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Trabalhos Independentes

5 decepções do futebol capixaba em 2016

O futebol capixaba está bem longe do ideal. Clubes endividados, atletas que não recebem salários, estruturas precárias, campanhas pífias, desistências, falta de patrocínio, públicos pequenos...Em 2016, não foi diferente. Por isso, nós do Cast Esportivo decidimos fazer uma pequena lista com as cinco principais decepções do futebol capixaba em 2016. Vamos lá:

1 - Futebol Capixaba eliminado precocemente de todas as competições nacionais

Rio Branco, Espírito Santo e Desportiva foram os times que representaram o estado em competições nacionais no ano passado. No entanto, mais uma vez, passamos em branco. Há mais de 20 anos, o futebol capixaba não avança da primeira fase da Copa do Brasil (a única vez foi com o Linhares) e a última boa campanha em uma divisão do Brasileirão foi na Série C de 1999, com o Serra.

Por ter conquistado o Capixabão de 2015, a equipe capa-preta estreou na Copa do Brasil contra o Santa Cruz, do Pernambuco. Com uma derrota pelo placar mínimo no Kléber Andrade e um empate sem gols no Arruda, o Brancão deu adeus precocemente ao sonho de uma campanha mais digna.

A Desportiva, campeã do Capixabão de 2016, não passou da primeira fase da Série D do Brasileiro, terminando em terceiro lugar com apenas duas vitórias em uma chave com Volta Redonda, URT-MG e Goianésia.

Já o Espírito Santo participou de duas competições. Por ter vencido a Copa ES de 2015, o Santão garantiu vaga para a Copa Verde de 2016. No entanto, foi eliminado logo na primeira fase com um empate sem gols e uma derrota por 2 a 0 contra a Aparecidense-GO. Na Série D, foi um pouco melhor: avançou para a segunda fase, após vitória suada contra a Caldense, em Poços de Caldas, mas foi eliminado com duas derrotas para o J. Malucelli, do Paraná.

2 - Time sem reservas

O Grêmio Laranjeiras terminou a Série B do Capixabão com uma campanha, até certo ponto, razoável. Não avançou para as semifinais, mas terminou a competição em quinto lugar. Entretanto, a sua estreia não foi nada legal. Além de ter sido goleado por 4 a 1, de virada, pelo Serra, o técnico Mauro Soares teve de suportar durante os 90 minutos mais acréscimos o fato de não ter ao menos um reserva à disposição.

3 - ESSE desiste de disputar a Série B do Capixabão

O Espírito Santo Sociedade Esportiva, conhecido pela sigla ESSE, começou o Capixabão da Série B de 2016 de maneira inacreditável. Na primeira rodada, contra o Vilavelhense, o time perdeu por W.O, com apenas dois jogadores inscritos. No jogo contra o Castelo, já com nove atletas regularizados, o time levou nada mais, nada menos que sete gols no primeiro tempo. O time voltou a campo com sete atletas e, após um jogador se machucar logo no início do segundo tempo, o árbitro decretou o fim do jogo.

Na terceira e quarta rodada, com onze atletas em campo, incluindo o então presidente Edmilson Ratinho, o ESSE foi goleado por Vitória e Tupy, ambos os jogos por 3 a 0. Após quatro fiascos seguidos, o clube decidiu abandonar a competição e está suspenso por três anos.

4 - Falta de ambulância e de enfermeiro em jogos

O Serra começou a Série B de 2016 com uma goleada sobre o Gel por 4 a 1 e duas derrotas seguidas para Tupy e Vilavelhense. Reagiu com um empate contra o Rio Branco-VN fora de casa e dois triunfos: um sobre o Castelo em casa e outro por W.O., contra o ESSE. Tudo pronto para começar a tal arrancada no torneio, certo? Errado.

Na última rodada do primeiro turno, o Serra receberia o então líder invicto Vitória, no Estádio Robertão. A torcida estava animada, o time estava unido, mas faltava um elemento fundamental: uma ambulância para começar a partida. O árbitro José Wellington Bandeira esperou por 40 minutos e depois encerrou a partida, sem ao menos começa-la. O Serra acabou perdendo o jogo por W.O. e, depois daquele dia, realizou seis jogos pela competição (sem contar o W.O. contra o ESSE): nenhuma vitória.

Algo semelhante aconteceu também na primeira rodada da Copa ES. Real Noroeste e Linhares se enfrentariam no Estádio José Olímpio da Rocha, em Águia Branca. No entanto, a falta de um segundo enfermeiro junto à ambulância fez com que o Linhares vencesse a partida por W.O.. A Federação passou a exigir, no mínimo, dois enfermeiros à beira do gramado nos jogos da última edição do torneio.

5 - Briga entre torcidas de Serra e Desportiva

Serra e Desportiva alimentam uma rivalidade que começou no fim da década de 90. Apesar de terem decidido apenas um título, os jogos entre os dois rivais costumam ser bastante quentes, dentro e, infelizmente, fora de campo.

Foi em um desses jogos, no Estádio Robertão, que uma grande briga entre as torcidas do Tricolor Serrano e da Locomotiva Grená se instalou no Centro da Serra. Teve depredação de ponto de ônibus, pedradas em viatura da Polícia Militar e invasão de uma Unidade de Pronto Atendimento (Upa 24h), localizada próxima ao local da partida. O jogo terminou empatado em 1 a 1, mas todos perderam com o susto gerado pela confusão.

Os 9 times do ES com melhores médias de gols em 2016

Em 2016, 18 clubes capixabas entraram em campo, seja pelo Capixabão das séries A e B, pela Copa ES, Copa Verde, Copa do Brasil e Brasileirão Série D. A equipe do Cast Esportivo contabilizou 415 gritos de gol marcados por equipes espírito-santenses em 144 partidas disputadas. Mas quem teve a melhor média de gols?

O Cast Esportivo fez uma rápida pesquisa e, em homenagem ao número da camisa que representa o artilheiro, o mestre da grande área, o “fazedor de gols”, descobrimos os 9 clubes capixabas com a melhor média de gols em 2016. Os resultados foram obtidos incluindo todas as competições citadas anteriormente e desconsiderando as partidas que terminaram com W.O.. Vamos para a lista:

9° Linhares

Apesar do Linhares ter terminado 2016 de forma melancólica, sendo eliminado da primeira fase do Capixabão sem vitórias e desistindo de jogos, a Coruja Azul terminou com a nona melhor média de gols. Isso porque a equipe fez um bom Capixabão no primeiro semestre, terminando a competição na quarta colocação. No total, foram 23 gols em 24 jogos, com média de 0,95 gol/partida.

8° Atlético de Itapemirim

O ano de 2016 do Atlético de Itapemirim foi feito de boas campanhas, mas sem conquistas. Terminaram em sexto no Capixabão, chegaram às semifinais da Copa ES, mas não conseguiram vaga para competições importantes em 2017. Mas com relação à bola na rede, o alvinegro do sul foi bem: marcaram 34 gols em 30 jogos, com média de 1,13 gol/partida.

7° Rio Branco Atlético Clube

O primeiro semestre do Rio Branco esteve longe de ser empolgante como o de 2015, quando conquistaram pela 37ª vez o Campeonato Capixaba. No entanto, o segundo semestre foi quase perfeito. Levaram a Copa ES pela primeira vez na história, mas bateram na trave na seletiva para a Série D de 2017. Em 2016, o capa-preta fez 45 gols em 34 jogos, com média de 1,32 gol/partida.

6º Desportiva Ferroviária

O ano de 2016 foi de altos e baixos para a Locomotiva Grená, mas foi certamente o melhor ano após o fim da Desportiva Capixaba. Mesmo com a pífia campanha na Copa ES, eles levaram o Capixabão pela 18ª vez e voltaram a disputar uma divisão nacional após 13 anos, embora tenham sido eliminados precocemente. A Tiva disputou o mesmo número de jogos de seu maior rival, 34, mas fez um gol a mais (46), com média de 1,35 gol/partida.

5° Vitória

Que ano da Águia Alvianil! Foi campeã da Série B do Capixabão e fez uma campanha empolgante na Copa ES, sendo parado apenas pelo campeão e rival Rio Branco nas semifinais. Apesar de não ter disputado tantos jogos em 2016, o Vitória teve a quinta melhor média de gols: marcou 34 vezes em 25 gols, ou seja, 1,36 gol/partida.

