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Artigos sobre UX Design - Blog BRQ

Redação de para empresa de consultoria de tecnologia.
Como aplicar técnicas de UX Writing em seus projetos digitais

Precisamos falar a respeito de UX Writing! Por muito tempo negligenciado pelos designers gráficos, títulos e descritivos de produtos e serviços se tornam cada vez mais relevantes quando falamos da experiência do usuário e, ainda mais, da ferocidade de consumo da informação, fenômeno que se potencializou com o crescimento do uso de smartphones, permitindo o acesso ao conteúdo on-line a qualquer momento e local. 

Quando falamos de usabilidade, uma excelente redação nada tem haver com palavras difíceis ou enormes parágrafos. Esqueça também a sua lógica! Para falar de maneira clara e objetiva com o usuário é necessário entender como ele se comunica, isto é, qual o significado cada palavra e expressão tem pra ele, independente do que elas significam de fato.

Ficou confuso, né? Vou explicar um pouco melhor te contando sobre um processo que aprendi em um curso de UX Writing do Bruno Rodrigues, grande referência no assunto: Dicionário de Vocabulário Controlado, que nada mais é do que um complemento ao manual de tom de voz da empresa para a padronização da nossa comunicação com o usuário. 

Como construir um Dicionário de Vocabulário Controlado?

Para a construção deste guia, o primeiro passo será a realização de uma pesquisa de focus group com cerca de 8 a 9 pessoas (não mais de 10 para que não fique muito confuso, mas com uma quantidade expressiva de indivíduos para um recorte melhor dos termos utilizados). 

Esta pesquisa não terá como objetivo saber a opinião da pessoa sobre seu produto e marca e sim ouvi-la falar sobre eles a fim de entender os sentimentos envolvidos quando cada palavra é emitida.

UX Writing e UX Research andam muito mais juntos do que podemos imaginar, por isso, é importante contar com o apoio de Research para a construção do formulário, recrutamento dos participantes e também para estipular um objetivo de escuta, ou seja: estamos ouvindo o usuário para captar expressões que se referem a que tipo de produto ou serviço da empresa? 

Quanto às perguntas a serem feitas, é preciso que haja uma lógica, apresentando-as como perguntas de topo, meio e fundo do funil, por exemplo: 
- você utiliza os produtos na nossa marca? em que momentos? (mais genérico, topo de funil)
- quais os produtos ou serviços você mais gosta ou menos gosta? (perguntas mais f- ocadas em usabilidade, meio de funil)
- se fôssemos lançar uma nova funcionalidade o que você gostaria de ver (relacionada ao objetivo da pesquisa, fundo de funil)

Durante a aplicação da pesquisa, fique atento às palavras utilizadas e contextos para poder realizar uma verdadeira “pescaria semântica” (termo utilizado pelo Bruno e que não consigo imaginar outro melhor) das expressões de conotação positiva ou negativa. É interessante gravar esse processo, assim você fica mais livre para dialogar com os participantes e poder relembrar posteriormente tudo o que aconteceu.

Ao analisar os dados coletados, você vai perceber quais os termos mais se repetiram e anotar os significados que eles têm para o grupo analisado. Ele é diferente do significado do bom e velho Dicionário Aurélio e eu vou dar um exemplo do exercício que fizemos durante o curso: estudamos a UXConf, um evento que acontece com grandes nomes da área anualmente em Porto Alegre, e uma das palavras encontradas foi “acessível”. 

Para nós, designers UX, esse termo tem muita relação com acessibilidade, uma interface de fácil uso. No entanto, naquele contexto, acessível tinha a ver com o preço e local do evento e o que fazer então? Escreva este verbete e sua aplicação no seu “dicionário de UX Writing”. Na nossa atividade, a descrição para acessível foi: “evento online e/ou itinerante, que, por sua característica torna-se mais barato, facilita a participação de pessoas de diferentes cidades, que podem gastar menos com deslocamento, além do ingresso do evento”.

Por fim, e não menos importante, é hora de documentar e listar as palavras positivas e negativas para cada parte da sua interface: botões e CTAs, títulos e descritivos, alertas entre outros. O importante é elencar o que usar ou não usar em cada momento para se comunicar com o usuário, considerando a linguagem dele.

Acredite! Vale a pena!
Ninguém falou que seria fácil, mas uma boa escrita, especialmente para aplicações digitais, garante a usabilidade e, o mais importante, o engajamento! Afinal, ninguém se sente motivado a utilizar um sistema que não entende ou que não se comunica com o seu jeito de falar, não é mesmo?

Essa técnica é só uma parte do curso do Bruno, que traz várias dicas de boas práticas para UX Writing e tira qualquer apaixonado por escrita de sua zona de conforto! Embora tenha sido bem difícil escrever este texto conhecendo as técnicas (e nem sei se consegui aplicar todas, mas seguirei praticando), recomendo muito o curso, que fiz pela How Education, mas é aplicado por outras escolas de UX. E, se você chegou até aqui, fica mais um segredinho de escrita para interfaces digitais: você sabia que a maioria das pessoas não lê último parágrafo? Pois é! São tantos detalhes que provavelmente será necessário um outro artigo sobre o tema.

