Premiação: ★ Menção Honrosa 1º Prêmio Maquinar (Chalés para turismo)

A proposta tem como premissa contribuir com o desenvolvimento da comunidade do Cumbe e resgatar as características e tradições deste povo. Para isso, buscamos produzir uma arquitetura contemporânea, porém com um traço regional, um projeto que resgate os valores culturais de uma população historicamente marginalizada.

O sistema construtivo adotado permite alternativas quanto aos materiais aplicados, conciliando o processo operativo e as técnicas locais. Essa estratégia faz com que o edifício proposto possa se adaptar ao seu contexto e dessa maneira, a flexibilidade no uso dos componentes (portas, janelas, brises, cobertura e objetos) e no agrupamento de módulos, permite que o sistema da casa seja aprimorado sempre que se criarem novas parcerias entre os proprietários, fornecedores e comunidade. 

Cada família abraçada pelo projeto possui necessidades específicas, desta forma à experiência da customização surge da possibilidade do usuário de montar e definir esses componentes. A individualidade dessas escolhas funciona como a quebra do desenvolvimento progressivo das habitações tipo, resultando em uma enorme heterogeneidade urbana. As possibilidades de implantação e agrupamentos têm como premissa, a economia, viabilidade técnica construtiva e a adaptação. Porém a construção contínua de um conjunto de módulos não exclui a expressão individual de cada casa.

A estrutura consiste em unidades aparafusadas de colunas e vigas pré-fabricadas de madeira de reflorestamento. Um dos problemas da construção em madeira tradicional é a necessidade de testar encaixes e soluções construtivas no local, o que traz problemas de fiscalização e prazos. Argumenta-se que com a pré-fabricação é possível superar este problema, baixando o custo e permitindo personalização. Para evitar problemas causados pela umidade do solo, as edificações foram levantadas; pneus reciclados e recheados de concreto servem como fundações. 

O tradicionalismo construtivo e o regionalismo do artesanato de madeira e a renda labirinto poderão ser replicados numa multiplicidade de propósitos. As vedações no sentido longitudinal das edificações seguem o método construtivo das paredes de pau-a-pique, feita de uma trama com sarrafos de madeira, cujos espaços vazios são preenchidos com terra umedecida. Já as vedações transversais (frontais e posteriores) podem ser variadas (muxarabi, palha traçada, veneziana ou ripamento de madeira, tela de palha, labirinto, etc.), seguindo a necessidade do usuário e permitindo a adequação a um número maior de simulações. Ao mesmo tempo, as vedações criam um jogo de luz e sombra associado a uma relação interior e exterior, que através de momentos permeáveis controlados estabelecendo uma vinculação urbana.

A concepção de uma arquitetura aberta possibilita diversas apropriações do espaço público e semi-público, garantindo o convívio sadio entre os moradores, aumentando os laços de vizinhança através das áreas remanescentes dos lotes e os alpendres.

A proposta global do projeto é criar uma arquitetura capaz de: conservar e atualizar o método construtivo tradicional; melhor utilizar o material natural e criar possibilidade de autoconstrução; utilizar elementos de construção transportáveis e reutilizáveis; minimizar o consumo de energia; incorporar práticas locais como o artesanato; relacionar-se com o contexto cultural local.

Materialidade e Liberdade: A liberdade criativa da construção proposta e a opção de customização dos "módulos" e suas vedações dão ao usuário o direito à individualidade. Cada habitação deve se inspirar na estética e particularidades de seus habitantes e usufruir da tradição local.

Progressão e Flexibilidade: Para além do edital proposto, o sistema estrutural permite outras tipologias, possibilidades, agrupamentos e escalas. No presente estudo, foram simulados tipos de agrupamentos, gerando diversas configurações e atendendo a múltiplas necessidades. A estratégia cria novas dinâmicas de ocupação e amplia sua usabilidade, aumentando o potencial e sustentação econômica do equipamento, tornando-o mais viável ao longo do tempo. A flexibilidade do desenho proposto contribui para o custo reduzido de possíveis reformas e engloba diversidade de usos e apropriações do espaço sem necessidade de grandes intervenções.
CHALÉS CUMBE ★
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