Ingrid Campos's profile

Texto - Análise Sociológica do conto Beira-Rio de Carlo

O conto apresenta uma crítica sobre o trabalho escravo, o fato do funcionário trabalhar muito e não ganhar exatamente o que trabalhou. Ele explica implicitamente o que é a mais-valia, teoria imposta por Karl Marx, mostrando como o trabalhador trabalha arduamente mas mesmo assim ainda não tem condições de sustentar sozinho uma família inteira, o que obriga os outros membros da família a também trabalhar, fato que começou logo depois da Revolução Industrial na Inglaterra.
Com essa crítica, ele também aborda um importante problema social, que é o alcoolismo. O conto mostra uma das possíveis formas que levam o ser humano a tornar-se um alcoólatra, que é uma maneira encontrada para esquecer ou fugir dos seus problemas, diminuir o cansaço e dar uma disposição para encarar um dia de trabalho.
As classes sociais abordadas são a burguesia dona das riquezas e o pobre trabalhador. A relação entre elas é que uma depende diretamente da outra, a burguesia depende da classe trabalhadora, pois sem ela, não haveria produção dentro das usinas, e a classe trabalhadora depende da burguesia por que o seu sustento vem do seu trabalho, e como não havia opções, era preciso trabalhar na indústria, dirigida pela burguesia.
As condições de trabalho são muito ruins, praticamente trabalho escravo. O trabalhador passa a maior parte do dia no seu ambiente de serviço, trabalha arduamente para ganhar muito pouco, o salário era imposto pelos patrões.
Os patrões eram muito superiores aos seus funcionários, ele podia comprar sua força pelo dinheiro que ele quiser, se o trabalhador não aceitar, ele pode facilmente substituí-lo. Com isso, o trabalhador era obrigatoriamente fazer o que seus patrões queriam. O poder dos proprietários daquela usina era tão grande, que eles tinham poder até sobre o trabalhador independente, que era isso só na teoria já que tudo pertencia a aquela indústria.
A usina simbolizava tudo naquela cidade, sendo proprietária de praticamente tudo lá dela, com esse poder todo, ela era a referência de tudo o que tinha lá, sendo dos trabalhadores, das mulheres que dependiam do salário baixo do marido e das crianças, que já cresciam com a certeza de que teriam que trabalhar lá durante sua vida adulta.
O impacto da chegada dessa usina naquela cidade foi muito grande, pois obrigou cada um dos trabalhadores a deixar de ter uma vida social tranquila, como era acostumado. Isso nada mais é que as leis do capitalismo, sua vida se resume em trabalhar para ter dinheiro para ter o que comer, já que com o capitalismo, tudo ficou rotulado, com a necessidade da venda para que o comerciante também tenha o que comer.
O reflexo de tudo isso é que a usina arrecada cada vez mais capital e tem cada vez mais poder sobre a classe oprimida, que é a trabalhadora. Com essa submissão que o trabalhador sofre, ele perde sua vida pessoal, fica cada vez mais distante de sua família, o que também reflete no problema citado no começo, o alcoolismo. Economicamente, o capital aumenta cada vez mais, o que na teoria deveria ser revertido para aquela cidade, ou seja, melhorias que o governo obrigatoriamente deveria fazer.
Ou seja, o conto em si explica como era o trabalho escravo remunerado, diferente daquele que era feito sem remuneração. E o texto tem influencia direta nas situações trabalhistas de hoje em dia, tudo em função da arrecadação do capital, o poder das indústrias em cima dos trabalhadores, que quanto menos qualificados, menos valorizados.
Texto - Análise Sociológica do conto Beira-Rio de Carlo
Published:

Texto - Análise Sociológica do conto Beira-Rio de Carlo

Análise Sociológica do conto Beira-Rio de Carlos Drummond de Andrade

Published:

Creative Fields