4º São Mateus

Pelo segundo ano consecutivo, o São Mateus teve que conviver com o fantasma do rebaixamento. Se salvou, é verdade, mas é muito pouco para o Pitbull do Norte, que fez apenas 13 jogos em 2016. O que fez o clube alvianil entrar nesta lista foi a excelente campanha invicta no quadrangular da degola, com quatro vitórias e um empate. No total, eles marcaram 18 gols, terminando com a média de 1,38 gol/partida.

3º Tupy

O Índio Guerreiro de Vila Velha, time que conta com o folclórico artilheiro Lambiru, teve um 2016 espetacular. Mesmo disputando apenas a Série B do Capixabão, terminou o torneio com o vice-campeonato e, de quebra, encerrou um jejum de 12 anos sem figurar na 1ª divisão do estadual. Em resumo, o Tupy fez 23 gols em 16 jogos, com média de 1,43 gol/partida, figurando em terceiro nesta lista.

2° Castelo

Assim como o São Mateus e o Tupy, o Castelo disputou apenas uma competição em 2016, que foi a Série B do Capixabão. A equipe bateu na trave e teve de adiar para 2017 o sonho de voltar para a Série A. Mas, surpreendentemente, a equipe do sul do estado aparece em segundo nesta lista, com 23 gols em 15 jogos, com média de 1,53 gol/partida.

1º Rio Branco de Venda Nova do Imigrante

Quem achava que ia encontrar algum time da 1ª divisão, da Grande Vitória, ou que tenha disputado todas as competições possíveis em 2016 na primeira colocação desta lista, se enganou. Após 16 anos fora de qualquer competição estadual, o Rio Branco de Venda Nova voltou em grande estilo, apesar de ter batido na trave na Série B do Capixabão. Terminou o ano com 23 gols em 14 jogos, com a impressionante média de 1,64 gol/partida.
Em 2017, a ordem no Santão é atacar!

Se você leu o nosso texto na editoria “Do Um ao Onze”, intitulado Os 9 times do ES com melhores médias de gols em 2016, deve ter sentido a ausência de um dos principais nomes do ano passado: o Espírito Santo Futebol Clube. Desde o seu retorno em 2015, o time chegou a 5 finais em 5 torneios disputados, uma regularidade espantosa e espetacular.

Em 2016, chegaram à decisão do Capixabão, terminando com o vice-campeonato e com a vaga na Série D do Brasileirão do mesmo ano. Foram eliminados na segunda fase da competição nacional, contra o J.Malucelli. Na Copa ES, terminaram como vice-campeões e, no fim do ano, conseguiram a vaga para a Série D de 2017 ao vencerem a seletiva contra Real Noroeste, Rio Branco e Atlético de Itapemirim. No total, foram 44 jogos, sendo o clube capixaba que entrou mais vezes em campo no ano passado.

No entanto, a equipe que chamou atenção pela regularidade nas competições, sofreu também com relação à falta de gols. Marcou 41 vezes em 2016, terminando com média de gols de 0,93, abaixo de clubes com temporadas bem mais discretas, como Serra e São Mateus.

Para você ter uma noção ainda maior da baixa produtividade ofensiva do Santão, na primeira fase do Capixabão da Série A, a equipe conseguiu classificação para o Hexagonal Final com apenas três gols marcados em sete jogos. E na Série D, realizou 8 partidas, marcando apenas 5 gols. Vitinho, artilheiro do time em 2016, fez apenas nove gols em 41 partidas. Infelizmente, é muito pouco para quem briga por uma vaga na Série C do Campeonato Brasileiro.

É bem verdade que o comportamento defensivo do Espírito Santo merece ser elogiado: sofreu 28 gols nos 44 jogos que disputou, uma média de aproximadamente 0,64 gols por partida. No entanto, enfrentar times dos principais centros futebolísticos do país sem ter um ataque eficiente é um tiro no pé. Portanto, se quiser bater de frente com as Portuguesas, os Bangus, os J.Malucellis da vida, precisa entender que a melhor defesa é o ataque.

8 gringos que pintaram no ES recentemente

Nesta segunda-feira, vimos que o meia russo Timur Khadzhimuradov chegou ao Vitória Futebol Clube para passar por um período de testes em Bento Ferreira, antes de assinar contrato. Uma novidade e tanto, afinal não é todo dia que vemos um estrangeiro pisar em gramados capixabas, vestindo uma de nossas camisas. Mas ele não é o primeiro…

Por isso, nós do Cast Esportivo listamos oito exemplos recentes de gringos que tiveram passagens por clubes capixabas. O Linhares lidera a lista com quatro estrangeiros. Vamos a eles:

1 - Akatsuka Kyosuke, atacante japonês do Castelo

O Castelo empolgou no início da pré-temporada do estadual de 2015: anunciou o atacante japonês Akatsuka Kyosuke, que vinha do FC Osaka, time da terceira divisão do país, prometendo ser um atrativo a mais ao Capixabão. Porém, ficou só na promessa mesmo.

Ele ficou de fora da primeira rodada, por conta de problemas no visto de trabalho e, se você for pesquisar as súmulas no site da FES, você encontrará que ele não foi relacionado para um jogo sequer.

2 - Willinton Nuñez, o paraguaio do Rio Branco

Assim como o Castelo, o Rio Branco fechou contrato com um gringo para o Capixabão 2015: o atacante paraguaio Willinton Nuñez, que teve passagem pelo Nacional do Paraguai. Ele foi aprovado pelo técnico Duílio Dias nos testes e foi confirmado para a disputa do estadual.

No entanto, a expectativa gerada nos testes não se confirmou em campo. Ele jogou sete partidas do torneio, sendo cinco como titular, e não deixou sua marca, assim como não deixou saudades à torcida do Rio Branco

3 - Edwin Canga, o artilheiro equatoriano do Linhares

Com fama de artilheiro, Edwin Canga chegou ao Linhares também para a disputa do Capixabão 2015. Seus números no Equador eram bons: jogando pelo selecionado de Colón, marcou 13 gols no Campeonato Equatoriano da Segunda Divisão, ajudando a equipe terminar em terceiro. Entretanto, no Capixabão ele passou em branco. Jogou apenas cinco partidas e não marcou um gol sequer.

4 - Doni Guerrero, o xerifão colombiano do Linhares

O Linhares anunciou um “pacote de estrangeiros” para o Capixabão 2016. Entre eles, estava o zagueiro colombiano Doni Guerrero, que vinha da equipe sub-23 do Tolima. No entanto, ele não atuou em nenhuma partida do Capixabão 2016.

5 - Diego Sanchez, lateral colombiano do Linhares

Assim como Doni Guerrero, o lateral-esquerdo Diego Sanchez veio da equipe sub-23 do Tolima, da Colômbia. Mas adivinha? O jogador não foi relacionado para nenhuma partida do Estadual do ano passado. Porém, ele fez três jogos na Copa Espírito Santo pelo Sport Linharense, que foi eliminado na primeira fase.

6 - Hugo Delgado, volante do Linhares

O volante Hugo Delgado, de apenas 18 anos, foi o terceiro nome do pacote de estrangeiros para o Capixabão 2016. Ele passou pelo profissional do Deportivo Cuenca e chegou cheio de expectativas para o estadual. Mas assim como seus companheiros gringos, não jogou uma partida sequer.

7 - Yutaro Yoshino, volante japonês do Sport Linharense

O Castelo não foi o único clube a contratar jogadores nipônicos. O Sport Linharense trouxe o volante Yutaro Yoshino, que chegou a ser relacionado em alguns jogos do Campeonato Estadual, mas passou em branco.

8 - Mohammed Yussif, atacante ganês do Sport

Contratado para ser o artilheiro do Sport Linharense no Capixabão 2016, o ganês Yussif teve de assistir o seu companheiro de posição, Julio Cézar, terminar na artilharia do torneio, com 8 gols. O atacante africano não foi relacionado para uma partida sequer.

