AETAS VOLAT (livro)
Aetas volat, o tempo passa. Esta foi a pedra de toque do presente livro.
Durante uma visita guiada aos Jardins de Serralves, em face da escultura de Richard Serra, Walking is Measuring [Caminhar é medir], ao ver o desgaste resultante da passagem do tempo no aço corten, material de que é feita a escultura, surgiu a ideia de retratar a passagem do tempo e as suas marcas, no espaço de Serralves, nos jardins e na casa.
Para tal foram realizadas diversas visitas ao local. Procurou-se focar a procura de marcas do desgaste do tempo em dois universos, na natureza e na cidade – cidade essa representada pela Casa de Serralves e que remete para a presença humana.
É de notar uma predominância pela representatividade da natureza, o que sucede por dois fatores, por um lado a natureza que envolve a Casa de Serralves domina o espaço, por outro lado a presença humana, em coabitação com a natureza, é ainda muito recente para ter uma igual preponderância.
Foram selecionadas trinta e quatro imagens para compor este livro. A última imagem não foi fixada, ficando sujeita à intervenção do tempo, o que acabará por resultar numa fotografia toda em azul Prússia, sem qualquer vestígio da imagem original. Restarão assim trinta e três imagens – sendo duas delas fotogramas e não.
Foi escolhido um dia solarengo para realizar os cianótipos e foi decidido desde logo o tempo de exposição que seria dado para todas as imagens, de forma a também assim ficar patente a intervenção do tempo. As mudanças do tempo resultam em imagens com características irregulares – fotografias claramente bem expostas, fotografias sub-expostas e fotografias sobre-expostas. Tal foi assim pensado para que a passagem do tempo fosse absolutamente evidente e preponderante ao longo do presente livro.
Por fim, destacar que a última das trinta e três fotografias foi colocada ao contrário, de cabeça para baixo, representando o tempo que, por vezes, dá as suas reviravoltas, representando as vicissitudes do tempo.
