Ainda hoje, a morte é, por vezes, vista como um mistério incompreensível ou como um absurdo inaceitável. Embora tratada como um tabu no mundo ocidental, assunto do qual a maioria das pessoas não gosta de falar, aceitemos isso ou não, a morte é um facto.  Não obstante, costuma ser ocultada das crianças e banida das conversas quotidianas. Tudo aquilo que possa lembrá-la – a enfermidade, a velhice, a decadência – é evitado. Os doentes morrem no hospital, longe dos olhos – e, não raro, do coração – dos amigos e familiares. E os rituais de luto são cada vez mais rápidos e pragmáticos.

É aqui que nos fazemos valer daqueles, raros cidadãos, que aprenderam a lidar com a morte de frente, trabalhando lado a lado com ela todos os dias, para descanso e isolamento emocional dos demais. As agências funerárias vieram facilitar-nos a vida. E naquele mês de Novembro percebi que não foi excepção.
Assim a presente narrativa fotográfica teve como objectivo documentar o trabalho desses mesmos profissionais que se ocupam de tratar das consequências da morte dos outros, fazendo deste tema tabu uma realidade diária, uma rotina. E tentar perceber quais as fases que se seguem assim que nós fechamos os olhos, quer à vida, quer à necessidade de lidar com o problema.

Porque por mais que queiramos nos esconder dela, deixar de existir é uma coisa tão natural quanto existir. E a beleza das coisas reside, muitas vezes, na própria percepção da sua impermanência.
Morte
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Morte

Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Fotojornalismo | IPF, Porto | Ano lectivo 2015-2016

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