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Habitação Social | VII Concurso CBCA

EDÍFICIO DESTINADO A HABITAÇÃO SOCIAL
 
O problema do déficit de habitação é uma realidade no Brasil, e está igualmente presente na capital paranaense, Curitiba. O intenso processo de urbanização sem o devido planejamento contribuiu para o processo de surgimento de núcleos habitacionais desorganizados, popularmente conhecidos como favelas. O desenho urbano dessas ocupações, bem como suas habitações, normalmente não possuem condições básicas de salubridade e conforto como adequada insolação, ventilação e espaçamento umas das outras. Outro problema que envolve a habitação social brasileira é a suburbanização das moradias de interesse social produzidas pelo governo, jogadas para áreas carentes de infraestrutura urbana e viária. Buscou-se então uma área com ampla dinâmica urbana que proporcione, justamente à população carente, facilidade de transporte e proximidade de serviços básicos assim como à cultura e ao lazer.
 
 


O TERRENO
O bairro Parolin, na capital paranaense, situa-se a menos de 3 km do centro da cidade, sendo amplamente servido por vias de acesso rápido e transporte público, e também apresenta algumas das mais desorganizadas e perigosas áreas de ocupação irregular da cidade. Um eixo de habitações sociais desenvolveu-se em terrenos antes ocupados por uma linha férrea que cortava Curitiba no sentido leste-oeste, cuja remoção ocorreu devido a criação de anéis de desvio perimetrais à cidade. Partindo do princípio que se deve sempre tentar permanecer a população em sua vizinhança no ato da reurbanização, propõe-se a ocupação de um grande terreno linear, a menos de 500 metros da ocupação original. O terreno selecionado se localiza justamente em um trecho invadido por ocupações irregulares. O terreno possui um desnível de aproximadamente 10 metros entre suas extremidades, medindo quase 700 metros de comprimento por 40 metros de largura, e é cortado por duas ruas locais no sentido norte-sul.


O SISTEMA
Para baratear custos, otimizar mão-de-obra e matéria prima e agilizar o processo construtivo optou-se pela adoção de um sistema construtivo que se utiliza de um número pequeno de peças distintas, que podem ser ordenadas de maneiras diferentes a fim de se adaptar às necessidades do local em que as habitações serão construídas. A ideia de pré-fabricação aliada com a ideia de autoconstrução – que não exige grandes equipamentos de logística como gruas e pode ser executada pela própria população local, com a devida supervisão e orientação técnica – faz do aço o material mais indicado para o sistema. O sistema se utiliza de perfis H metálicos de 3 metros de comprimento com base e altura fixas em 15 centímetros, de maneira a serem leves e curtos o suficiente para fácil manuseio e servirem tanto como vigas e pilares. A medida de 3 metros define também a modulação do sistema, uma vez que evita desperdício no corte das peças de 6 metros existentes no mercado. O mesmo pode ser utilizado tanto como um módulo de pé direito, quando na vertical, quanto como um módulo de quarto ou de dois banheiros, quando na horizontal.
O sistema permite expansões nos três eixos: Z – o vertical, Y e Z - horizontais, além de poder ser transformado em um sistema estrutural treliçado quando adicionada uma peça diagonal no quadro. Esse sistema treliçado, por sua vez, pode ser utilizado em situações de balanço e grandes vãos, conforme necessidade programática.
esquema 

O PROJETO
Primeiramente estabeleceu-se um prisma retangular semi-enterrado cujo topo se localiza no mesmo nível da extremidade mais alta do terreno. A extremidade oposta, por sua vez, eleva-se dez metros em relação ao nível térreo. Esse grande prisma foi dividido segundo zonas de habitação, recreação e comércio, de maneira proporcionar diversificação de usos, dando vida ao conjunto em todos os momentos do dia. Ao longo do prisma foram criados vazios de modo a definir blocos, dispostos na orientação norte sul, com as fachadas leste e oeste liberadas para receber luz solar e permitir a ventilação cruzada. Os vazios entre os esses blocos menores atuam como respiros e aliviam a impressão de monumentalidade do conjunto. Áreas de circulação vertical foram distribuídas a cada seis blocos, ligando verticalmente os pavimentos. Como o terraço do conjunto é incorporado ao espaço público, o mesmo pode ser circulado livremente, se comportando como uma área de encontro, lazer e ligação entre os blocos. Para conectar o nível do terraço ao nível térreo conforme o terreno cai, junto às áreas definidas como de recreação e comércio foram delimitadas escadarias públicas, que ao contrário das circulações verticais dos blocos de habitação, não possuem acesso controlado. Assim, o terraço foi transformado em uma grande área pública que se desenvolve sobre o conjunto, articulando todo o projeto. O estacionamento para os moradores é delimitado na extremidade oeste do conjunto. Há a possibilidade do estacionamento de veículos junto à rua localizada na porção sul do complexo.
diagrama dos vazios

AS HABITAÇÕES
Partindo do módulo mínimo, foram definidas as unidades habitacionais que compõem o conjunto. São três tipos distintos de apartamento que buscam atender diferentes tipos de famílias e possuem diferenças de tamanho e número de cômodos. A unidade básica possui seis módulos com dois dormitórios e área de 57 metros quadrados. A unidade intermediária têm oito módulos, três dormitórios e 76 metros quadrados de área. A unidade maior, por sua vez, conta com 10 módulos e três dormitórios, além de uma sala maior. Sua área é de 95 metros quadrados e essa tipologia se apresenta em menor número no complexo. A sobreposição das unidades habitacionais dentro dos blocos menores, bem como seu deslocamento vertical cria áreas livres, varandas para algumas unidades e uma área por onde passa o grande eixo de circulação vertical de cada pavimento do conjunto. Esse eixo caracterizado pela cor vermelha está presente em todos os pavimentos e no nível do terraço, no qual é de acesso público. 
corte / plantas
esquema
praça / módulos comerciais com escadaria pública
passarelas que ligam os edifícios residênciais
terraço público
residências térreas
Habitação Social | VII Concurso CBCA
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Habitação Social | VII Concurso CBCA

CBCA 2014 - HABITAÇÃO SOCIAL EM CURITIBA

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