As 9 melhores médias de gols sofridos no ES em 2016

Este mês, o Cast Esportivo postou os 9 times do ES com melhores médias de gols em 2016, contando as participações de cada time em todas as competições possíveis: estaduais das séries A e B, Copa ES, Copa do Brasil, Copa Verde e Brasileirão da Série D. Por isso, nada mais justo que fazer a lista das nove melhores médias de gols sofridos no ano passado, não é mesmo? Seguindo os mesmos critérios do post anterior, eis o resultado:

9° Atlético de Itapemirim

O Galo da Vila fez campanhas razoáveis em todas as competições que disputou. O ataque alvinegro foi relativamente bem, com média de 1,13 gol/ partida. Já a defesa não foi tão bem, mas fez o suficiente para aparecer nesta lista: sofreu 31 gols em 30 jogos, com média de 1,03 gol/partida.

8º Doze

A maior surpresa desta lista é o Dozão. Após surgir em 2015 como a “esperança do futebol capixaba”, com projetos nunca antes visto no futebol brasileiro, o clube vem mostrando cada vez menos a que veio. Quase foi rebaixado no Capixabão 2016 e não disputou a Copa ES. Curiosamente, 2016 foi tudo doze para a defesa do time: disputou 12 partidas e sofreu 12 gols, com média de um gol por jogo.

7º Tupy

Que momento do clube canela-verde! Conquistou a tão sonhada vaga para a elite do Capixabão, apareceu na nossa lista dos nove melhores ataques de 2016 e agora também surge como a 7ª melhor defesa do ano passado. O Tupy fez 16 jogos e sofreu 14 gols, com média de 0,875 gol/partida.

6º Castelo

O Castelo bateu na trave em 2016, mas pelo menos mostrou bons números: figurou em segundo lugar na lista de melhores ataques do ano passado e agora aparece em 6º nas melhores defesas. O alvinegro sofreu 13 gols em 15 jogos, com média de 0,866 gol/partida.

5° Real Noroeste

O Real Noroeste, assim como o Castelo, bateu na trave em 2016. Ficou no quase no Capixabão 2016, terminando em terceiro. Na Copa ES, não conseguiu vaga para as semifinais. Por fim, perdeu a chance de disputar a Série D do Brasileirão 2017, no Torneio Seletivo. Mesmo assim, o Real Noroeste merece ser elogiado por sua boa defesa. O clube sofreu 25 gols em 29 jogos, com média de 0,862 gol/partida.

4º Rio Branco Atlético Clube

O Rio Branco terminou o ano de 2016 sem a vaga para a Série D do Brasileirão, é verdade. Mas conquistou a inédita Copa ES e a chance de disputar a Copa Verde em 2017. Além disso, o capa-preta tem mantido uma boa média de gols sofridos, assim como em 2015. No ano passado, sofreu 27 gols em 34 jogos disputados, com média de 0,79 gol/partida.

3° Desportiva Ferroviária

Se o segundo semestre da Desportiva foi decepcionante, o primeiro foi ótimo. A Locomotiva Grená foi campeã capixaba pela 18ª vez e garantiu vaga para a Série D por duas temporadas seguidas. E, assim como na lista de melhores ataques, a Tiva terminou com números melhores que o seu arquirrival Rio Branco. Fez 34 jogos e sofreu apenas 25 gols, com média de 0,73 gol/partida.

2º Vitória

O Vitória voltou com tudo! Foi campeão da Série B em 2016, fez uma boa campanha na Copa ES, foi o 5º melhor ataque do ano passado e termina com a vice-colocação desta lista. A águia alvianil sofreu apenas 16 gols em 25 jogos, com média de 0,64 gol/partida, empatado tecnicamente com o primeiro colocado que é…

1° Espírito Santo

Desde a sua volta ao futebol em 2015, o Santão vem mantendo uma regularidade excelente. Apesar do ataque não ter sido tão efetivo (veja no artigo Em 2017, a ordem no Santão é atacar!), a defesa do ESFC é bem sólida. O time que mais disputou jogos no estado surpreendeu e sofreu apenas 28 gols em 44 jogos, com média de 0,636 gol/partida.

Linhares precisa melhorar a sua defesa em 2017

Este ano, o Linhares completa 10 anos de seu último título estadual. Naquela ocasião, o clube fez um péssimo primeiro turno, com nenhuma vitória em quatro jogos. No segundo turno, porém, a Coruja Azul foi campeã e, na decisão do Capixabão contra o Jaguaré, levou a melhor.

Uma das características principais daquele time, que faria uma campanha razoável na Série C do Brasileirão, era a sua postura defensiva. Sofreu apenas 7 gols em 13 partidas, aliviando um pouco o problema no setor ofensivo (o Linhares teve o terceiro pior ataque, mesmo sendo campeão). Apesar disso, a defesa de 2007 é a inspiração que a Coruja Azul precisa para apagar a má impressão do ano passado e buscar voos mais altos.

Em 2016, a defesa do Linhares teve a terceira pior média de gols sofridos (ver tabela e ver As 9 melhores médias de gols sofridos no ES em 2016). O time viu o adversário comemorar 44 vezes nas 24 partidas que disputou, com média de 1,83 gol/jogo. A Coruja Azul só não foi pior que o Vilavelhense e o ESSE. A sua deficiência no setor e em sua postura defensiva prejudicaram a Coruja Azul, que terminou em quarto lugar no Capixabão e foi eliminado na Copa ES, em último na Chave Norte.

Por conta dessa dificuldade lá atrás, o Linhares perdeu muitos pontos fora de casa nas competições que disputou e conseguiu apenas uma vitória longe do Estádio Joaquim Calmon. O zagueiro Jaílson, em entrevista para a Rede Gazeta Norte, reconheceu este problema e pede reforços para o torneio (confira a entrevista aqui). Pensando nisso, o Linhares efetivou o ex-zagueiro e até então treinador interino Allan Mello e agora vai atrás de atletas para completar o elenco, que tem apenas 11 jogadores.

A estreia no Capixabão acontece no dia 28 de janeiro, fora de casa, contra o Vitória. Se o Linhares quiser repetir o feito de 2007, vai ter que correr contra o tempo neste “Mercado da Bola” e trabalhar bastante, principalmente, a sua postura defensiva, que deixou o torcedor em pânico durante o ano passado.
“O Tênis no Brasil” (2004): gerações que se entrelaçam

Acabo de terminar a minha primeira grande leitura de 2017. Para quem entende pouco sobre o esporte (como este que vos fala), o livro “O Tênis no Brasil: de Maria Esther Bueno a Gustavo Kuerten” é de leitura pesada. A obra, produzida pelo jornalista Gianni Carta e pelo técnico Roberto Marcher, pincela as várias fases do tênis nacional, a transição do amador para o profissional e apresenta os principais atletas do nosso país.

O livro deixa bem claro que o tênis no Brasil era um esporte um tanto quanto desprezado. Além de ser uma modalidade mais elitista e nunca ter sido de interesse do público, perdendo de goleada para o futebol, havia um certo preconceito contra. No entanto, foi conquistando pouco a pouco um espaço, ainda que mínimo, no coração do brasileiro.

Foi nesse movimento de conquistar o interesse do público aos poucos que as duas grandes histórias do tênis nacional se entrelaçam. Maria Esther Bueno, vencedora de 19 torneios de Grand Slam e a maior tenista do Brasil, foi uma das grandes responsáveis por pavimentar o caminho do esporte no país durante os anos 50 e 60. O livro abre justamente com a carreira de Bueno que só foi, de fato, reconhecida e aclamada mais de 40 anos depois, quando Guga se tornou o número 1 do mundo.

Após muito tempo aparecendo apenas em pequenas notas de jornais, finalmente a carreira de Maria Esther Bueno passou a ser conhecimento dos amantes de esportes em geral. O país do futebol foi obrigado a se curvar diante de Guga e, por consequência, diante de Bueno, que superou diversas dificuldades, como viajar para diversos países, treinar e frequentar qualquer lugar praticamente sozinha. Vale lembrar que ela estava em uma época na qual era comum mulheres sozinhas serem julgadas por olhares desconfiados.

Mesmo assim, Maria Esther não se abalou com os (mal) costumes da época e com as dificuldades normais da vida de qualquer tenista. Ainda que tenha demorado anos e anos, ela entrou para história e foi para ficar.

