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Mineirão: campo de futebol é refúgio para torcedores

Mineirão: campo de futebol é refúgio para torcedores

Ana Carolina Reis – David Santos – Luana Aparecida - Noemia Silva – Tuany Nathany

Aconteceu ano passado, ele foi o estádio mais importante do país. De um lado havia o Atlético Mineiro que comemorava mais um título naquele gramado, o time alvinegro foi campeão da Copa do Brasil. Do outro, havia o Cruzeiro que se consagrava líder do Campeonato Brasileiro. É assim, recheado de histórias e recordações que o Mineirão completou meio século de vida este ano e mesmo com derrotas impossíveis de compreender, como o vexame histórico entre a seleção brasileira e a alemã na Copa do Mundo, o estádio continua sendo um lugar para criar memórias e compartilhar experiências.
Foram 6 anos de obras até o gigante da Pampulha ser inaugurado em 1965 com um jogo entre a seleção mineira e o argentino River Plate. Rivelle Nunes, assessor de comunicação do Mineirão, ressaltou que a ajuda dos jornalistas foi fundamental para a construção do estádio. “Eles pediam por um lugar maior, na época tinha o Independência, mas que não comportava tantos torcedores”, conta. Ele ainda explicou que a ideia da construção surgiu para que a capital tivesse um estádio que se equiparasse com os outros do país.
Além disso, o futebol mineiro pode ser dividido antes e depois da abertura do estádio. “É nítido o quanto ele cresceu depois da inauguração do Mineirão, na década de 60 até meados de 90, a maior arrecadação dos clubes vinha da bilheteria, então os times mineiros não podiam continuar a jogar no Independência”, afirma Rivelle. Mas falar desse estádio é pensar muito além do futebol, como destaca o coordenador do museu, Thiago Costa, é pensar num lugar de pertencimento e infinitas histórias.

Preservando a história
Capital de Minas Gerais, Belo Horizonte apesar de não ser uma cidade histórica, possui mais de 70 museus, sendo um grande berço da cultura mineira. No entanto, quem pensa que eles estão situados apenas ao entorno da Praça da Liberdade, se engana. Um exemplo é o Museu Brasileiro do Futebol (MBF), localizado no Estádio Governador Magalhães Pinto, vulgo Mineirão, que objetiva preservar e difundir a memória do futebol mineiro.
De acordo com o coordenador e curador do MBF, Thiago Costa, muitos frequentadores de museus têm preconceito com o futebol, acreditando que seja a bestialização do povo. “Tentamos, assim, desconstruir essa visão, mostrando que não tem de chamar o cruzeirense de ‘maria’, nem o atlético de ‘frangada’ e que o negro, a mulher e o homossexual têm espaço no futebol. Temas caros dentro do esporte e na sociedade brasileira”.
O acervo do museu aborda o início do futebol em BH, a construção do Mineirão e a luta dos cronistas esportivos de tirar o futebol de uma visão provinciana. Segundo o coordenador, o Museu reconstrói e reflete sobre a história do futebol. “Para nós o MBF não é um lugar de resposta e, sim, de pensar e problematizar. Então, a ideia é trazer informações sobre o futebol mineiro e recebê-las”. 

Sustentabilidade
O Mineirão foi o primeiro estádio brasileiro e o segundo do mundo a conquistar o selo Platinum, maior nível de certificação internacional em sustentabilidade, Leedership in Energy and Environmental Design (LEED), concedida pela norte-americana Green Building Council Institute (GBCI), em julho de 2014.
As adaptações começaram em janeiro de 2010 durante o período de reforma para a Copa do Mundo. Foram implantados lava rodas para limpeza dos caminhões na saída das obras para evitar sujeira nas vias públicas. Outro exemplo foi o reaproveitamento de 90% dos resíduos gerados com a reforma do estádio, como o concreto, a terra e a sucata metálica.
Cerca de 55 mil cadeiras antigas foram doadas a outros espaços esportivos. O reservatório com capacidade para cinco milhões de litros de água de chuva é reutilizado em serviços de manutenção, como irrigação do campo e mictórios.
Além disso, uma usina fotovoltaica foi instalada na cobertura do estádio, capaz de captar energia solar e transformá-la em energia elétrica suficiente para 1.200 residências de médio porte. A iluminação do estádio também é pensada de forma sustentável, uma das características é a alta eficiência e o baixo consumo, com sistema elétrico inteligente.

