Resenha Crítica do documentário “ Cidadão Boilesen – Um dos empresários que financiou a tortura no Brasil”
Por Daniela Silva Santos

No ano de 1964, teve início no Brasil a ditadura militar (1964 – 1985), este período foi marcado pela repressão constante que os cidadãos viveram, alem de outros aspectos como a tortura, a censura dos meios de comunicação e os atos institucionais.
Como o AI-5, o mais conhecido pois possibilitava que o poder legislativo fosse fechado, fora a suspensão de direitos políticos, a intervenção do governo federal nos Estados e municípios, entre outros.
Conhecida como revolução de 64 e também golpe militar, ela só teve início depois do afastamento do presidente da república da época, João Goulart. No princípio, o regime era de caráter provisório, apenas para conter a corrupção e o avanço do comunismo, mas o que era para ser algo rápido se tornou um governo de mais de duas décadas, onde apenas os marechais e coronéis do exército se tornaram os presidentes do Brasil.
O documentário Cidadão Boilesen, produzido pelo Chaim Litewski em 2009, relata a vida de Albert Henning Boilesen, um empresário dinamarquês nacionalizado brasileiro. Ele foi um importante executivo do grupo Ultra, e também foi presidente da Ultragaz.
Durante todo o longa é contada a história deste importante empresário, mas em meio a revolução de 64, que aconteceu no Brasil todo, só que o foco, neste caso, é em São Paulo onde Boilesen atuou mais fervorosamente.  

Fica claro que muitos empresários, não só Henning Boilesen, atuaram bem mais do que os livros de história nos contam. Por isso, alguns historiadores chamam a ditaduram brasileira de civil-militar. Isso, porque depois que os assaltos e seqüestros se tornam mais freqüentes o policiamento militar já não dava mais conta de proteger toda a população. Assim os militares usufruíram do medo que os empresários tinham do Brasil se tornar um país comunista, fazendo com que eles investissem seu dinheiro na Operação Bandeirante.
Então, quem detinha o poder de dar ordens e influenciar a vida dos outros , eram não só os militares mas também os empresários, pois tudo era feito com o dinheiro deles.
Em São Paulo, no ano de 1969, criaram a Operação Bandeirante, também conhecida como OBAN, por uma necessidade militar, uma vez que precisavam de um órgão que pudesse lutar contra as forças militantes de esquerda que vinham causando um grande desconforto para os militares e empresários da época.
A OBAN, na verdade, era um centro de tortura, interrogatório, de captura e de luta contra aqueles que estavam contrários à ditadura militar. Ou seja, nada mais que um núcleo central da repressão, que só foi possível devido a colaboração financeira de grandes empresários e empresas, como a Ultragaz, a Ford e a General Motors (GM).
Henning Boilesen, por ser presidente da Ultragaz teve envolvimento direto com os recursos para a Operação Bandeirante, era ele quem fazia o intermédio entre os militares e os empresários.  Alguns dos militantes torturados até confirmaram a presença de um estrangeiro durante as sessões, ele ficava lá assistia tudo e algumas vezes até torturava as pessoas.
Foi assim, que os esquerdistas passaram a prestar mais atenção nas ações e atitudes do empresário Henning Boilesen diante a OBAN, especialmente, depois que alguns militantes foram torturados com um instrumento chamado de “Pianola Boilesen”, que historiados acreditam que foi trazidas para o Brasil pelo próprio Boilesen.
Na época ações de justiçamento eram comuns, sendo assim, não é difícil acreditar que a morte dele mesmo tenha sido, pois serviu como um alerta para os demais empresários do período, uma vez que ele serviu de exemplo. Ele também foi o principal financiador da tortura, tinha muita influência na Operação Bandeirante, e de certo modo, a morte de Henning Boilesen facilitaria a ação dos comunistas no Brasil.
De um modo geral, o documentário “ Cidadão Boilesen – Um dos empresários que financiou a tortura no Brasil” é muito completo com dados e fatos que , obviamente, foram bem apurados, mas, ao mesmo tempo, é meio inconcebível ver que o filho do Henning Boilesen, não consegue acreditar e assimilar que o próprio pai tinha duas personalidades tão distintas e que fosse malvado e um torturador, porque eles sempre conviveram juntos como pai e filho.
Em minha opinião é bem interessante que o autor do longa, colocou ex – militantes , ex – militares , jornalistas e todo tipo de pessoa que teve um grande ou pequeno contato com a Operação Bandeirante e com Henning Boilesen, e também ver como todos eles falam sobre o assunto sem pudor nenhum, expondo exatamente aquilo que eles pensam sobre o assunto.
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