Os capítulos

A obra apresenta os primeiros passos do esporte no país durante os anos 40-50, perfilando os grandes nomes da época, como o vanguardista Armando Vieira, dono da primeira grande campanha de um brasileiro em Wimbledon, o elegante Maneco Fernandes e sua épica vitória sobre o equatoriano Pancho Segura, um dos maiores tenistas daquele tempo, e Alcides Procópio, outro vanguardista pela sua fantástica carreira e por ter virado marca de raquetes.

Em seguida, Carta e Marcher atravessam os “Anos Dourados” do tênis brasileiro. A década de 60 foi o período de transição entre a era do amadorismo e do “tênis marrom” (quando alguns atletas ganhavam dinheiro por fora para participar de competições e exibições) para o profissionalismo. Entre os nomes citados, o perfil mais legal é o de Thomaz Koch, o primeiro grande nome do novo momento do tênis nacional e um dos responsáveis por essa mudança.

A fundação da empresa Koch Tavares, o primeiro pilar do profissionalismo do tênis nacional, também foi mencionada a partir dos perfis do próprio Thomaz e dos irmãos Luís Felipe e Juliano Tavares. Eles contam suas versões sobre os bastidores da empresa, desde a ascensão, passando pela queda e culminando na sua retomada ao cenário esportivo e empresarial.

Além disso, Carta e Marcher falam brevemente do tênis feminino profissional. Apenas duas mulheres conseguiram chegar entre as 100 melhores da WTA (Women’s Tennis Association). São elas: a gaúcha Niege Dias e a fantástica baiana Patrícia Medrado. Apesar de Niege ter tido mais sucesso, o perfil de Patrícia é bem recheado de boas histórias e um currículo invejável que, particularmente, prendem muita atenção.

Por fim, “O Tênis no Brasil” aborda a década de 90 como a melhor época do esporte no Brasil, quando surgiram Fernando Meligeni e Gustavo Kuerten, os nomes mais famosos da modalidade. Guga tem um capítulo especial sobre a sua trajetória que, em 2004 (ano de lançamento do livro), ainda estava em curso e já com bastante história para contar.

Os organizadores ainda fornecem uma tabela com os maiores tenistas do país, os melhores em cada movimento de jogo e um glossário com a tradução de termos específicos da modalidade. “O Tênis no Brasil: de Maria Esther Bueno a Gustavo Kuerten” é uma verdadeira enciclopédia esportiva, por associar conhecimento e histórias fantásticas do “esporte branco” no Brasil. Super recomendável!
Copa ES: Hércules coloca o Vitória na liderança

Ele tem nome de herói da mitologia grega, é artilheiro e foi hoje o salvador da pátria. O atacante Hércules, de 36 anos, mostrou faro de gol e decidiu o Clássico das Emoções para a Águia Alvianil nesta manhã de domingo (21).

Vitória e Desportiva entraram no Salvador Costa de olho na liderança da Chave Centro-Sul da Copa Espírito Santo. A equipe grená começou bem a partida, ditando o ritmo no campo de ataque. Logo aos 7 minutos, Pirão cruzou e Rael desviou de cabeça. O goleiro Fernando Subtil deu um tapa de leve e salvou o que seria o primeiro gol do jogo.

No entanto, foi o Vitória quem abriu o placar, dois minutos depois. Hércules se infiltrou na área e Dilsinho cometeu o pênalti. O artilheiro alvianil pegou a bola e converteu: 1x0. Após o gol a partida ficou um pouco mais equilibrada, até a parada técnica.
Depois da paralisação, a Desportiva voltou a pressionar a equipe do Vitória. Aos 28 minutos, Madison arriscou um chute de fora da área e a bola explodiu no travessão, arrancando o grito de “uuuuhhh” da torcida grená e calando a torcida alvianil, assustada com o lance.

Dois minutos depois, o grito de gol da Desportiva enfim saiu da garganta. O árbitro marcou pênalti após Marco Antônio segurar Rael dentro da área. O lateral-esquerdo Tatá bateu e converteu: 1x1.

No segundo tempo, a Desportiva continuou rondando a área do Vitória, mas a equipe alvianil assustava nos contragolpes, com velocidade. E foi com essa rapidez que os donos da casa fizeram o gol que garantiu os três pontos. Aos 28 minutos, Luan chegou à linha de fundo e cruzou na medida para Hércules cabecear, sem chances para o goleiro Felipe: 2x1.

O Vitória ainda teve a chance de fazer o terceiro, em um contragolpe mortal. Aos 45, Wander fez um belo lançamento para o artilheiro Hércules, que avançou em direção a grande área e chutou por cima do gol, com perigo. No entanto, não dava mais para a Desportiva. Fim de jogo e a Águia Alvianil vence o Clássico das Emoções.

Com o resultado, o Vitória assumiu a liderança da Chave Centro-Sul, com 10 pontos, seguido da própria Desportiva, com 9. Na próxima rodada, a Águia Alvianil recebe o Atlético Itapemirim, no próximo sábado, às 15h. No mesmo dia e horário, a Desportiva visita o Serra, no Estádio Robertão.

Vitória 2x1 Desportiva Ferroviária

Vitória: Fernando Subtil; Luan, Marco Antônio, Nem e Ratinho (Emerson Balotelli); Gabriel Peruzzo (Caio Camelo), Alan Grecco e Neguetti; Jean Sá, Hércules e Andinho (Wander). Técnico: Fábio Henrique.

Desportiva: Felipe, Léo Félix, Erwin, Dilsinho e Tatá; Ivan, Thiago (Lucas Alves), Pirão (Alex Sander) e Rominho (Acerola); Madison e Rael. Técnico: Léo Oliveira.

Gols – Primeiro tempo: 1x0 – Hércules, aos 9; 1x1 – Tatá, aos 30. Segundo tempo: 2x1 – Hércules, aos 28.

Sem milagre: Santo leva virada do JMalucelli e é eliminado na Série D

Fim da linha para o futebol capixaba no cenário nacional em 2016. O Espírito Santo lutou até o final, mas não conseguiu segurar a pressão do J Malucelli, no Ecoestádio, em Curitiba. A derrota por 2 a 1 de virada classificou a equipe paranaense para enfrentar o São Bento-SP nas oitavas de final.

O Espírito Santo iniciou muito bem a partida, dando esperanças à luta do futebol capixaba. Logo aos 3 minutos, o zagueiro Vinícius Leandro cabeceou bem e abriu o placar para o Santão, quebrando com o esquema paranaense. Com esse resultado, a decisão iria para os pênaltis.

A equipe capixaba conseguiu segurar bem o ímpeto do J Malucelli no primeiro tempo. No entanto, os paranaenses vieram com tudo contra o Santão e, logo aos 19 minutos, veio o banho de água fria: Eltinho, ex-Flamengo e Coritiba, marcou para os mandantes, acabando com qualquer possibilidade de decisão de pênaltis.

O técnico Wagner Nascimento veio com duas mudanças após o empate: tirou o volante Iuri Pimentel para colocar o meia Emílio e tirou o atacante Vitinho e pôs o meia-atacante Joabe, buscando lancar o time para o ataque. Porém, quem teve sucesso foi o J Malucelli. Aos 34, Jenilson decretou a eliminação do Espírito Santo.

O próximo compromisso do Santão será a estreia na Copa Espírito Santo no próximo sábado, 6, contra o Real Noroeste, em Águia Branca. Para o clube voltar a Série D, terá que vencer a seletiva estadual que acontecerá no fim do ano.

J Malucelli 2x1 Espírito Santo – Ecoestádio, Curitiba-PR

J Malucelli: Fabrício, Netinho, Alex Fraga, Waldomiro e Diego Prates; Paulo Vitor (Jenilson), Carlos Jatobá, Eltinho, Robinho (Quirino) e Leandro Vilela; Santiago. Técnico: Luciano Gusso.

Espírito Santo: Alan Faria, Magno, Thiago Martinelli, Vinícius Leandro e Rafael Serrano; Iuri Pimentel (Emílio), Rodrigo César, Willian e João Paulo; Eraldo e Vitinho (Joabe). Técnico: Wagner Nascimento.

