FELICIDADE 
A felicidade é um estado de alma em que o homem segue sua inteligência, tem sua liberdade de agir, e percebe o sentido das coisas no mundo. É estado de alma porque encontra-se no seu íntimo; e nem é temporário, porque está bem fundamentado, e nada no exterior pode afetá-lo, nem mesmo o tempo. Nada pode impedir o homem de seguir sua vontade, que é despertada pela inteligência. Essa característica de ver além da aparência- olhar com profundidade o ser- é uma das potências da alma, que o liberta, não dependendo de nada, apenas de sua própria visão. Por isso, ele tem a vantagem sobre os outros animais em alcançar o objetivo da natureza, que é favorecer o ser inteligente para que tudo tenha sentido no seu conjunto. O homem tem sua origem numa potencialidade paradoxalmente inteligente compreende tudo sem compreender a sua própria compreensão. Esse é o limite que não o deixa alcançar a essência dos seres. A inteligência busca a compreensão do ser sem compreender sua própria essência. Mas compreende, o que o faz ser excelência no mundo, o que o faz ser dominador. O ser humano diferencia-se do resto do mundo por notar a substancialidade dos seres, mesmo sem a entender. No entanto, valoriza corretamente o que não muda, em detrimento do que muda, do vulnerável. Não valoriza a aparência, que está no tempo, que pertence ao eterno mudar- o que é, mas não será. O homem entende o valor do ser, mas não o ser em si. Essa capacidade em tentar analisar o que é, e sempre será, faz da mente humana um meio de busca da realização da pessoa, diferentemente do resto dos seres vivos, mas continua nele o querer entender a essência- pensador só descansa na plenitude, na excelência, na perfeição. A vida humana tem valores especiais sem demonstrar exatamente o que é. A inteligência direciona o homem conforme sua visão lógica e coerente do mundo, escolhe o caminho segundo objetivos que superam os puramente temporais, pois realizações temporais acabam- o que a inteligência procura superar. Ela projeta e tenta alcançar seu futuro desejado. Quer um futuro com sentido, com fundamento lógico. É ela que desperta a vontade, e esta vem dela- diferentemente do desejo, puramente instintivo, que está no tempo, portanto acaba. A inteligência trás a liberdade e a motivação de vida, porque vê o sentido da vida. É ela que liberta o homem a buscar a vida conforme seu sentido. A prisão física não lhe tira a vida, porque esta não depende do tempo. Sua vida transcende o tempo e o espaço, não acaba com o corpo. A natureza é suficientemente inteligente para marcar a alma humana com a vontade do eterno. O tempo é apenas um meio de preparar a alma para o eterno. Já o meio de realização intelectual é a liberdade que se tem em superar as aparências- os instintos, os desejos da carne-, que estão presos ao tempo e ao espaço. O homem tem poder de análise, portanto se adapta a tudo, inclusive à prisão física, porque o destino da alma é buscar virtudes e se dirigir ao absoluto, e não ao material e relativo. Com suas análises entende que o ideal está no absoluto, fora do mundo. Ele não precisa da liberdade física para alcançar o ideal. O homem é o único animal que tem o poder de escolha pela análise, que é o poder racional de convicção do ideal. E conscientemente 2 sabe o que quer, e o porquê de escolher isso em detrimento daquilo. Sua livre escolha o realiza porque sua vontade, intelectual, é concretizada. Sua liberdade é a saudável ação na direção do seu sentido da vida. O que leva o animal racional a escolher algo, a querer isso e não aquilo, a desejar racionalmente, é o sentido, visto pela inteligência, do objeto da vontade. Enquanto a prisão instintiva pela sobrevivência escolhe algo pelo simples desejo condicionado, a liberdade racional, pela felicidade da inteligência, escolhe, não pela sobrevivência temporal necessariamente, mas escolhe o que tem um sentido maior do que a vida temporal. A vida, em seu sentido pleno, não está presa ao tempo e ao espaço. A vida transcende o relativo. A inteligência faz suas escolhas pela vontade de buscar o bem maior, que não é o passageiro. A inteligência quer criar, preservar, cuidar, melhorar. Ela quer o infinito, quantitativamente, e a perfeição, qualitativamente. Ela quer fantasticamente o amor objetivo ao todo. Enquanto o corpo, do mundo relativo, gera o instinto; a alma, com sua vontade, quer a metafísica, o absoluto, o amor- Deus. A alma quer preservar o ser dentro do seu contexto- o mundo- para alcançar o eterno. Enquanto o instinto quer preservar o corpo; a alma, com seu amor, quer cuidar do corpo, se possível, em seu contexto. A inteligência vê sua essência num contexto que vai além da matéria. É a alma que trás vida ao corpo. O corpo é visto racionalmente como meio e não como fim pela alma. O amor quer preservar o corpo num contexto de preservação geral, pois a inteligência percebe a importância de tudo diante de sua própria vida. O sentido da vida está conectado ao sentido de tudo, a ponto de aceitar o sacrifício, e vê-lo como necessário. Do sentido da vida, surge o amor, que a tudo quer, para que tudo seja satisfeito. O amor tem uma inteligência perfeitamente abrangente, pois tudo melhora tudo! Diante da inteligência, que tudo vê, com a liberdade que a nada se prende, e alcançando o sentido de cada ser num contexto, valoriza-se a essência de tudo, buscassem o amor que a tudo quer, encontra-se a felicidade em simplesmente ser. Este estado de alma com ampla inteligência, total liberdade de espírito e profunda visão do sentido da vida, encontra-se a felicidade, que é a total realização humana- infinito e perfeição. O homem, quando usa seu corpo, passageiro no mundo relativo, como instrumento de apoio de sua alma, permanente e eterna, depara-se com sua hegemonia diante dos seres vivos, encontra-se com sua excelência- sua felicidade em amar-, em ser um com o amor, com a vida, com a verdade, com Deus! LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, PARA SEMPRE SEJA LOUVADO! Brasília, 09 de junho de 2018. Fernando Mello
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