PARLA Quinta Mostra de Design de Personagens 2017
2º Lugar
Maria de Fátima, de Susana Miguel
Nos anos 50/60 do século XX, Portimão foi um dos mais importantes pólos industriais da produção de conservas de peixe do país. Surgem desde a antiguidade, os processos de transformação e conservação pelo sal da riqueza piscícola das suas águas e mais tarde, no século XX, uma importante indústria piscatória e conserveira que ocupou as margens do Arade. Atualmente, a indústria conserveira caiu em desuso, restando na cidade de Portimão, uma fábrica que ganhou nova vida na forma de um museu.
Maria de Fátima era uma das operárias da antiga fábrica de conservas de peixe “São Francisco”, localizada na lota da zona ribeirinha da cidade, lugar central de chegada, venda e distribuição do pescado, passando pelo processo de fabrico, embalagem e promoção das conservas. Ao som dos apitos a vapor e forte apelo das sirenes das fábricas, os operários eram chamados, destacando o esforço no trabalho e pelo deslocamento que realizavam a pé entre a casa e o trabalho.
Mulher na casa dos quarenta, trabalhando na confusão de sons, cheiros e cores monocromáticas, juntamente com mais dezenas de pessoas que partilhavam a sua idade, a sua história de vida e o seu fado. Um dia inteiro de trabalho, para levar para casa um punhado de trocos para ajudar a sustentar a sua família. Tinha já três filhos, um deles retratado na forma de uma sardinha em lata, que ela cuidava junto ao peito durante as longas e demoradas horas de trabalho que tinha pela frente.
