Proposta para o 10º Concurso CBCA para Estudantes de Arquitetura - 2017.
Equipe formada por: Camille Lima, Érika Marinho, Joseanne Cordeiro e Marcela Soares.
A partir da análise dos bairros da Região Metropolitana da cidade de Recife/PE, suas carências e o contexto no qual deve ser inserido o programa do concurso, foi escolhida como locação a Ilha de Deus, uma comunidade autossuficiente localizada no coração do Parque dos Manguezais, a maior área de mangue natural em meio urbano do Recife. Pelo Plano Diretor da cidade, é considerada uma Zona Especial de Interesse Social (ZEIS), isto é: uma área de assentamentos habitacionais de população de baixa renda, surgida espontaneamente, passível de urbanização, regularização fundiária e construção de habitação social.
A Ilha de Deus se conecta à parte continental do bairro da Imbiribeira por meio de uma estreita ponte, com cerca de 215m de extensão, sendo habitada por uma população humilde e acolhedora, formada por pescadores e artesãos que tiram seu sustento da própria Ilha, a partir de viveiros de peixes e crustáceos que repousam em meio a uma área de alagado, no encontro dos rios Tejipió, Jordão e Pina. E é da vida ribeirinha que tiramos nossa maior inspiração. O projeto foi situado num terreno central, onde era localizada a creche que existia antes do projeto de urbanização, e que fora demolida para uma “reconstrução melhorada”, mas nunca fora de fato construída.
Ocupando um lote de 828,45m², o projeto buscou se relacionar ao seu entorno de duas maneiras: espacial e formalmente. Na espacialidade, foram concebidas salas de aula reversíveis, com ambientes fluidos, que podem se estender tanto para o pátio interno e o solário, quanto entre si. Assim, quando sua atividade principal não estiver sendo desenvolvida, o espaço pode ser utilizado também pelo Centro Comunitário do local.
Em relação à forma, buscou-se um diálogo entre construção e natureza. Entre as cores que fazem parte das placas metálicas móveis acopladas na malha de composição da fachada (remetendo à rede dos pescadores), por exemplo, o verde é proveniente da vegetação, o azul das águas, e os tons rubros e brancos fazem referência à fauna que habita o manguezal.
Para compor o volume, levou-se em consideração as construções preexistentes da região. Assim, a resolução se desenvolve inteiramente no pavimento térreo, com a coberta independente ao prédio, num meio termo entre as alturas do entorno.
O jardim de infância é composto por três salas de aula localizadas ao longo da fachada norte, definidas a partir das idades cognitivas e separadas por divisórias móveis articuladas, que permitem sua integração. Assim, tornou-se mais restrito o acesso ao berçário(localizado na parte sul do terreno e resguardado em relação ao eixo principal da Ilha). A administração, por outro lado, ocupa a porção oeste do lote, conectando-se ao pátio interno e aos demais blocos.
A própria estrutura foi pensada a partir da compreensão do entorno, onde a figura do pilar-árvore, usado na sustentação da coberta, faz referência às raízes pneumatóforas das espécies arbóreas que constituem o ecossistema circundante do lugar.
Foram utilizados também pilares de perfis tubulares, modulados em 8x6m e 6x6m, configurando assim grandes vãos que puderam ser explorados na setorização do espaço, constituído a partir de três blocos: o do jardim de infância, o berçário e o administrativo, conectados por meio de um pátio interno.
