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SOLTO Corpo feminino na cidade

O presente trabalho propõe uma articulação entre conteúdos de duas disciplinas optativas do departamento de história da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, “Corpo, práticas sociais, medida do mundo” e “Arquitetura e cidade”. Parte do objetivo de estudar a relação da mulher com a cidade e como as opressões cotidianas se refletem espacialmente, no corpo e no ambiente.

A partir de leituras feitas ao longo das disciplinas, pode-se considerar que no campo da arquitetura há uma valorização da figura masculina em detrimento da feminina, seja no reconhecimento profissional, seja na questão simbólica. Desde Vitrúvio, Alberti e Filarette a forma e posição dos edifícios, da cidade, o desenho das ruas e as proporções são baseadas na imagem do homem.

Por sua vez, a mulher, restrita socialmente à escala da domesticidade, não se relaciona com a rua a partir de uma relação de pertencimento, embora esse seja o espaço possível de luta política desse grupo social, como afirma Diana Agrest em seu texto “À margem da arquitetura: corpo, lógica e sexo”. 

Para a mulher, o risco que significa estar na rua se expressa no seu corpo, na sua postura e nos seus trajetos. Tanto a cidade determina a dinâmica social, quanto, mutuamente, a estrutura social determina o ambiente. Pensando na análise feita por Vânia de Carvalho, em seu livro Gênero e Artefato, todo gesto e postura refletem construções históricas e diferenciações de gênero:

“As diferenças de gêneros não são – reiteramos – construções abstratas, imateriais (...). Se observarmos as práticas corriqueiras como o sentar-se, veremos, com mais clareza, a indissociabilidade entre os usos instrumentais, hierárquicos e sexuais. Sentar-se é um gesto socialmente significativo e, por isso mesmo, sexualmente ativo.” (CARVALHO, pg. 195)

         Interessa investigar a presença das mulheres na rua a partir dessa sutil presença material e concreta das diferenciações de gênero nos seus corpos. Isso a partir da perspectiva de que, mesmo em frente à situações de desigualdades, essas, como agentes potentes, possuem estratégias de conquistas dos espaços públicos.
SOLTO Corpo feminino na cidade
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