Bitten Magazine's profile

Around the world: Christmas' gastronomic traditions

   A gastronomia é uma das melhores formas de conhecer um país, pois espelha os seus valores e costumes. Em Portugal, damos especial enfoque ao tema: somos um povo de palato apurado, que gosta (muito) de comer.

   A nossa cozinha é farta e variada. No Natal, mais do que em qualquer outra época do ano, fazemos questão de o demonstrar. Dia 24 de dezembro, reunimos a família à mesa e partilhamos sorrisos, enquanto desfrutamos de uma longa ceia, que vai desde as entradas, a um ou dois pratos principais, terminando, não nas sobremesas, mas nos fritinhos natalícios, que acamam a refeição.
Como se isso não bastasse, ainda conseguimos criar um vasto leque de especialidades por região. Esta conquista disponibilizou-nos uma série de opções que, todos os anos, dão origem a rixas familiares: “mas eu não gosto de borrego”, “o bacalhau cozido é insípido, prefiro à Gomes de Sá!”, “tanta comida… parece que vais engordar um peru!”.

    Dá-nos gosto, mas também nos dá uma grandessíssima trabalheira! Primeiro, define-se o menu (depois de uma grande luta até se chegar a um consenso), a seguir vai-se às compras (ver voar mais de um terço do ordenado) e, por fim, passam-se horas entre tachos e panelas. Ora venha de lá o bacalhau com todos, o polvo cozido, a roupa-velha, o peru recheado e o cabrito assado. Venha também a doçaria: as filhós, as rabanadas, os sonhos, os coscorões, as azevias, a aletria e o arroz-doce, nunca esquecendo o bolo-rei, pois rei que é rei, tem sempre lugar no centro da mesa. Que se regue tudo com vinho e alegria e, no dia seguinte, água com gás.

   Mas português que é português gosta sempre de dar uma facadinha na tradição e de receber, com uma hospitalidade exímia, estrangeirices e modernices. Foi assim que as frutas cristalizadas foram destronadas pela Nutella, a tigelada pela pavlova e o borrego no forno por qualquer coisa confitada, que a avó não sabe o que significa, mas a cunhada acha chiquérrimo.

   A Bitten Magazine tem um nome inglês, mas como a sua essência é nacional, fomos dar a volta ao mundo e perceber, para contar a todos aqueles que gostam de viajar sem sair de casa, o que se come, nesta data, além-fronteiras.

   Na Alemanha janta-se porco, ganso, javali ou veado. “E salsichas?” - pergunta e muito bem: obviamente! Os jamaicanos são fãs de ervilhas como acompanhamento (não há cá batata a murro para ninguém) e os franceses primam pela sofisticação – Oh! Là là! Que eles servem lagosta, ostras, escargots e fois gras!

   Os americanos também são um “bom garfo” e têm receitas muito apelativas (algumas das quais já lhas “roubámos”): a tarte de abóbora, o eggnog (bebida feita com ovos, açúcar, rum e leite), os trifles de tudo e mais alguma coisa e as bolachinhas de gengibre (que dão tanto jeito para oferecer aos amigos). Em Itália, sim, serve-se massa, mas também peixe e marisco. Destaca-se o panetone, um género de pão adocicado, recheado com frutas secas. Na Rússia evita-se comer carne. Preparam-se pratos vegetarianos, que se acompanham com vodka (ou será que se acompanha a vodka com os pratos vegetarianos?!).

   O cordeiro, a paella, o peru com trufas, os docinhos de maçapão e o torrone são delícias de Espanha. O glögg (vinho quente feito com amêndoas, uvas brancas e canela) aquece a alma dos finlandeses. Na Finlândia, preparam-se pratos de nomenclatura complexa, como o lanttulaatikko (um género de puré de batata, confecionado com nabo e gengibre), e os dinamarqueses não ficam atrás com o seu risengrød, um pudim de arroz regado com molho quente de cereja.

   Entretanto, chegámos à Suécia e encontrámos mais uma série de nomes impronunciáveis. Famintos, nem desfizemos as malas e rumámos diretamente à mesa polaca, onde são servidos 12 pratos, entre os quais um creme de beterraba e carpa frita. O número simboliza riqueza, os meses do ano e os apóstolos de Cristo. Na Lituânia a tradição é similar (quem diria que, nesta viagem, encontraríamos maiores alarves do que os portugueses).

   Se for a Inglaterra, vai querer provar o “pud”, como carinhosamente apelidam o seu pudim de Natal, feito com passas, frutas cristalizadas e secas, miolo de pão, muito álcool (rum ou whisky e cerveja preta), melaço, maçã, cenoura e especiarias - só mesmo para um dia festivo, porque, além de dispendioso, tem um aspeto que deixa muito a (não) desejar.
   De regresso ao que é nosso, podemos dizer que somos aquilo que comemos: intensos e calorosos. Temos uma essência única e temperamos a vida como ninguém. Celebre-se então a época com muito amor e uma pitada extra de felicidade, para que se criem memórias e histórias, daquelas que aquecem o coração, quando relembradas.
SIGA A BITTEN NAS REDES SOCIAIS:
Around the world: Christmas' gastronomic traditions
Published:

Around the world: Christmas' gastronomic traditions

A Bitten Magazine é uma revista generalista online, criada com o intuito de fornecer aos seus leitores os melhores conteúdos, sobre diversos tema Read More

Published: