Conto - Corvette Azul Marinho
Dentre os inúmeros mecanismos de defesa que asseguram a preservação da vida humana, e que estão presentes desde o momento do nascimento, talvez o mais emblemático seja o medo. Não que não seja fácil compreender uma sirene com luzes vermelhas indicando perigo de forma constante em momentos de ameaça, mas quais são as chaves responsáveis por acionar tal mecanismo? É muito comum encontrar pessoas com medo de altura, ou de altas velocidades, ou até mesmo como no meu caso, da água. Não exatamente do líquido em si, mas sim de senti-lo entrando em meus pulmões e me trancando a respiração, por nunca ter sido capaz de controlar minha respiração estando debaixo dela.
Entretanto, sempre tive uma enorme inquietação e curiosidade por compreender qual a razão de algumas pessoas perderem completamente seus reflexos e ações mediante uma situação de medo real. Se em tese, o medo se trata de um mecanismo de defesa, não devia ele levar a alguma ação instantânea, independente do caso ou de quem o sente? Ou será isso justamente uma jogada estratégica para evitar que em uma situação de desespero, tomemos qualquer decisão que leve à autodestruição sem nem mesmo pensar?
Teria nosso cérebro capacidade suficiente para explorar tais táticas em momentos de extrema tensão? Por vezes ouvimos dizer que não utilizamos nem mesmo metade de nossa massa encefálica. Seria isso uma porta de entrada, ainda que momentânea, para a outra metade totalmente inexplorada e que justamente por esta razão, naquele momento nos priva o corpo de qualquer movimento pela simples contemplação desta parte que nunca ousamos explorar?
Se assim fosse, talvez eu lhe tivesse a capacidade de explicar que poderia ter sido este o motivo do infortúnio do homem que vi. Totalmente fixado, parado, reflexivo e sem expressão, enquanto perdia o controle de seu Corvette azul marinho que despencava de cima da ponte e ia em direção às águas do rio logo abaixo. Ao lembrar-me de tal cena, já não era capaz de apresentar a mínima compreensão do motivo de meu medo d'água, que à mim parecia muito mais com um Frankenstein. Um monstro criado por mim mesmo, e ao qual não era capaz de controlar.
Foi neste momento que meus pensamentos pesaram e pareciam doer-me. Senti a pressão gigantesca no peito e um sobressalto, que tirou-me de minhas reflexões. À minha volta já não era mais possível a visão clara através dos vidros. Tentei me mexer, mas os movimentos eram pesados, e estranhamente me faltavam forças para tal. O líquido desceu pela minha traqueia e preencheu meus pulmões com água gélida e enlameada. Meu cérebro se apagou.
Entretanto, sempre tive uma enorme inquietação e curiosidade por compreender qual a razão de algumas pessoas perderem completamente seus reflexos e ações mediante uma situação de medo real. Se em tese, o medo se trata de um mecanismo de defesa, não devia ele levar a alguma ação instantânea, independente do caso ou de quem o sente? Ou será isso justamente uma jogada estratégica para evitar que em uma situação de desespero, tomemos qualquer decisão que leve à autodestruição sem nem mesmo pensar?
Teria nosso cérebro capacidade suficiente para explorar tais táticas em momentos de extrema tensão? Por vezes ouvimos dizer que não utilizamos nem mesmo metade de nossa massa encefálica. Seria isso uma porta de entrada, ainda que momentânea, para a outra metade totalmente inexplorada e que justamente por esta razão, naquele momento nos priva o corpo de qualquer movimento pela simples contemplação desta parte que nunca ousamos explorar?
Se assim fosse, talvez eu lhe tivesse a capacidade de explicar que poderia ter sido este o motivo do infortúnio do homem que vi. Totalmente fixado, parado, reflexivo e sem expressão, enquanto perdia o controle de seu Corvette azul marinho que despencava de cima da ponte e ia em direção às águas do rio logo abaixo. Ao lembrar-me de tal cena, já não era capaz de apresentar a mínima compreensão do motivo de meu medo d'água, que à mim parecia muito mais com um Frankenstein. Um monstro criado por mim mesmo, e ao qual não era capaz de controlar.
Foi neste momento que meus pensamentos pesaram e pareciam doer-me. Senti a pressão gigantesca no peito e um sobressalto, que tirou-me de minhas reflexões. À minha volta já não era mais possível a visão clara através dos vidros. Tentei me mexer, mas os movimentos eram pesados, e estranhamente me faltavam forças para tal. O líquido desceu pela minha traqueia e preencheu meus pulmões com água gélida e enlameada. Meu cérebro se apagou.