A montanha surge-me como um mundo concentrado. É-o no sentido mais próprio, uma vez que a terra, pisada e dobrada, aí junta mais superfície numa mesma extensão. As promessas desse universo mais denso são também mais lentas a esgotarem-se; (...) parecia-me que essa paisagem, erguida, de pé, estava viva. Em lugar de me submeter passivamente à minha contemplação, à maneira de um quarto cujos pormenores é possível apreender à distância sem nele participarmos, convidava-me a uma espécie de diálogo, durante o qual deveríamos, ela e eu, fornecer o melhor de nós próprios. O esforço físico que eu despendia ao percorrê-la era algo que eu lhe cedia e através do qual o seu ser tornava-se presente para mim. Simultaneamente rebelde e provocante, escondendo-me sempre uma metade de si própria, mas para renovar a outra pela perspectiva complementar que acompanha a ascenção ou a descida, a paisagem da montanha unia-se a mim numa espécie de dança que eu tinha o sentimento de conduzir tanto mais livremente quanto melhor tinha conseguido penetrar nas grandes verdades que a inspiravam.
slovakia mountains
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