Um dos maiores desafios para mim é conseguir chegar às minhas memórias, perder-me nelas como me perco tanta vez por caminhos que no fim me levam a reviver histórias que achava já ter esquecido.
Agora imaginem encontrar memórias que não são minhas, não me pertencem, mas que me levam a espaços que não conheço, objetos que não me dizem muito, caminhos já percorridos por outros e que o que deles resta é só história, agora esquecida.
A primeira imagem que nos surge quando pensamos em lugares abandonados é um espaço ou edifício em ruína, destruído, vazio. Pela minha experiência, são sítios cheios, ricos em histórias. Sejam eles casas, quintas, palácios, hotéis, escondem um universo de segredo e mistério que tenho gosto de desvendar.
Partindo à descoberta, realço as casas e quintas senhoriais, as que em tempos foram habitadas por senhores nobres ou de grandes posses, e pelas suas famílias.
Assim como estas casas senhoriais, inspirei-me em pinturas do seculo XIX. Distinguem-se pela sua arquitectura, decoração, e pela capacidade de resistir ao tempo e ao vandalismo. São autênticos museus de porta aberta.
Neste projecto mostro para além do próprio espaço, também os objetos que compõem e dão vida a estes lugares esquecidos. Retrato a ideia do mistério, o não saber o que vou encontrar, aquilo que pode estar lá dentro.
Devido há falta de documentação, investigar estas casas são desafios frequentes, saber a sua história e a de quem lá vivia, muitas vezes resta-me observar e instintivamente recolher informação.
Não se trata apenas de documentar estes lugares esquecidos, deles eu procuro as suas características e personalidade, não só pela sua beleza, mas principalmente pela maneira como a luz invade e ilumina os espaços, enquanto única forma presente e viva. É uma exploração, requer investigação, enriquece a minha cultura, gera criatividade, é fonte de inspiração.