POÉTICAS DE UM MAPA
Poéticas de um mapa é um trabalho de site-specific acerca dos espaços pop up - esplanadas - da vila de Ponte de Lima
em resposta à LETHES ART 2017 - Mostra internacional de Arte Contemporânea (1 - 30 set.2017).
Para o diálogo entre espaço, corpo e desenho foi tomado como ponto de partida o roteiro expositivo disponibilizado pela organização. Definido o mapa fez-se o levantamento geográfico e preceptivo destas estruturas temporárias – esplanadas - durante os dias 10, 11 e 15 de junho num total de 17 horas, passadas a caminhar, fotografar e desenhar.
Neste projeto procura-se usar o desenho como documentação destes espaços pop up numa atitude de artista/etnógrafo onde se explora uma antropologia do espaço. Através da qual se pretendeu investigar pelo desenho estes lugares radicantes numa relação de teatralidade (hiperdesenho) com o espaço do espectador.
No contexto da prática
O projeto aqui apresentado, surge no seguimento de pesquisas anteriores dedicados ao estudo do desenho na sua relação com o espaço através da mobilidade do corpo (“Inframinces, 2011”, “Off the line, 2012”, “Projeto de Desenho (2011-2012)”, “(Des)Desenhar o lugar: Espaço, movimento e desenho, 2013”)
Atualmente a prática artística tem sido motivada pela exploração das potencialidades das arquiteturas descaráveis da cidade. É enquanto espécie de espaço — suscitado pela leitura de Perec (2001) — que se enquadram as arquiteturas descartáveis. Espaços pop up com duração muito limitada, que reagem aos acontecimentos (vedações, barricadas, feiras, palcos, acampamentos). Da prática artística surgem os termos “throw-away architecture” (Kaprow,1966) e “pontential architecture”(L.+ Orta, 2013), que demonstram a preocupação dos artistas em perceber de que forma a arte aborda o sentido passageiro destas estruturas.
A condição descartável destes espaços advém da relação com o que neles sucede. São os eventos que os definem e condicionam, não apenas como função no tecido social, mas também percetivamente. A estrutura e a forma como marcam a identidade dos lugares é condicionada pela sua condição passageira. Deseja-se, neste sentido, investigar as relações que no desenho se podem estabelecer com estes espaços, enquanto mediador das suas caraterísticas fenomenológicas, instrumento de pensamento, comunicação e experimentação.
De um espaço pop up a um hiperdesenho, pretende-se explorar realidades alternativas no sentido de afirmar o desenho por via da materialização do gesto no espaço na sua relação com o movimento e notações corporais. Assim, não só se promove um vínculo da obra com o espaço, como também se possibilita o envolvimento do espectador na obra.
Descrição da obra:
POÉTICAS DE UM MAPA, Carvão s/ papel cenário, 350 cm x 200 cm (espaço total ocupado por conjunto de 5 peças de dimensões variadas), junho 2017
