Juarez Parolin's profile

Droguinha na Escola


O título é polêmico, mas não, eu não vou falar das minhas experiências com droguinhas, ou mesmo de tráfico de drogas em ambiente escolar. Quer dizer, mais ou menos. A breve história compartilhada aqui é uma experiência com droga e se passa em ambiente escolar, mas não do jeito que você provavelmente está pensando.

Em 2010, eu estava no primeiro ano do ensino médio. Um dos meus professores favoritos era o Paulão de química. O Paulão era um excelente professor, mas também um legítimo professor várzea. Falava palavrão, zoava os alunos, fazia piada, odiava dar lição de casa e quando dava, nem cobrava porque tinha preguiça de corrigir e compartilhava suas opiniões a respeito das professoras que ele considerava gostosas com os alunos homens. Isso é babaca? Talvez, mas estamos falando de 2010 e alunos de quinze anos com hormônios à flor da pele. Não seja chato ou chata.

Em um belo dia normal, tivemos aula no laboratório para aprender sobre alguns produtos químicos. Todos ficamos felizes porque adorávamos aulas no laboratório. Raramente a gente se comportava e era muito comum a gente se comportar tão mal a ponto de não durar nem cinco minutos no lugar. Saudades. Enfim, fomos até o laboratório para ter nossa aula sobre produtos químicos. Nesse dia, a turma estava calma e estávamos realmente curiosos a respeito dos tais produtos. Uma aula normal com o professor explicando coisas e mais coisas até que ele mostrou um frasco. Era amônia.

Não vou me estender a respeito desse produto, mas te digo que é forte para um caralho. Negócio tóxico, pesado. Ele abriu o frasco e saiu uma fumacinha. Todo sorridente, o Paulão pergunta se eu quero cheirar. Sim, é isso mesmo que você leu. O meu professor várzea - e inconsequente - perguntou se eu queria cheirar a amônia. Eu, bem inocente, fui até ele e cheirei, para a surpresa do professor que claramente não esperava pela minha atitude. Meu deus do céu! O meu cérebro parecia que ia explodir; a dor de cabeça foi intensa. O nariz ardeu e eu caí no chão, desmaiado. A alma saiu do meu corpo e viajou através das galáxias contemplando as belezas que vão além da compreensão humana. Não consigo dizer aqui quanto tempo foi essa experiência transcendental, mas foi questão de segundos. Vou dizer que foram uns dez segundos, vai. Mas foram segundos que pareceram horas.

Depois dos tais dez segundos contemplando as maravilhas do universo, fui levantado por todos. “Mas Parolin, as pessoas te ajudaram, te levaram para o ambulatório, cuidaram de você??”. Quem dera! Na verdade, tava todo mundo rindo, inclusive o Paulão. Todo mundo achou super engraçado o fato de eu ter sido drogado por um professor inconsequente. Como eu reagi depois disso? Bom, como eu sou uma pessoa igualmente inconsequente, eu ri de mim mesmo e me juntei a todos na zuera. E como homem gosta de aumentar as histórias para se autoafirmar, eu contei para todo mundo que eu peguei amônia escondido para uso pessoal. Me achando o fodão das galáxias.

Analisando hoje em dia, eu fico pensando e chego à conclusão que se isso acontecesse nos dias de hoje, o professor seria preso na mesma hora. Realmente, o professor não pode fazer um aluno cheirar amônia porque os riscos que esse produto pode trazer são imensos. Quer dizer, ele ofereceu ali na zuera e eu, bem idiota, aceitei participar desse “experimento”.  Mas ele também não me impediu. Mas enfim, se eu soubesse que um professor induziu indiretamente filhos meus a inalarem amônia, eu também ficaria um tanto puto. Mas como eu não tenho filhos e que não quero pagar de moralista, caguei pra isso. Fodace. A situação foi engraçada e me divirto até hoje relembrando essa história.
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