Postagem Original - Setembro de 2020: 
3 maneiras simples de começar virar a chave da acessibilidade no dia a dia da sua empresa

A transformação digital já é uma realidade em diferentes mercados e, dentro desse cenário, a acessibilidade é uma pauta cada vez mais relevante para as empresas que se preocupam verdadeiramente com a experiência do usuário.

Embora o investimento pareça elevado ou as pessoas com deficiência não sejam seu público alvo, devemos lembrar que, quando a acessibilidade vai além de limitações permanentes, impostas por deficiência física ou intelectual.

Surpreso? Pois pense numa mãe, com seu bebezinho no colo, tentando niná-lo. Esta mãe representa uma limitação física situacional, ou seja, naquele momento, ela se torna incapaz de utilizar ao menos um de seus braços e, provavelmente, também com a audição comprometida, uma vez que precisa do mínimo barulho possível no para fazer a criança pegar no sono. Um motorista de aplicativo, igualmente, tem a visão comprometida pela situação, visto que deve atentar-se ao trânsito e não ao seu aplicativo de corridas.

Há, ainda, a chamada limitação temporária. Aquela que acomete a visão de um idoso, recém operado de uma catarata, e que, por um determinado período de tempo, não poderá enxergar com um de seus olhos. Da mesma forma, um jovem atleta, também pode viver uma limitação, quando acidentado e com membros engessados.

3 ideias para uma mentalidade inclusiva e acessível

Ainda que a questão da acessibilidade envolva inúmeros critérios para que uma plataforma digital seja considerada um triplo A na WCAG (Web Content Accessibility Guidelines), principal referência mundial sobre o tema, separei aqui 3 ideias simples para virar a chavinha para uma mentalidade inclusiva e acessível.

1. Prefira a linguagem neutra
Hoje em dia, vemos muitas empresas que, para se posicionarem de maneira inclusiva para o público feminino e LGBTQIA+, optam por escrever palavras do gênero masculino substituindo o artigo “o” pelas letras “x”, “e” ou mesmo por um @.

A iniciativa, embora interessante sob um ponto de vista, prejudica a performance dos leitores de tela utilizados por pessoas com limitações visual. Além disso, pessoas com dificuldades cognitivas ou mesmo aquelas não familiarizadas com essas iniciativas que nasceram especialmente no meio digital também podem ter dificuldades de compreensão.

A melhor forma de se comunicar de maneira efetivamente inclusiva é utilizando nossa boa e velha língua portuguesa para selecionar expressões unissex que se adequem à mensagem que você quer passar.

Você pode substituir “todos os professores” por “todo o corpo docente”, por exemplo. Ao invés de “os diretores”, prefira “a diretoria”. Troque “os médicos” por “a junta médica”. “Ficou interessado?” pode ser “Teve interesse?”. “Procuram-se publicitários” pode se transformar em “procuram-se pessoas de publicidade”… e por aí vai!

2. Aposte nas legendas e descrições de imagem
Essa boa prática vale para sites, plataformas e aplicativos de negócios e também é uma bela dica para a sua equipe de comunicação e marketing. Utilizar o “Para todos verem” para descrever fotos de postagem e legendar os stories falados vai ajudar muito a sua audiência, especialmente àquelas pessoas que acessam as redes com o volume mínimo ou mudo.

Utilizar o alt-text no seu site institucional, além de ser inclusivo, visto que permite que as pessoas que utilizem os leitores de tela possam ter a informação sobre qual imagem está sendo retratada naquele contexto, também pode colaborar com a sua estratégia de SEO (Search Engine Optimization), isso é, a otimização para os mecanismos de buscas.

3. Atenção para o contraste de cores e tamanhos de fontes
Você pode sim seguir a paleta de cores da sua marca. Você também pode ousar utilizando cores neon ou manter a delicadeza com tons pastéis, no entanto, é sempre necessária a máxima atenção com o contraste para garantir uma boa visualização dos textos e elementos gráficos com cores sobrepostas.

Uma dica, nesse sentido, é utilizar a ferramenta gratuita Adobe Color que, além de ajudar na criação e extração de paletas de cores e gradientes, conta agora com função de acessibilidade que permite a testagem do contrate de texto versus cor de fundo e indica se as cores escolhidas estão aprovadas ou reprovadas para componentes gráficos, textos normais (17pt ou menos) e textos grandes (18pt ou mais).

É claro que a acessibilidade vai muito além dos pontos citados neste texto e a verdade é que muitos outros critérios simples da WCAG podem ser adotados de imediato por aqueles que buscam ser mais inclusivos. O importante, porém, é dar o primeiro passo e acreditar que esta pauta não se limita às pessoas com deficiência. Apostar em acessibilidade traz benefícios para todos.

Postagem Original - Janeiro de 2022: 
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