Gols:
Primeiro tempo: 0x1 – Vinícius Leandro, aos 3
Segundo tempo: 1x1 – Eltinho, aos 19; 2x1 – Jenilson, aos 34.
Árbitro: Renato Cardoso da Conceição (MG)

Vitória vence e convence no jogo de abertura da Copa Espírito Santo

Nesta tarde de sábado, o Vitória estreou na Copa ES vencendo a equipe do Atlético Itapemirim, por 4 a 2, no Estádio José Olívio Soares. O destaque da partida foi o atacante Wander, que guardou dois gols nas redes da equipe alvinegra, além da força ofensiva e do rápido poder de recuperação do time comandado por Fábio Henrique.

O time da casa começou muito bem a partida, marcando logo aos cinco minutos, com o atacante Flávio. No entanto, o Atlético não contava com a rápida reação da equipe da capital. Aos 16, Hércules aproveitou o erro do goleiro Fernando Henrique para empatar a partida. No minuto seguinte, Wander virou o jogo após cruzamento de Hércules e, aos 22, Wander aproveitou a falha da defesa e marcou mais um para o Vitória.

Aos 31 do segundo tempo, o treinador do Atlético, Duílio Dias, trocou Zizu por Anderson Canhoto. E a mudança deu certo: com cinco minutos em campo, ele aproveitou um rebote para diminuir para o Galo da Vila. Aos 40, o jogador teve duas chances no mesmo lance para empatar a partida, mas o goleiro Fernando Subtil salvou o Vitória.

Mas não foi só o Atlético Itapemirim que teve uma tarde iluminada com as alterações. Aos 43, o treinador Fábio Henrique tirou Wander e pôs Andinho em campo. Um minuto depois, o atacante avançou pela direita e tocou para o fundo das redes, dando números finais à partida.

Com o resultado, o Vitória lidera a chave Centro-Sul, com três pontos e dois gols de saldo e o Atlético está na lanterna. Lembrando que amanhã, a Desportiva recebe o Serra na Arena Unimed/Sicoob, às 10h30, fechando a rodada no mesmo grupo.

Atlético Itapemirim 2x4 Vitória

Atlético Itapemirim: Fernando Henrique; Felipe Foca, Michel, Kleber Viana e Murilo; Leandro, Alex Carioca (Laio), Araruama, Ronicley e Zizu (Anderson Canhoto); Flávio. Técnico: Duílio Dias.

Vitória: Fernando; Luan, Marco Antônio, Nem e Ratinho; Dos Santos, Gabriel Peruzzo (Neguetti) e Alan Grecco; Jean Sá (Léo Chocolate), Wander (Andinho) e Hércules.Técnico: Fábio Henrique.

Gols: Primeiro tempo: 1x0 – Flávio, aos 5; 1x1 – Hércules, aos 16; 1x2 – Wander, aos 17; 1x3 – Wander, aos 22. Segundo tempo: 2x3 – Anderson Canhoto, aos 36; 2x4 - Andinho, aos 44.

Link do texto: http://goo.gl/jk94uN
De volta aos trilhos

Por Marcos Barcelos

Após 13 anos de espera, a Desportiva Ferroviária volta a disputar uma divisão do Brasileirão. A última vez foi na Série C de 2003, ainda como “Desportiva Capixaba”, nome dado pela fusão do clube com um grupo de investidores, que deixou dívidas enormes para a atual gestão. De volta às origens desde 2011 e agora na Série D, o clube visa o acesso para consolidar a sua reestruturação.

A Tiva disputou 20 partidas oficiais em 2016, com 12 vitórias, cinco empates e apenas três derrotas, marcando 27 gols e sofrendo 11. Além disso, vale lembrar que venceu o Botafogo em um amistoso disputado no Estádio Kléber Andrade, em janeiro, por 2 a 1.  Para manter a boa fase na Série D, o time se preparou desde o dia 16 de maio e fez jogos-treino contra equipes amadoras.

Enquanto os jogadores treinavam duro, o técnico Fabiano Rossato e a diretoria atuaram em conjunto para trazer reforços e manter quase 90% do elenco campeão estadual. O técnico destaca o bom trabalho do clube durante a temporada, sem exageros no orçamento. “Profissionalismo acima de tudo”.

O clube trouxe o meia Wandinho, o volante Léo Silva e o goleiro Filipe Machado, que vieram do Resende, o meia Vinícius Casão, ex-Olímpia-SP, e o lateral Anderson Tasca e o zagueiro Erwin Spitzner, que vieram emprestados pelo Atlético-PR. Além disso, a Tiva repatriou o lateral Fabinho Capixaba e o atacante David Dener.

Provável time base (4-4-2): Felipe, Fabinho Capixaba, Willyan, David e Tatá; Ivan, Thiago, Jefinho e Wandinho; David Dener e Acerola.

Música, história e sindicalismo - conheça o Sindmuses
 
Você já sabe: o Release do Rock é um blog criado para divulgar o melhor do Rock n’ Roll capixaba, nacional e mundial. No entanto, o nosso trabalho não pode ficar preso apenas às notícias de eventos e bandas. Por isso, vamos alertar para um importante movimento: o sindical dos músicos.
 
O sindicalismo artístico no Brasil, principalmente no ramo da música, tem bases centenárias. No Rio de Janeiro da década de 1900, aconteceu o Primeiro Congresso Operário, que deu origem à Confederação Operária Brasileira, contando com 11 movimentos grevistas. Em 1907, o Presidente Affonso Pena assinou um decreto dando o aval para os sindicatos profissionais e as sociedades cooperativas se formarem, facilitando a formação do que hoje é o Sindicato dos Músicos do Rio de Janeiro.
 
De lá para cá, muitas crises foram enfrentadas, como o forte avanço do cinema, durante a década de 30, e o enfrentamento ao regime ditatorial. Por outro lado, muitas vitórias foram conquistadas, como o fortalecimento do rádio como veículo difusor da música brasileira e o reconhecimento da profissão de músico. Nesse contexto, ocorreu a criação da Ordem dos Músicos do Brasil (OMB), em 1960, durante o governo JK.
 
Pelo país
 
Os principais centros do país, como Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul e Pernambuco, estão há muito tempo no cenário sindical da música. Aqui no Espírito Santo, entretanto, está só começando. Em 1991, foi criado o Sindicato dos Compositores, Cantores e Instrumentistas do ES, Sicocanistes. No entanto, era uma instituição que perpetuou uma diretoria por mais de 20 anos, sem haver eleições nem prestação de contas, além de outras irregularidades.
 
No ano passado, o movimento sindical dos músicos capixabas parece ter renascido. O Sindicato dos Músicos do Estado do Espírito Santo (Sindmuses) vai completar um ano de existência no final de 2015 com a missão de unir a categoria em torno de suas questões trabalhistas e quer abranger toda a classe musical.
 
O Sindmuses
 
A presidente do Sindmuses, Gardenia Marques, faz parte do sindicato desde a sua idealização. Ela fala da principal bandeira que a organização levanta: a união. “Percebemos que a classe musical do Espírito Santo estava cada vez mais se prejudicando pela falta de uma entidade que fosse realmente representativa. Precisamos fazer o caminho de volta e resolver todos os problemas causados por nossa inércia coletiva, durante todos esses anos”.
 
Gardenia acredita que a gestão de carreira e a divulgação dos trabalhos, covers ou autorias, são as duas principais demandas do músico capixaba. “As formas financeiras existem, precisam saber onde e como buscar. Acredito que o sindicato poderá ajudar e muito nesse aspecto brevemente, pretendemos trazer palestras e workshops diversos nas áreas: técnica musical, gestão de carreira, elaboração de projetos e afins”.
 
O sindicalizado tem algumas vantagens, como assistência jurídica e tratamentos médicos. Além disso, o sindicato está providenciando novos convênios. A presidente, no entanto, destaca como a principal vantagem a garantia de um sindicato democrático, no qual as decisões serão tomadas junto aos músicos.
 
O Sindmuses conta com 237 filiados desde o dia 3 de outubro de 2015, quando começaram os cadastros.
 
Cenário do Rock Capixaba
 
O Release do Rock perguntou para a presidente do Sindmuses, Gardenia Marques, como anda o cenário do Rock Capixaba. Ela respondeu que a produção dentro do estilo, como em todos os outros, é bastante rica. “A questão é nos organizarmos como classe artística e encontrarmos juntos formas de fazer essa produção escoar Brasil e mundo afora”.
 
