A Jornalista e o Médico
Era sábado e o dia estava quente. Ela nunca perdia hora  para seus compromissos e nesse dia não estava atrasada, mas estaria logo, logo e isso a irritava muito. As pessoas as quais pediu informações a ensinaram o caminho errado, fazendo-a caminhar por mais de uma hora debaixo do sol mais quente que sua cidade já havia tido naquela primavera. Enquanto mesclava andar apressado com curtas corridas, sentia a garganta arder, porém, não mais que a raiva que lhe queimava os miolos.

Uma Hora depois de estar caminhando, finalmente chegará ao seu destino. No entanto, toda a euforia de prestar o primeiro vestibular já havia ficado pelo caminho. Cruzou todo o campus da faculdade que não a cativou muito, mas ela considerou dar um desconto já que estava olhando com olhos furiosos; finalmente encontrou a sala na qual faria a prova e  sentou-se, sem olhar ao seu redor.

Ali sentada de cabeça baixa, colocava sobre a mesa canetas, lápis, borracha... e fechou os olhos para tentar se concentrar nos minutos que lhe sobrava e que não seriam suficiente nem para acalmar seus pulmões; mas foi interrompida. O toque único em seu ombro direito, não foi muito forte, mas foi o suficiente para roubar sua paz, ou pelo menos pareceu ser isso.

Um rapaz educado que queria saber qual era o curso no qual ela estaria interessada, e que embora tivesse escolhido um curso muito mais nobre que o dela, fez com que a escolha dela parecesse a melhor escolha do mundo e em poucos segundos ela estava em paz novamente. Ela Jornalismo e ele Medicina.

A prova acabou, e ela nem sabe dizer quem saiu da sala primeiro, mas acha que foi ele, e ele concorda que deva ter sido. O fato é que 30 dias depois,uma mensagem “pintou” no seu facebook. Ele queria saber se ela lembrava dele, e claro, ela se lembrou. Ele contou que havia escrito o nome dela na mão pra não esquecer, mas lavou a mão... Ela deu risada disso, mas pensou que alguém que escreve o nome de uma outra pessoa na mão, e mesmo tendo lavado se dá ao trabalho de depois de um mês procurar na lista de aprovados e então enviar um convite, teria que ser um amigo legal. Começaram ali a amizade mais legal que ela já teve com o sexo oposto.

Mas como em toda boa história tem que ter um “porém” depois de algo legal, eles também tinham um. E o porém deles chamava-se distância. Eles não moravam perto e nem se quer era na mesma cidade. Mas isso não atrapalhou.  Ela acompanhou ele durante todo o curso e nos plantões extensos dele, e da mesma forma, ele fez durante o curso dela; ouvindo todos os seus textos .

A amizade que havia sido estabelecida nas bases do facebook e instagram, foi fortalecia pelas fotos e áudios enviados por WhatsApp. E desta forma suas famílias foram apresentadas. Namorados e namoradas vieram e se foram... Trocaram também cartas e presentes em datas especiais... Até que ambos finalmente concluíram uma das muitas conversas noturnas com “amo você! “.

Anos mais tarde, o agora Doutor para sociedade, embora, fosse o Dr. dela desde o primeiro encontro no dia do vestibular, viera até sua cidade para efetuar um treinamento como médico chefe. Quando ela soube, topou na hora ir ao seu encontro mesmo tendo que faltar ao serviço..

Era um dia quente, mas não tinha muito sol. As nuvens no céu poupava a pele dela e da multidão que assistia ao treinamento em plena praça. Ela olhava atentamente todos os movimentos dele e pensou ser estranho o quanto ele parecia mais alto naquele macacão de socorrista. Ele também parecia mais magro, estava sem aparelho nos dentes e tinha o sorriso mais lindo daquele lugar. O que não havia mudado era a voz, que aliás, era o que mais conheciam um no outro.

O treinamento durou mais horas do que ela achou necessário e a ansiedade pra tê-lo alguns metros mais perto fez com que tudo parecesse ainda mais demorado. Mas, o que eram algumas horas para quem esperou anos?

Até que finalmente os aplausos e assovios da multidão que acompanhava tudo atentamente a trouxe do mundo paralelo em que ela vivia a maior parte do tempo. Ela voltou seu olhar para ele e ele logo se virou para ela. Foram alguns segundos de reconhecimento antes que seus corpos pudessem mover um mísero músculo. Pareceu que seu corpo estava em estado de alerta, que é quando poupa toda forças para te impulsionar para o alvo de maneira mais rápida. E foi exatamente isso.

Ela teve que parar  no cordão de isolamento do local, mas ele arrebentou aquilo no peito. E que peito! Foi o que ela pensou quando finalmente seu corpo encontrou o dele no abraço mais demorado da História.



Autora: Zaine Lourenço
Romance
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