Minas Arena: a nova era do Mineirão
A relação entre o Mineirão e a Minas Arena começou com a escolha das sedes da copa do mundo de 2014. Belo Horizonte foi selecionada para receber seis dos 64 jogos realizados em 12 cidades sede.  A necessidade de reformar o estádio  para atender às exigências da FIFA  levou o governo de Minas a optar por uma Parceria Público Privada (PPP).  Após vencer o processo de licitação, a Minas arena assinou, em 21 de dezembro de 2010, o contrato com o governo do estado para administrar o complexo do Mineirão por 25 anos. A administradora investiu R$ 695 milhões na reforma, adequação e modernização do estádio. Em contrapartida, poderá explorar os espaços multiuso da arena por 25 anos.
Rivelle Nunes, assessor de imprensa da Minas Arena, revela que uma das preocupações da nova administração é cuidar da identidade do estádio para que o torcedor se sinta em casa. Para ele, o espaço não deixou de ser, após a Copa do Mundo, ambiente familiar, de diversão, e principalmente, de contemplação do futebol. “O Mineirão é o Mineirão, não importa quem está administrando. Ele é um estádio do estado, que pertence aos mineiros. Por mais que tenhamos orgulho em administrá-lo pelos próximos 20 anos, ele será sempre a casa do futebol e do torcedor mineiro”, disse. Ainda segundo o jornalista, as redes sociais do Mineirão estão sendo trabalhadas para  reforçar essa identidade.

Estádios de Minas podem comercializar bebidas alcoólicas                    
A Lei 21.737/2015 que permite a volta da comercialização e o consumo de bebidas alcoólicas nos estádios, sancionada pelo governador Fernando Pimentel, está em vigor desde agosto. Desde então, torcedores voltaram a ingerir bebidas alcoólicas sem problemas nos arredores dos estádios e nos locais permitidos.
O projeto de lei, de autoria do deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT), definiu que a comercialização e o consumo só poderão ser feitos desde a abertura dos portões para acesso do público até o final do intervalo do primeiro para o segundo tempo. Outro ponto ressaltado é que caberá como função dos gestores definirem os locais para tais ações, sendo proibida nas arquibancadas e cadeiras.
Aqueles que descumprirem as novas regras serão penalizados e o valor da multa pode fazer “doer” o bolso do infrator. De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, se a infração for cometida por um consumidor o valor é R$1.361,45, já para os fornecedores o prejuízo é de R$13.614,50.
Para o empresário Reginaldo Cândido (42), que frequenta os estádios de Minas Gerais há pelo menos 20 anos, o consumo de bebidas não é responsável pela violência, apesar de existir muitos torcedores exaltados em razão do efeito do álcool. “Muitos marginais, revestidos de torcedores arquitetam suas ações de violência, antes mesmo de entrarem nos estádios”, lamentou.
Já o publicitário Christiano Correia (27), apaixonado pelo Cruzeiro acredita que mesmo com a venda realizada de forma controlada, a sociedade brasileira já deu inúmeras amostras de que não conseguem se comportar com a ingestão de bebidas alcoólicas. “Nunca me envolvi com confusões, mas em duas ocasiões saí com o olhar bem negativo do esporte. Em uma delas tomei uma latada de cerveja na testa”, disse.
Outros fatores também estão relacionados com o consumo das bebidas nos estádios e precisam ser constantemente discutidos, como o meio de transporte utilizado, já que os torcedores podem cometer infração, caso dirijam após ingerir bebida alcoólica.


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