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Vídeo História Bem Contada
T E X T O  &  I M A G E N S  P E D R O  B O T T O N


HISTÓRIA BEM CONTADA foi um projeto de uma série audiovisual sobre as linguagens de representação das ideias, cujas animações eu elaborei. Este projeto foi realizado em parceria com Ricardo Van Steen, da Tempo Design.
I N Í C I O


A ideia para o projeto partiu do convite que uma grande empresa fez a Ricardo Van Steen, meu chefe na época em que eu trabalhava na Tempo Design, para que ele elaborasse uma oficina de representação gráfica com os seus funcionários.

Por conta de sua grande experiência com vídeo, cinema e televisão, Van Steen viu nessa oficina a possibilidade de registrar e transformá-la em uma série televisiva, uma espécie de reality show sobre práticas de arte e design gráfico, abordando, em forma de série, uma técnica de representação por episódio. Para o projeto, convidou o ator Raphael Raposo, parceiro de outros trabalhos, para ser apresentador e produtor do programa.
I D E N T I D A D E


Após Ricardo conceber o nome História Bem Contada, elaborei rapidamente uma identidade visual buscando remeter a simplicidade, rigor estético e discurso visual. A marca consiste em um balão de fala, daqueles utilizados nas histórias em quadrinhos, estilizado de forma a caber em um grid simples e com o nome do projeto escrito em Helvetica Neue, fonte que representa tanto o apuro estético quanto a banalidade visual, funcionando quase como um símbolo do próprio design gráfico de suporte ao conteúdo.
D I A G R A M A


Um elemento presente ostensivamente durante toda essa criação — e basicamente em todos os meus projetos — é o diagrama que indica os alinhamentos e as proporções do que vai para a tela. Nesse caso, como o suporte era a resolução em alta definição padrão (1920x1080 pixels), trabalhei com dois diagramas complementares: um mais detalhado, de 120 pixels subdividido em 6 partes, gerando uma retícula de 20 pixels; e outro, maior e mais relacionado às proporções, que divide a tela em 4 partes horizontalmente, e em 6 partes verticalmente, criando uma estrutura em que a menor parte tem 480x180 pixels.

Estes dois diagramas foram fundamentais durante o processo das animações, pois já resolvia várias questões de composição de antemão, e mais ainda quando fui editar o vídeo, que apresenta várias vinhetas em sequência. O respeito incondicional aos grids garantiu uma integração fluida e coerente entre as partes.
C O R E S


A escolha de cores é um dos momentos mais delicados de todo meu processo de trabalho. A decisão arbitrária, sem embasamento, me parece idiossincrática demais, e por isso acabo seguindo dois caminhos: ou uso cores puras (quando não apenas preto); ou empresto essa decisão de outros processos. Neste projeto optei pelo último, e o resultado, na minha opinião, foi bastante feliz.

Antes mesmo de ter segurança de como elaboraria as animações para a série, sabia que invariavelmente elas passariam pelo programa de criação digital Adobe Illustrator. Assim, busquei no seu próprio funcionamento padrão a paleta de cores que utilizaria.

Ao se criar uma nova camada, ou layer, o programa automaticamente cria uma cor diferente, para facilitar a distinção entre elas durante trabalho, e essas foram as cores que utilizei durante todo o projeto, com raras exceções. São elas, pelo nome que o próprio Illustrator as chama: Light Blue, Light Red, Green, Medium Blue, Magenta, Cyan, Yellow, Light Gray e Black. Também tentei utilizá-las nessa hierarquia de importância, priorizando Light Blue, depois a Light Red, e assim por diante.

Outras cores que aparecem bastante durante o projeto são tonalidades que surgem da sobreposição das cores originais das diversas maneiras que o programa nos oferece, como multiplicações, clareamentos, negativações etc.
A N I M A Ç Õ E S


Não sou animador de ofício, portanto, realizar as vinhetas animadas do programa História Bem Contada foi também um desafio técnico.

No entanto, pelo fato de a oficina ser baseada essencialmente na criação estética, imaginei que o processo criativo e técnico de um designer, no caso eu, teria uma relação semântica com o projeto. Assim, elaborei este método de animação que consiste simplesmente em gravar minha tela enquanto crio, ou melhor: simulo que crio a arte final da vinheta que ilustra o assunto da vez.

Simulação, claro, pois obviamente a criação se dá de forma muito menos linear do que exigiria uma animação curta. Portanto, após definir qual seria a arte final da vinheta, eu preparava meu arquivo de forma que os elementos aparecessem na tela de maneira sintética e ordenada.
E X E R C Í C I O


Abaixo mostro um dos resultados da oficina realizada. No caso, o assunto era infografia e foi pedido aos participantes que eles elaborassem um infográfico sobre a relação entre logos e mythos. 

Após um rascunho inicial de um dos participantes, Ricardo, professor da oficina, pediu que eu consolidasse o esboço a fim de mostrar aos participantes que, mesmo que eles não saíssem da oficina controlando os meios de produção de um infográfico profissional, era totalmente possível que eles já dessem a direção e passassem para um designer dar a “cara” final da arte.

Apresento-o aqui mais porque acho que o resultado ficou bom, e não teria outra circunstância para apresentá-lo. Infelizmente não possuo o risco inicial, mas era algo parecido com um wireframe apenas indicando os conteúdos e sua posição na “página”.
S I M B O L O G I A


No final das contas, meu trabalho era tentar simbolizar de maneira sucinta uma palavra ou expressão através de uma animação simples. Para isto, existem alguns caminhos. Cito alguns: o literal (logotipo alimentos: uma maçã); o banal (infografia: gráfico de pizza); o simbólico (curadoria: uma seleção e organização de cores); a referência (autorretrato político: Ai Wei Wei). Nesses dois últimos é que a parceria com Ricardo Van Steen se deu de forma mais prolífica.

A realização prática e estética das animações cabia quase exclusivamente a mim, no entanto a etapa de conceituação dessas vinhetas surgia de uma boa troca de ideias entre nós dois. Com um amplo conhecimento no campo das artes plásticas e aplicadas, o Ricardo conseguia indicar a referência certa para cada situação, o que fica claro no trecho sobre os autorretratos, cujos símbolos passeiam entre Claude Cahun, Cindy Sherman, Egon Schiele e Chuck Close.
E X I B I Ç Ã O


Por conta de alguns contratempos burocráticos, o programa finalizado acabou não sendo veiculado, mesmo a oficina tendo ocorrido e as gravações terem sido feitas e editadas ostensiva e atenciosamente.

No entanto, para mim ele foi um exercício quase que terapêutico pelo fato de poder trabalhar com elementos estéticos das minhas ferramentas de criação e exibi-los — diagramas, cores de layers, vetores, sobreposições, linhas-guias de textos, o próprio cursor do mouse — de forma discursiva, isto é, transformando a estrutura em expressão e o processo em resultado.
F I C H A  T É C N I C A


DIREÇÃO RICARDO VAN STEEN   PRODUÇÃO RAPHAEL RAPOSO   DESIGN PEDRO BOTTON   EQUIPE DO PROGRAMA CAIO CARDENUTO, RAPHAEL FREIRE & IHON YADOYA  MÚSICA BADBADNOTGOOD – AND THAT, TOO​​​​​​​   FONTE HELVETICA NEUE   ANO 2015
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