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Quando vier a primavera

"Quando vier a primavera" é um dos poemas de Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. Em comemoração aos 105 anos de sua publicação, esta edição foi realizada artesanalmente, explorando materiais e técnicas manuais e impressas. Com diversas menções a elementos da natureza, optou-se pelo craft e a madeira de compensado na luva e nas capas. No miolo, dobras francesas evidenciam os recortes feitos à estilete seguindo a temática das estações do ano.
Quando vier a primavera,
Se eu já estiver morto, 
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na primavera passada.
A realidade não precisa de mim.

Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que minha morte não tem importância nenhuma

Se soubesse que amanhã morria
E a primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir se não no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo.
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente
Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim no meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
Quando vier a primavera
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