Quando comecei a construir álbuns fotográficos fui-me apercebendo da semelhança entre os momentos que escolhia guardar (as viagens, os aniversários, os gatos) e os momentos que os meus pais foram guardando ao longo do tempo nos seus próprios álbuns. Guardamos instantes felizes num pequeno livro que serve de lembrete e talvez as experiências se repitam e os álbuns fotográficos sejam semelhantes precisamente por termos esse lembrete.
Por isso mesmo, a forma da memória fala sobre a relação entre as memórias que criei e as memórias dos meus pais; mas também sobre a interpretação da memória enquanto estado líquido, que flui - como água - no tempo e que se vai misturando com outras.