior parte dos pedidos é feita virtualmente ou por telefone, então esse investimento se mostrou uma boa opção para ela.
Segundo a entrevistada, enquanto a preocupação faz com que ela evite o exterior ao máximo, pela vizinhança, as pessoas continuam saindo constantemente sem a devida proteção.
Na avenida principal do seu bairro, apesar do uso de máscaras aumentar, o fluxo de pessoas também cresce. São poucos os estabelecimentos que cumprem as normas sanitárias e de isolamento, com entrada de clientes controlada e higienização das mãos, por exemplo.
Como conselho, Juliane pede que as pessoas tomem consciência de que o isolamento é necessário para a própria proteção e a de outras pessoas.
EDILSA NASCIMENTO – Vitória (ES)
No início do isolamento, Edilsa, microempreendedora, teve muita dificuldade em manter a renda de sua família. Quando se viu obrigada a fechar seu mercadinho, ela viu como alternativa a produção de máscaras de proteção.
O pequeno negócio de Edilsa está fechado, graças à conscientização da proprietária. Como sua mãe e outros familiares fazem parte dos grupos de risco, dar uma pausa em seu trabalho se tornou, além de uma obrigação, uma necessidade. "A gente sabe que é complicado, mas eu não quero pôr nem 'eu', nem minha família em perigo", relatou Edilsa, também por telefone.
Apesar de Vitória ser um dos epicentros de contaminação, a quarentena está sendo violada por uma grande quantidade de pessoas, que saem às ruas, sem respeitar normas como distanciamento e uso de máscaras.
Um outro problema apontado por Edilsa é que, mesmo em plena época de pandemia, a violência não diminuiu. Ao contrário, parece ter voltado a aumentar. Helicópteros sobrevoam a vizinhança o dia inteiro e o som de rojões estourando apenas encobrem o som dos tiros, mas não suas consequências.
Como conselho, Edilsa pede que as pessoas permaneçam em casa: "Ficar em isolamento é melhor para a segurança de todos, para a saúde e para a proteção não só da sua família".
As entrevistas para esta reportagem foram feitas via telefone, respeitando todas as normas do isolamento social.
Sabrina Ruela - 05 de Junho de 2020