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Ampliação Atlântico

07.05.2016
O princípio de projeto foi construído em função da linha critica adotada que parte do pressuposto de que a arquitetura tem uma função social a cumprir, essa abordagem critica reivindica a necessidade de se fazer uma revisão do modelo de renovação urbana em vigor, que corrompe a função social da arquitetura fazendo o edifício afastar- se das suas funções urbanas, desaparecendo em meio a, cada vez mais, austera paisagem urbana.
 Nesse processo de transformação urbana e social, as estruturas da cidade estão penetrando no espaço que os centros comerciais criaram, enquanto estes estão substituindo a cidade, ocupando o lugar de seus tradicionais registros simbólicos e espaciais. Desse modo a praça pública, como lugar de reunião e encontro da cultura, por exemplo, simplesmente desapareceu e todas as atividades que nela se congregavam foram substituídas por uma nova arquitetura, a do centro comercial, inscrita no mundo do consumo. Uma nova maneira de se relacionar vital e espacialmente está se impondo.
A arquitetura que acreditamos justifica- se pela apropriação do público, pelo seu uso criativo programático ou não, sobretudo, por parte da comunidade local, aos quais a memória coletiva dá sentido. O grande desafio desse trabalho é a ideia de fazer dessa arquitetura um ícone, e isso num contexto urbano degradado e dominado pelo medo que ganha cada vez mais justificativa e força com a reprodução ilimitada de não lugares. O objetivo desse trabalho é instigar a criação de uma nova dinâmica de bairro, questionando o sonho moderno em favor de uma arquitetura e urbanismo para as pessoas.
A arquitetura deve cria espaços e as funções urbanas se organizam. A vida cotidiana deve ser um assunto fundamentalmente público. Por isso corroboramos a ideia de que a recriação do domínio público requer lugares e monumentos significativos, que precisam apropriar-se, culturalmente, de espaços. Mesmo que num tenso entorno de construções fora de contextos humanistas, insistimos em argumentos em favor de uma arquitetura humanista.
 A implantação dessa edificação para o bairro Atalaia decorre de fatores relativos ao meio urbano. O programa pouco extenso se organiza segundo um bloco volumétrico funcional de pavimentos superpostos, contido, nas faces leste e oeste, numa ostensiva fachada de empenas cegas vermelhas, decompostas e bem proporcionadas, sem dissimular a simplicidade das disposições dos ambientes internos de poucas variedades espaciais.
 Na face norte, os cobogós. Emblemas da cultura nordestina oferecem ao edifício luz filtrada, ventilação direta e um curioso efeito estético com uma textura marcante, e no diálogo com a cidade cumpre a função de agente de informação, já que garantem permeabilidade visual revelando parcialmente os variados usos dos espaços nos mais diferentes horários e podendo contribuir significativamente com a manutenção da segurança do entorno, pois eles também podem ser os olhos atentos e vigilantes das ruas. Na face sul, a repetição bem arranjada dos pilares obedece a uma sequencia matematicamente elaborada, revelando o racionalismo estrutural empregado à forma garantindo um notável efeito estético, além de revelar a, antes citada, pouca variedade espacial dos ambientes internos, nos seus dois pavimentos, já que está é composta no pavimento superior por uma longa janela envidraçada que ocupa toda a sua extensão, no pavimento térreo não possui nenhum tipo de vedação, ou seja, penetrabilidade visual quase que total.
 O pavimento térreo conta com um jardim na fachada principal que se integra ao meio urbano oferecendo sombreamento e arborização para os transeuntes e conforto para aqueles que ali estão, já que conta com bancos e iluminação artificial para as noites. Esse aspecto acolhedor é importante porque entre a arquitetura e o seu meio existem inter-relações funcionais e ideais, que se apresentam como complemento de valorização mútua, ao passo que estimula o trafego de pessoas e de bicicletas no local, reduz a poluição sonora e ambiental, cria uma maior sensação de segurança para a rua, para a arquitetura e para os seus usuários.
 Os acessos serão feitos por duas entradas principais no pavimento térreo, uma mais larga conduz a um grande pátio coberto, destinado a usos diversos, como comercio, lazer cultural e estacionamento (nos dias em que ocorrer evento no pavimento superior).  A segunda entrada é destinada, exclusivamente, aos pedestres, passa pelo jardim e leva o visitante a recepção, onde fica o elevador, a escada e a grande rampa que conduzirá as pessoas através de mais 40 metros à entrada do pavimento superior.
 Logo acima, o segundo pavimento que logo na chegada abriga um hall de entrada que se converte numa varanda retangular, ou seja, mais que um espaço de passagem ele poderá ser um ambiente de estar aberto para fora, onde o visitante poderá contemplar a visão da rua e do jardim, e é para lá também que convergem às circulações verticais. Este pavimento também abriga os banheiros coletivos, uma cozinha, e o salão principal envolto por janelas envidraçadas, destinado a eventos culturais e recreativos, como exposições, festas particulares, eventos escolares, feiras e etc. de onde se pode admirar a paisagem panorâmica de parte do bairro.
O resultado formal atingido pode ser identificado estilisticamente pela sua expressão brutalista, um dos mais marcantes estilos do panorama arquitetônico mundial. Manifesto no uso legitimo e verdadeiro de materiais brutos e aparentes, como o concreto armado e estruturas metálicas. Os efeitos combinados destas estruturas adquirem grande expressividade plástica. Os elementos estruturais que antes passavam despercebidos, agora são protagonistas do espaço, atendendo a exigência humanista de honestidade.
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