A preocupação com o ambiente é uma realidade constante no dia-a-dia da população, verificando-se cada vez mais ameaças contínuas no nosso planeta e que gerem diversas disfunções ambientais. A grande realidade é que grande parte desses problemas ambientais são gerados pelas populações e a forma como estas ocupam as grandes cidades – grandes concentrações populacionais nas zonas urbanas. São bem visíveis as grandes cidades invadidas de edifícios e que carecem de espaços verdes, causando um efeito prejudicial no ambiente. Como exemplo temos a cidade de Xangai, na China, a cidade com maior população mundial – com 1,928 km² de área e uma população total de 13,831,900 de habitantes (fonte: Shanghai Municipal Bureau of Statistics, Shanghai Statistical Yearbook 2009, Total of permanent population); e a cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos da América, também uma das cidades mais populosas do mundo – com 789,4 km² de área e 8,363,710 habitantes (fonte: Annual Estimates of the Resident Population for Incorporated Places Over 100,000, Ranked by July 1, 2008 Population: April 1, 2000 to July 1, 2008).

 

Em meados e finais do século XX houve um grande crescimento das zonas urbanas, causando grande impacto ambiental no nosso planeta e, consequentemente, diminuindo os recursos naturais disponíveis. Consultando o estudo feito por Wang, em 2008, verificaram-se inúmeros aumentos populacionais em diversas partes do mundo:

- Europa – de 51 para 73%;

- América do Norte – de 64 para 80%;

- Em todo o Mundo – de 29 para 48€.

 

Todo o que o ser humano já conseguiu e o que continua a fazer em termos ambientais parece não ser suficiente. Este mesmo estudo apresenta uma projeção para 2030 muito preocupante, pois os valores continuam a aumentar:

- Europa – 80% de população urbana;

- América do Norte – 87% de ocupação;

- Mundo – aumento de 61% nas restantes áreas globais.

 

Apesar de todos estes valores alarmantes é possível controlar as pressões ambientais a que o planeta e todos os seres estão sujeitos. Existe a grande urgência de colaboração de todos, contribuindo assim em prol de um ambiente melhor e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida. Para que isso seja possível cada um tem que tomar consciência de que todas as suas atitudes e os seus gestos podem apresentar impacto ambiental e, de grande importância, complementar isso com o bom ordenamento do território e a prática de uma construção sustentável.

 

Uma das soluções para os problemas ambientais, em contexto urbano, são as construções sustentáveis - no que diz respeito apenas na construção do edificado. Quando bem executadas apresentam inúmeros benefícios, tendo como benefícios diretos a prevenção e atenuação das alterações climáticas, gestão de águas e gestão de energia. A construção sustentável tem-se revelado muito relevante no que diz respeito à sustentabilidade dos edifícios nas cidades, estando entre as recomendações de estratégia da União Europeia na temática do ambiente urbano.

 

Dentro da construção sustentável encontram-se as coberturas verdes, uma das apostas benéficas, pois a estas estão associadas ainda vantagens como a redução da Ilha de Calor em área urbanas, a gestão do escoamento de águas pluviais e o aumento da qualidade do ar nas áreas urbanas. Em alguns países, como o Japão, Alemanha e Bélgica, a utilização das coberturas verdes está presente há algumas décadas. Em Portugal, a utilização de coberturas verdes ainda é escassa.

 

Existem grandes estudos feitos às coberturas verdes, mas grande parte desses estudos baseia-se simplesmente nos benefícios das coberturas verdes, apresentando apenas as grandes vantagens que este tipo de solução proporciona nos edificados, tudo isto praticamente nas áreas profissionais de arquitetura e engenheiras. Em contrapartida, os estudos sobre a relação custo-benefício das coberturas verdes é muito reduzido e muito pouco conclusivo.

 

O presente trabalho tem como principais objetivos analisar os custos financeiros que as coberturas verdes (nas suas diversas tipologias) apresentam nas cidades portuguesas e como estas devem ser vistas na própria ecologia da cidade. Com o fim de atingir estes objetivos, o presente trabalho abordou diversos assuntos:

 

- Identificação das diversas tipologias de coberturas verdes, conhecendo quais os benefícos/limitações na utilização de cada uma;

- Conhecimento das componentes do sistema construtivo;

- Identificação de diversas variantes diretamente relacionadas com os custos financeiros de instalação de coberturas verdes, de forma a realizar posteriormente a análise custo/benefício na sua utilização;

- Utilização de projeto fictício de forma a explicitar, com valores numéricos, as variantes acima referidas;

- Apresentação, na vertente da profissão arquitetura paisagista, de uma análise crítica da utilização destas coberturas nos centros urbanos.