Tribos
Fotocriação - Comunicação Visual Design | 2017.2 - UFRJ
Professor Jofre
Trabalho realizado Haydée Lima e Luana Carolina

Memorial de ensaio

Ao escolhermos seguir os conceitos da produção fotográfica de August Sander como fundamentos de significado para nosso projeto, trouxemos a ideia de estereótipo tão trabalhada por Sander para os tempos atuais. O que ele retratou na Alemanha da década de 1920, de cunho e crítica social, de ressaltar a essência de grupos anteriormente nunca representados, e “rotular” essas classes por seus uniformes e vestuários de trabalho, procuramos explorar a principal estereotipação das gerações entre 70 e 90: as “tribos urbanas”. O conceito criado pelo sociólogo francês Michel Maffesoli, em 1985, já é hoje desconstruído pela geração Z, que traz suas problemáticas à tona e visa uma homogeneização no gender da sociedade, enquanto luta entre os valores do indivíduo versus coletivo que perseguem a todos nós.

Nesse contexto, quase como espectadores de um grande filme, fazendo parte e analisando essa realidade tão filosófica da humanidade, desenvolvemos o conceito do ensaio: o corpo como arquétipo de uma sociedade que se veste de suas ideias. A identificação e adaptação de um indivíduo a um coletivo (representado pela tribo) por meio de sua imagem. Trazer a reflexão sobre o quanto da subjetividade de cada um é valorizada ou perdida quando se está inserido em um ambiente em que todos se vestem, andam ou falam de uma mesma forma para se sentirem parte de algo maior. Como a expressão da subjetividade é motivada ou oprimida quando se estabelece que ao estar em sociedade, deve-se se rotular para pertencer. Qual o seu nome antes de ser nerd, gótico, hipster ou fitness? Nos encontramos em uma tribo ao apagarmos o que nos diferencia ou a abstração das diferenças nos fortalecem em um grupo como “um”?

Em duplas de fotografias de 2 pessoas diferentes (nós mesmas), vestindo o mesmo adereço que caracteriza determinada tribo, trazemos todas essas questões, provocando o espectador, ao contrastar a singularidade dos traços únicos de cada uma como ser humano em essência, com uma identificação uniforme que busca igualar de alguma forma os integrantes daquele grupo à essência daquele grupo apenas.  A estereotipagem de Sander buscava a visibilidade dos alemães trabalhadores, sua catalogação, no entanto, pode ter um entendimento subverso. Essa subversão é o que abrangemos com este projeto: o que seria os acessórios que fazem os seres humanos, o que os classificam em cidades grandes. As tribos urbanas é o resultado da procura de todos por um significado, um sentimento de pertencimento. Esse pertencimento pode não fazer parte somente de um objeto, mas o torna a vitrine para uma sociedade de conceitos pré formulados.
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