Ela falou também sobre a ideia do sindicato em fortalecer o conteúdo autoral, que costuma ficar em segundo plano em relação ao cenário cover. “A proposta é incluir o autoral no meio do cover, sempre, pra que o nosso povo conheça, goste, indique e assim tenhamos novas e boas referências do que se produz no nosso Estado”.
 
Parceria com as casas de shows
 
Gardenia reconhece a importância das casas de shows capixabas para a divulgação e promoção do nosso cenário musical, sendo parceiras dos músicos. No entanto, ela destaca a necessidade da regulação do mercado para que a união entre profissionais e os pontos culturais sejam mais fortes. O principal problema apontado por ela é a questão do repasse integral do couvert artístico - taxa cobrada individualmente nas casas de shows.
 
“Alguns contratantes se acostumaram a achar que podem definir sobre a moeda que é nossa. Há o entendimento que se pode tirar alguma coisa de nosso couvert quando a casa oferece os equipamentos de som, por exemplo, mas não podem definir por nós, de quanto será esse valor. Muitas vezes, o que ocorre é que a casa define e o músico aceita ou outro irá aceitar e tocar em seu lugar”, afirmou a presidente do Sindmuses.
 
Para que a parceria entre músicos e casas possa ser saudável para ambas as partes, ela aponta uma solução. “Com a realização de Convenções Coletivas de nossa categoria, podemos resolver muitas destas questões, buscaremos parcerias com outras entidades e sindicatos do ramo e as coisas irão se resolver de forma mais abrangente para assegurar os direitos de todos os envolvidos na questão”.
 
Sesc Glória recebe espetáculo de Rock e Sinfonia
 
Primeiro dia de apresentações. O palco do Sesc Glória estava lotado para uma noite de espetáculo e de Rock n’ Roll. A bateria de Bruno Kalic, as guitarras de Paulo Pelissari e Junior Comper, o teclado de Matheus Cutini, o baixo de Evandro Schulz e o vocal de Julliano Barcellos estavam no fundo do palco. Em destaque, estava a Banda Sinfônica da Fames.
 
Por uma hora, o Sesc Glória parecia o Kennedy Center Opera House, nos Estados Unidos, há dois anos atrás, quando o Led Zeppelin foi homenageado. O som do Classic Rock pulsando e a plateia bem silenciosa na maior parte do tempo. Mesmo assim, em alguns instantes, o público se agitou, como por exemplo, quando anunciaram Fear Of The Dark, a não aparição de músicas do Pink Floyd no setlist, ou quando o maestro dava liberdade para a plateia sugerir músicas para os próximos espetáculos: “Toca Pink Floyd!”, “Toca Metallica!”, “Toca Kiss!” e o sempre presente “Toca Raul!”.
 
Quando a plateia não estava em silêncio ou agitada, aparecia o meio termo. Pés batendo no solo, mãos que simulavam guitarristas, tecladistas ou bateristas, gritos de “ooh, yeah” semelhantes ao de Robert Plant na música Kashmir, entre outros gestos tímidos quebravam um pouco com o clima erudita do local.
Para quem foi no segundo dia, idem. Não faltou gente espantada com o talento da Banda Sinfônica da Fames e com os músicos convidados ao concerto. Quem foi ao Sesc Glória para fazer qualquer outra coisa, também ficou espantado. O som dos artistas havia se espalhado pelo centro cultural.
 
Uma coisa foi certa: quem pagou o ingresso (baratíssimo, por sinal), não se arrependeu de sair de casa, seja de qual lugar fosse, e ir até o Centro de Vitória. Nós do Release do Rock esperamos que venham mais apresentações como essa!
 
Setlist:
 
Deep Purple Medley: Burn, Highway Star, Smoke On The Water
Led Zeppelin on Tour: Rock And Roll, Immigrant Song, Black Dog, Kashmir, Stairway to Heaven
Separate Ways – Journey
Perfect Strangers – Deep Purple
Who Wants to Live Forever – Queen
Heaven and Hell – Black Sabbath
Fear Of The Dark – Iron Maiden
Born To Be Wild – Steppenwolf
 
Bis:
 
Perfect Strangers – Deep Purple
 
Deep Purple entra para o Hall da Fama do Rock
 
Depois de 21 álbuns lançados, conquistar 38 discos de ouro, cinco de platina, dois de prata e a idolatria de milhões de fãs, o Deep Purple recebe mais um prêmio pelo seu sucesso ao longo de seus quase 50 anos de banda. Junto com Cheap Trick, Steve Miller, Chicago e o grupo de hip-hop N.W.A, eles farão parte da cerimônia de indução para o Rock And Roll Hall Of Fame, que vai acontecer em 8 de abril, no Barclays Center, no Brooklyn.
 
A formação que vai entrar para o Hall da Fama é composta por artistas do período clássico da banda, com exceção de Nick Simper e Tommy Bolin. São eles: Ritchie Blackmore, Ian Gillan, Jon Lord, Roger Glover, Ian Paice, Rod Evans, Glenn Hughes e David Coverdale.
 
Em entrevista à rádio americana WROR, de Boston, Glenn Hughes afirma estar bastante animado com a indução e que é um grande passo na história da música para qualquer um. “E o mais importante é que isso é realmente importante para os fãs da banda Deep Purple, pois há quatro ou cinco décadas esta banda tem trabalhado muito pela música”.
 
Vale ressaltar que o Deep Purple já foi considerada "a banda mais barulhenta do mundo" pelo Guinness Book, por ter alcançado 117 dB (decibéis) após um concerto em Londres.
 
Repercussão nas redes sociais
 
O lendário guitarrista Ritchie Blackmore postou em seu facebook agradecendo a todos que ajudaram a banda a ser escolhida para a cerimônia. Mesma coisa fez a sua esposa e vocalista do Blackmore’s Night, Candice Night, em seu twitter oficial.
 
A página oficial de Ian Gillan no facebook postou a notícia com a legenda “Inacreditável...”, junto a um emoticon feliz. Glenn Hughes publicou uma foto da banda em seu twitter e comentou estar honrado em fazer parte do Hall da Fama do Rock. Já David Coverdale, ex-vocalista da banda e vocal do Whitesnake, cumprimentou os parceiros de banda no twitter.
 
A banda postou a notícia (Confira: http://goo.gl/eXYMqc) em seu site voltado para a imprensa e promotores sobre a indução.
 
Cumprimentos e cutucadas no twitter
 
Em seu twitter oficial, o bateirista Matt Sorum parabenizou Glenn Hughes e o Deep Purple pela indução ao Hall da Fama, dando uma cutucada na organização da premiação. “Parabéns a Glenn Hughes e ao #deeppurple pela sua indução muito atrasada na #rockhall”.
 
Paul Stanley, vocalista do Kiss, também cumprimentou os premiados e disse que já estava na hora do Deep Purple, Cheap Trick e Chicago terem entrado no Hall.
 
No entanto, o comentário mais inusitado ficou por parte de Gene Simmons, companheiro de Stanley no Kiss. Ele ignorou totalmente a indução das bandas e ainda tirou sarro pela indicação do grupo de hip-hop N.W.A ao Hall da Fama: “Estou de acordo com o NWA no Rock And Roll Hall of Fame...Ei, mas quando será a indução do Led Zeppelin ao Hip-Hop Hall of Fame?”.
 
Lemmy Kilmister falece aos 70 anos
 
“Aparentemente as pessoas não gostam da verdade, mas eu gosto, eu gosto dela porque incomoda muita gente" – Ian Fraser Kilmister, vulgo Lemmy.
 
A verdade é que a noite de 28 de dezembro foi péssima para os fãs de Motörhead. Morreu o vocalista e baixista da banda inglesa Motörhead, Lemmy Kilmister, quatro dias depois de ter completado 70 anos. A notícia foi dada primeiramente pelo radialista americano Eddie Trunk. Minutos depois, a página da banda no facebook anunciou que o artista descobriu neste último sábado, 26, um câncer extremamente agressivo. Além disso, o artista sofria com diversas complicações causadas pelo diabetes e também pelo uso excessivo de álcool e drogas.
 
