PRESÍDIOINCLUSIVO
“[...] Se alguma coisa deve ser feita para “reformar” os homens, a primeira coisa é “formá-los.”
Lina Bo Bardi
Calcados na ideia de que a educação é o principal modelador de postura do ser humano, demos forma ao projeto do Presídio Inclusivo. Assim, baseados em princípios pedagógicos de reinserção, foram concebidas salas de aula e salas de ofício. Esses foram os principais meios usados para a concepção do complexo educacional, aqui chamado de presídio. Tendo a qualidade de vida como outro norte, o complexo penitenciário proporciona para seus detentos oportunidade real de reabilitação social, recuperação de auto-estima e dignidade, sempre visando à diminuição de taxas de reincidência criminal, contrariando o atual sistema carcerário que está em vigor no país.
IMPLANTAÇÃO
A didática do presídio se mostra fisicamente na implantação, onde a ideia de cidade está acoplada a ordens e disposições que facilitam seu mecanismo. Os detentos foram separados em três categorias correspondentes à gravidade dos crimes cometidos: categoria grave, categoria moderada e categoria leve. E essas são distribuídas em três conjuntos que possuem, proporcionalmente aos dados do Departamento Penitenciário de Justiça (2009), capacidade para 60, 150 e 90 pessoas, respectivamente. Os blocos possuem vias com infra-estrutura urbana semelhantes às da cidade de Maceió. Além de criar uma ambientação de pertencimento à sociedade, têm ligação com as dependências da Universidade Federal de Alagoas para possibilitar projetos conjuntos ao meio acadêmico.
A presença da água como o eixo central do design é devido ao baixo valor de inércia térmica do elemento, o que possibilita temperaturas menores durante os dias quentes da capital de Alagoas. E, conceitualmente, a presença da costa marítima na cidade deu origem às formas curvas suaves do projeto.
BLOCOS DE CELAS
Os blocos de celas comportam 10 detentos em celas individuais, com a ideia inicial de preservar a privacidade e a liberdade individual de cada detento, proporcionando o conforto ideal para que haja uma boa qualidade de vida. As celas também têm quartos mais espaçosos que, consequentemente, trazem ergonomia para detentos portadores de necessidades especiais.
COMPLEXO ESPORTIVO
A matéria de esporte é abordada em peso, pois há área considerável do lote dedicada ao setor desportivo, essencial no conceito de qualidade de vida. Além de ser um incentivo ao trabalho em equipe e dissipar a agressividade dos detentos, também é um meio de manutenção da saúde, evitando danos psicológicos e físicos.
-Programa: campo de futebol, quadra poliesportiva, piscina olímpica, pista de corrida, quadras de tênis e possibilidade de aulas de educação física.
SALAS DE OFÍCIO
Trabalhar durante o período de punição auxilia na reinserção do detento na comunidade após o término da pena. É fator de grande importância por agregar ao futuro currículo do indivíduo e, consequentemente, ter a possibilidade de melhorar o padrão de emprego e conseguir alcançar a estabilidade financeira, o que é determinante para a não reincidência criminal. De certa forma, a remuneração e a possibilidade de renda dentro do presídio formam um sentimento de independência e também fazem parte da manutenção da dignidade do indivíduo. Considera-se, inclusive, a oportunidade de escolha vocacional, o que aumentaria o prazer por certas atividade e a autoestima individual.
SALAS DE AULA DO PRESÍDIO E DA UNIVERSIDADE
A metodologia do presídio como local de reinclusão social bem sucedida beseia-se no aprendizado, uma vez que o custo com a educação dos detentos é menor que o custo de abrigá-lo por uma segunda vez. A instituição oferecerá desde aulas do ensino básico até aulas mais avançadas em parceria com a UFAL, o que contribui em diversos pontos na reabilitação social do recluso, e principalmente, age como um facilitador na conquista de uma vida melhor após o cumprimento da pena. A utilização rotineira de um meio externo (universidade) é também um incentivo a mais a ter bom comportamento. Ademais é uma excelente forma de apagar preconceitos em relação a figura deturpada do presidiário (fator esse que colabora de maneira significativa com a reinserção do indivíduo na sociedade).
Publicação de notícia sobre o projeto no site da revista au. 15/11/2015
Equipe: Ana Carolina Pianovski, Anna Luiza Valente Klaine, Danilo Alberto Menon, Hermes Eduardo Nichele e Thamires Chuchene Bonatto.