Ponte-Parque Ricardo dos Santos | Florianópolis | Brasil
★ 2º Lugar Concurso Internacional de Arquitetura para Estudantes | Projetar.org
Bridge-Park Ricardo dos Santos | Florianópolis | Brazil
★ 2nd Prize International Architecture Competition for Students | Projetar.org
Projeto Acadêmico | Academic Project
Equipe | Team :
Eduardo Kopittke | Gabriel Teixeira | Rodrigo Steiner
Ano | Year : 2015
Programa de Necessidades : Program :
-Trânsito de Veículos : -Vehicles Traffic :
3 Pistas cada sentido 3 Lanes each way
1 Pista de Ônibus cada sentido 1 Bus Lane each way
2 Estações de Ônibus cada sentido 2 Bus Stops each way
Alças de Acesso Veicular Vehicle Acess Ramps
- Parque | Trânsito de Pedestres e Bicicletas - Park | Pedestrian and Bike Traffic
Vias de Pedestres Pedestrian Lanes
Espaços de Estar Público Public Living Spaces
Quiosques Kiosk Stores
Mirantes Obesrvatorys
Ciclovia Bike Lanes
Estações de Aluguel de Bicicleta Bike Rent Stations
Espaços de Estar Público Public Living Spaces
Quiosques Kiosk Stores
Mirantes Obesrvatorys
Ciclovia Bike Lanes
Estações de Aluguel de Bicicleta Bike Rent Stations
TRAVESSIA: A ORLA SOBRE A ÁGUA
Essencialmente, pontes servem para que uma travessia seja realizada. Parte-se de um ponto A e chega-se a um ponto B. O partido para o projeto da Ponte-Parque de Florianópolis serve à esse conceito inicial, todavia amplia o seu sentido no que se refere à número de percursos, mobilidade urbana, estrutura e paisagismo.
Mais do que desenhar para um momento de passagem, o projeto para a nova ponte convida à permanência, à ocupação. Para tanto, além de propor uma ligação de vias do continente à ilha, o projeto visa conectar as orlas às margens por um grande parque que se amarra as cabeceiras da ponte. A concretização desse conceito se dá pelo número de percursos propostos: pode-se atravessar à pé, de bicicleta por uma ciclovia expressa, de carro ou transporte público. No entanto, é a possibilidade de tocar da água ao céu, possibilitada por uma circulação vertical implantada no pilar, que encarrega-se de tornar o percurso mais dinâmico. A travessia já não precisa mais ser a razão essencial pela qual a ponte é ocupada, mas sim as várias possibilidades de percursos, as várias alturas para a mirada (água, praça, mirante e elevador), e por vários outros motivos que só a apropriação desse objeto pela população poderia confirmar.
Em termos de mobilidade urbana, o desafio principal foi trazer à tona uma proposta que respondesse ao clamor popular que freou o projeto proposto para a 4ª ponte de Florianópolis, apresentando um desenho que proporcionasse uma solução tanto fácil de ser compreendida, quanto excitante, que trouxesse animosidade entre a população. Para tanto, achar a escala certa entre algo que fique ainda no campo das ideias (mas sem extrapolar a realidade) e algo que não seja monótono (como a proposta vetada) foi o norte do projeto. É a possibilidade clara de entender que se trata de uma ponte que resolve as questões básicas de mobilidade (a amarração correta das vias entre continente e ilha) e de compreender que também se trata de um grande parque (que anima a população à pensar uma cidade que lida com os desafios contemporâneos da urbanidade). Quanto às possibilidades de trajetos, o projeto apresenta a possibilidade de caminhar sobre os arcos, usar a circulação vertical acoplada ao pilar para chegar à todos os níveis do projeto, e também atende ao programa: 3 pistas em cada sentido para veículos particulares, uma pista em cada sentido para transporte público e ciclovias. O desafio maior relacionado especificamente à essas questões técnicas foi como lidar com uma faixa de ônibus central e articular as paradas para que os passageiros aguardem à direita do motorista, para facilitar a entrada no veículo. Para tanto, o veículo de transporte coletivo ocuparia o vazio central entre as faixas dos dois sentidos no momento da subida dos passageiros, criando, assim, o espaço necessário para as paradas, que são acessadas pela praça através de rampas.
A estrutura foi resolvida com o arco, uma estratégia muito usada em pontes e bastante conhecida por vencer grandes vãos. Tendo como base a altura de aproximadamente 70 metros da ponte pênsil Hercílio Luz, foram desenhados dois arcos com a mesma altura em uma proporção bastante “aberta”, tanto para não agredir a visual existente, quanto para proporcionar a possibilidade de serem caminháveis. Sendo assim, mantém uma inclinação razoável para se tornar um percurso, dando como possibilidade chegar ao mirante principal. À fim de manter a altura de 70 metros, o pilar central foi acoplado à estrutura, de maneira a aliviar o esforço no arco e na base que o sustenta. Quando implantado, o pilar também se encarrega de estabelecer uma circulação vertical entre todos os níveis do projeto, dando acesso a portadores de necessidades especias à todos os momentos possíveis. O fato de que aterros serão inevitavelmente feitos para a implantação das cabeceiras, tiramos partido desse movimento de terra para a realização de um grande talude, por onde as vias passam (sistema cut-and-cover para a solução das vias) que se encaixam em uma grande treliça que isola o transporte veicular da experiência na praça. O detalhe estrutural à direita explica como funciona o processo de montagem do arco, que se dá por peças pré-fabricadas. Os estai, por sua vez, são duplicados e se fixam às quatro treliças que formam a caixa de dois níveis, o nível inferior das pistas dos veículos automotores, e o nível superior da praça.
Em relação ao paisagismo, o desenho responde ao conceito de criar permanência, ocupação. Para tanto, caminhos se cruzam de maneira aparentemente aleatória, criando nós entre percursos que se tornam espaços de estar e induzem muito mais ao encontro do que a passagem. Além disso os caminhos ligam pontos importantes da praça, como, por exemplo, os quiosques, as rampas de acesso às paradas de ônibus, as rampas que levam ao nível da água, o elevador central e os mirantes nas bordas da praça. E ainda mais, com essa ligação de pontos formam-se polígonos, espaços vegetados que também abrigam parte do programa, como as academias ao ar livre, os bicicletários e espaços de onde é possível se deitar na grama e aproveitar a sombra de uma árvore.