Confira a mensagem da banda traduzida:
 
Não há nenhuma maneira fácil de dizer isto... Nosso bravo, nobre amigo Lemmy faleceu hoje depois de uma curta batalha com um câncer extremamente agressivo. Ele havia descoberto a doença no dia 26 de dezembro, e estava em casa, sentado na frente do seu vídeo game favorito do The Rainbow (...)
Não podemos começar a expressar a nossa consternação e tristeza, não há palavras.

Vamos dizer mais nos próximos dias, mas por agora, por favor... Toque Motörhead alto, jogar Hawkwind alto (banda que Lemmy fazia parte antes mesmo do Motörhead), toquem a música de Lemmy ALTO. Beba um copo ou poucos. Compartilhe histórias. Celebre a vida que esta pessoa amável e maravilhosa pessoa celebrou tão vibrantemente. Ele iria querer exatamente isso.
 
Ian "Lemmy" Kilmister
 
1945-2015
 
Nascido para perder, viveu para ganhar.
 
Somos o Motörhead e nós tocamos Rock n’ Roll
 
“Motörhead é Lemmy e Lemmy é Motörhead”. O documentário “Live Fast, Die Old” foi bem correto ao afirmar isso, afinal ele fundou a banda britânica em 1975 e, com sua imensa presença e energia no palco, manteve a banda na estrada até o momento, além de ter influenciado diretamente a formação de outras bandas.
 
No entanto, antes dele fundar o Motörhead, ele estava na banda Hawkwind, que carregava em suas canções doses de psicodelia e rock progressivo. Ele foi demitido por conta de uma prisão por suspeita de posse de cocaína na fronteira com o Canadá.
 
Depois de um tempo, ele decidiu finalmente formar a banda. O nome “Motörhead” foi inspirado na última música que ele escreveu para a sua antiga banda. E os quatro primeiros versos da música resumem um pouco o que seria a nova banda e também a vida de Lemmy:
 
“Sunrise wrong side of another day  (Aurora, lado errado de outro dia)
Sky-high and six thousand miles away (Muito alto e seis mil milhas de distância pela frente)
Don't know how long I've been awake (Não sei por quanto tempo estive acordado)
Wound up in an amazing state” (Acabado num estado incrível)
 
Lemmy Kilmister marcou a história do Rock não apenas por sua aparência, com seu chapéu, bigode e costeletas que são reconhecíveis de longe, mas pelo seu talento como baixista, pela sua voz e por ter deixado um grande legado composto por músicas como Ace Of Spades, Overkill, King Of Kings, The Game, entre muitos outros clássicos.
 
Homenagens nas redes sociais
 
O lendário vocalista e baixista recebeu inúmeras homenagens após o anúncio de seu falecimento. O seu grande amigo Ozzy Osbourne publicou no seu twitter dizendo que Lemmy era “um guerreiro e uma lenda”.
 
O também baixista Gene Simmons, do Kiss, também publicou uma mensagem em sua rede social. “Agite os céus, meu amigo”. Paul Stanley também fez uma menção ao vocalista do Motörhead. “Ele era um cara único. Muito mais do que o conhecíamos”.
 
Outros artistas também homenagearam Lemmy. A banda Aerosmith fez um post em seu facebook oficial com uma foto e a frase “Um verdadeiro rocker, do início ao fim”. O vocalista do Megadeth, Dave Mustaine, deixou seu adeus nas redes sociais. “Eu te amo, irmão”. Já a banda Sepultura fez um post, afirmando terem sido pegos de surpresa com a má notícia.
 
O mundo do wrestling também ficou bastante abalado com a morte de Lemmy. Chris Jericho, que além de vocalista do Fozzy é um wrestler da WWE, publicou um tweet agradecendo pelo legado deixado pelo artista. Já o lutador Triple H, que tinha “The Game” e “King Of Kings” como músicas temas, também fez um agradecimento especial.
 
O site oficial da banda publicou um mosaico com várias homenagens ao artista feitas no Instagram.
 
Homenagens aqui no Espírito Santo
 
Autor do livro “Rockrise - A história de uma geração que fez barulho no Espírito Santo”, o jornalista José Roberto dos Santos Neves, fez um post em seu facebook lamentando a perda de Lemmy Kilmister. “Difícil acreditar... Obrigado, Lemmy, por fazer a trilha sonora da nossa juventude! Obrigado por "Ace of Spades", "Overkill" e por tantas outras tijoladas sonoras do Motörhead! Ah, e obrigado pelo show antológico no Álvares Cabral em 2004! RIP, man!”.
 
Marco Cypreste, vocalista das bandas Ozzmosis e Back To Past também lembrou do show no Álvares Cabral e fez um post especial em homenagem ao artista, publicando o vídeo da música Overkill. Já a vocalista Yumi Hirose poupou nas palavras, mas fez a sua homenagem publicando uma foto do artista.
 
Até porque uma imagem fala até mais que mil palavras. Descanse em paz, Lemmy.
 
Mil, novecentos e doze, um ano de esplendor
 
A data era 12 de setembro de 2014, uma sexta-feira. Eu estava trabalhando na Mata da Praia, fazendo minhas postagens no Facebook, quando vi o caderninho do 21º Vitória Cine Vídeo, um grande festival de cinema que conta com excelentes produções vindas do Brasil inteiro. Um evento super-recomendável.
 
Comecei a folhear aquele material de divulgação. Na página 8 do caderno, feito com papel de jornal, estavam os nomes dos filmes da “Mostra Foco Capixaba”, que aconteceria naquela noite. Dos cinco curtas, um me chamou muito a atenção, fazendo com que eu marcasse com um ponto feito a lápis do lado. Estava escrito:
 
“Vitória F.C. (Documentário, 29”, ES), de Vitor Graize e Igor Pontini. Um clube de futebol no ano de seu centenário: a trajetória do Vitória Futebol Clube, o time mais antigo do Estado do Espírito Santo, nas finais do campeonato estadual de 2012”.
 
Naquela época, eu estava com uma grande-reportagem para fazer sobre um determinado período do futebol capixaba e precisava também de aplicar na matéria um contexto cultural. Apaixonado por futebol como sou e com essa repentina ‘carta na manga’, uni o útil ao agradável. Fui para a Vila Velha buscar uma câmera fotográfica e de lá parti para o Centro Histórico de Vitória, mais precisamente, o Theatro Carlos Gomes.
 
Cheguei lá em cima da hora e no palco estavam o ator Fernando Medeiros e a atriz e cantora Letícia Persiles, na cerimônia de abertura do Festival de Vitória. O teatro estava lotado e o chão foi a única e mais confortável opção que eu tive para me acomodar. Aguardei alguns minutos e os apresentadores saíram. O show estava para começar e o primeiro documentário foi justamente o “Vitória F.C. 100”.
 
 
O documentário de Vitor Graize e Igor Pontini não resgatou a história do clube, sua fundação em 1º de outubro de 1912, as grandes conquistas como os nove campeonatos estaduais, as duas Copas ES e o título da “Korea Cup” na Coréia do Sul, nem a construção do Estádio Salvador Venâncio da Costa. “A grande inspiração foi mesmo o centenário: tentar entender, por meio do processo de produção do documentário, como um clube de futebol se mantém por cem anos com tão pouca tradição no cenário nacional e tão poucos títulos e tão pouca torcida no cenário regional. A partir desse interesse inicial, fomos percebendo elementos que nos interessavam retratar e que escapam ao torcedor que acompanha seu time à distância, apenas pelos jornais, pela TV ou internet, como o dia a dia e os bastidores do clube”, relatou Vitor Graize.
 
Eles fugiram do lugar-comum. Ao invés de glórias, trouxeram a realidade do futebol capixaba presente também no Vitória F.C.: estrutura precária e a consequente pouca atratividade, apesar do amor de seus torcedores, muito maior que qualquer problema. No lugar de um troféu, entrou a busca dele e ter de conviver com uma derrota. Em 2012, o time foi até às semifinais do Capixabão, mas acabou sendo eliminado pelo Aracruz. Os belos e emocionantes depoimentos foram substituídos por discursos táticos, motivadores e até mesmo sermões do treinador. E o inesperado: em vez de uma visão simplista do jogador de futebol, o público teve diversas reações com imagens de atletas em seus momentos mais íntimos no vestiário, desde o tratamento com os massagistas até eles andando nus no recinto, como se não houvesse câmeras filmando.
 
