Livro de Cabeceira 
Livro das Quarenta Folhas
Livro de Areia

“Disse-me que o seu livro se chamava O livro de areia, porque nem o livro nem a areia têm princípio ou fim. (…) 
Não pode ser, mas é. O número de páginas deste livro é exatamente infinito (…)
O canto tinha um algarismo, já não sei qual, elevado à nona potência. (…)
Não mostrei a ninguém o meu tesouro. À felicidade de possuí-lo veio somar-se o temor de que o roubassem, e depois o receio de que não fosse verdadeiramente infinito. (…)
De noite, nos escassos intervalos que a insónia me concedia, sonhava com o livro.(…)
Pensei no fogo, mas temi que a combustão de um livro infinito fosse igualmente infinita e sufocasse com fumo o planeta.
Lembrei-me de ter lido que o melhor lugar para esconder uma folha é um bosque. Antes de me aposentar, trabalhava na Biblioteca Nacional, que guarda novecentos mil livros.”
– Jorge Luis Borges, “O Livro de Areia”
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