Perguntei para Vitor Graize como vencer esse tipo de resistência por parte dos amantes do futebol, esporte que ainda é visto como feito por homens e para homens e se havia sido difícil fazer essas imagens. “Acho que um monte de cara pelado representa bem esse ambiente muito masculino. Tomara que os jogadores que aparecem em trajes mínimos entendam que não fizemos com segundas intenções. Mas, estivemos lá naqueles vestiários por muitos dias. Eles nunca tiveram vergonha”.
 
O documentário “Vitória F.C. 100” é um excelente curta, pois mostra exatamente como está o futebol capixaba: mal comandado, com muitos problemas de estrutura, mas ainda sobrevive através de pouquíssimos recursos e do amor dos torcedores que o veneram. A intenção do documentário não vai alavancar o cenário do esporte no Espírito Santo, como destaca Vitor Graize, mas amplia a visibilidade deste grande problema. “O filme não precisa ajudar o seu objeto, ele precisa ser justo e sincero com aquele objeto. E precisa ser um bom filme, acima de tudo. Acredito que é importante construir narrativas e imagens sobre as diversas esferas da nossa sociedade. A partir do momento em que olhamos para nós mesmos com certo distanciamento e senso crítico podemos avaliar nossas condutas, eventualmente redefinir caminhos, quem sabe construir um mundo melhor”.

Que as vozes representantes do esporte aqui no Espírito Santo possam pensar melhor as suas gestões. Quem sabe essa reflexão comece com este documentário? Aguardemos as cenas dos próximos capítulos…
 
Direção: Vitor Graize
Co-Direção: Igor Pontini
Câmera: Igor Pontini e Vitor Graize
Câmera adicional: Diego Locatelli
Som Direto: Diego Locatelli e Vitor Graize
Montagem e Edição de Som: Hugo Reis
Mixagem: Marcus Neves
Design: Felipe Gomes
Produção: Pique-Bandeira Filmes
 
Torcendo a favor
 
“Uma imprensa e uma classe política que não promovem a cultura e o esporte do Espírito Santo não representam o povo capixaba”. O documentário “Invisível”, do diretor e roteirista Diego de Jesus, vai além de uma simples partida de futebol. Ele vai até as arquibancadas dos estádios capixabas para explicar um forte regionalismo e uma necessidade de reconhecimento que emerge nos espiritossantenses mais orgulhosos de seu estado. É a busca pela valorização do que a nossa terra é e tem para oferecer.
 
O cenário inicial do documentário não é o Salvador Costa, nem o Engenheiro Araripe, muito menos o Kléber Andrade, na época em reforma para a Copa do Mundo. A cidade de Vitória abre o filme apontando o sentido da obra: o capixaba e sua relação com o Espírito Santo. Um ponto estético relevante é o fato de imagens da bola rolando serem omitidas da experiência visual. Delas, há apenas ruídos, vozes e gritos, indicando a existência do jogo ou treinamento. Isso traduz nossa consciência de que há futebol no Espírito Santo, mas não temos a mínima ideia de quem protagoniza o esporte.
 
As primeiras formas humanas vêm das arquibancadas do Engenheiro Araripe. O diretor filma cada ação, pessoas e elementos que fazem a beleza dos estádios em dia de jogo, sem virar a câmera para as quatro linhas em momento sequer. Ele grava desde a primeira faixa a ser estendida no alambrado até a reunião da torcida organizada antes da partida, que mais parece um discurso motivacional antes da grande batalha.
 
Após captar o colorido das arquibancadas surgem dois torcedores antigos, um da Desportiva e outro do Rio Branco, contando suas histórias e criticando a falta de apoio ao esporte capixaba, bem como a nossa cultura. Durante a prosa, cenas como o varal de um camelô apenas com camisas de times de fora do ES e do Brasil, e de crianças jogando bola e vestindo camisas de clubes nada capixabas, mostram muito bem o nosso cenário esportivo: a invisibilidade do visível, no caso, do futebol.
 
Mais até. O filme amplia essa questáo para a condição capixaba, cuja crise de identidade precisa ser revista. Nossos olhares estão mais apurados para o que acontece fora daqui, e por vezes, deixamos de nos atentar ao Espírito Santo. “Invisível” nos lembra que, acima de tudo, somos capixabas e que temos uma cultura a ser consolidada. Isso inclui a arte, a música, o cinema, o modo como enxergamos a nós mesmos e aos outros e também o futebol. O Espírito Santo tem luz própria e não vivemos apenas em uma terra ofuscada por gigantes.
 
Olhares
 
O curta-metragem de ficção “Verão Polonês”, do diretor e roteirista André Mielnik, exibido nesta última segunda-feira na competição oficial do Festival de Vitória, acompanha a jovem polonesa Agnieszka que acaba de chegar ao Rio de Janeiro. Na Feira de São Cristóvão ela encontra Carlos, com quem se relaciona e a acompanha no encontro com o pai brasileiro, amante do Vasco da Gama, que permaneceu vivo na memória da polonesa. Pai e filha, mais a meia-irmã Julia, se encontram em São Januário para assistir o jogo do Vasco. Mas para contar essa história, o filme vai além.
 
Um dos elementos que mais chamam a atenção é o olhar de Agnieszka, em diversos momentos. Quando chega ao Rio de Janeiro e passeia pela Feira de São Cristóvão, a câmera acompanha seu olhar, o que nos aproxima no caminhar junto da moça, explorando um mundo novo e estranho. Ao conhecer Carlos, seu olhar surge esperançoso, mas sem perder o instinto de curiosidade e estranhamento. Ao encontrar seu pai, Jeremias, seus olhos se enchem de alegria, roubando novamente a cena.
 
Vale destacar uma grande ideia do diretor: a forma encontrada por Agnieszka para se comunicar. Ela conversava com Carlos e Jeremias através do Google Tradutor. O “diálogo” foi mais bonito e mais eloquente do que uma conversa natural, pois o fato dela não falar naturalmente destacou ainda mais as expressões faciais dos atores, principalmente de Agnieszka. Palavras faladas por ela ficaram restritas ao hotel, com o recepcionista, e ao se apresentar para a irmã, em uma das cenas mais bonitas deste filme de poucas palavras e muita expressividade.
 
O tritão que existe em nós
 
Produzido por André Ehrlich Lucas, o documentário capixaba “Alguns Tritões” aborda o dia a dia de atletas do Vila Velha Tritões, equipe capixaba de futebol americano. Desde o início o filme mostra que não se trata de mais histórias emocionantes de vida dos atletas capixabas.
 
O diretor deixa claro que um paradigma está para ser quebrado: vamos olhar para jogadores de futebol americano, esporte altamente corporal e brutal, e procurar personas comuns por debaixo daqueles capacetes. Impressões captadas em diálogo
direto, estabelecido entre narrador (o diretor, em primeira pessoa) e espectador.
 
A câmera detalha a vida de jogadores dentro e fora dos campos. O resultado gera contrastes. Dos diversos exemplos, cito dois em especial. O do funcionário do restaurante Los Chicos, em Vitória; e o de um jogador sendo abençoado em um templo, antes do jogo. Os dois, fora dos campos, praticam ações como gentileza e educação.
 
Porém, no território do Futebol Americano, tornam-se atletas que, juntos, criam um ambiente hostil para qualquer adversário: concretos quebrados, gritos e discursos de guerra, “onomatopeias”, força física e muita braveza em suas expressões faciais.
Ao evidenciar a dicotomia entre a força e a simplicidade dos campeões nacionais de Futebol Americano, mas que ainda não tem tanta visibilidade no Espírito Santo, “Alguns Tritões” se diferencia na atual produção audiovisual esportiva, marcada pelo discurso de carência. Como é dito na própria sinopse, “um filme dos Tritões não pede desculpa”. 
 
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Trabalhos Independentes

Esta pasta de projetos contém alguns textos feitos por mim. Eles foram desenvolvidos em atividades na Universidade e em oficinas de produção text Read More

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