Porque esse desenho de criança é tudo isso!?
Recentemente, assisti o “Homem Aranha: Através do Aranhaverso” e seria “chover no molhado” falar o quanto esse filme é espetacular (sim, esse elogio já foi uma referência). Portanto, neste artigo, eu gostaria de elucidar alguns aspectos, que levam esse filme à outro patamar, só que de um ponto de vista um pouco mais técnico.
O primeiro ponto é o protagonista (que está no centro da imagem deste Post). Miles Morales é um jovem muito diferente de Peter Parker (o homem aranha original) e apesar disso, os dois conquistaram seu espaço no mundo do entretenimento de forma igualitária, mas por quê? Porque a identificação que público tem com os dois personagens é extrema.
Peter fala com o público mais velho, sendo representado como um homem aranha mais experiente, mais cansado, preocupado com o casamento e um pai de família. Miles fala com o público jovem; ele é cheio de vida, carrega consigo muita expectativa de todos à sua volta e sofre pressão para ser grandioso o mais rápido possível. Miles é um retrato de toda geração Y e suas sucessoras: Jovens que nasceram para serem excepcionais, pois seus pais investiram muito tempo, dinheiro e dedicação neles.
O segundo ponto é o deleite visual, que em primeira instância, é trazido pela personagem da Gwen Stacy (personagem que veste um traje branco e esta localizada no lado esquerdo da imagem). O mundo dessa mulher aranha é uma aquarela viva! Ele introduz uma linguagem visual perfeita para a narrativa. Sentimentos como solidão e tristeza, são relacionados à cores mais escuras; enquanto amor e felicidade estão relacionados a cores mais claras. As mudanças de tons ocorrem em tempo real, acompanhando as transições emocionais da personagem. Assim como, as diferenças de traços e estética para cada universo são ferramentas para estória, não é algo apenas visual.
O terceiro ponto é a metalinguagem. Miguel O’Hara, o homem aranha do ano de 2099 (localizado na parte direita da imagem). Representa, assim como a deusa da primavera no quadro original, a renovação. Estamos falando de um personagem que veio para adicionar uma nova camada para esse filme. Ele faz uma metalinguagem sobre o fã da franquia. O trabalho dele é manter o cânone de cada universo. Ele é totalmente contra a renovação e mostra o risco que eventos como esse podem gerar, assim como os fãs do aranha, que se recusam a vê-lo crescer. É por isso que ele (Peter Parker) volta, regularmente, a ter uma saúde financeira ruim, vive solteiro e só tem sua vida nos trilhos em realidades paralelas e/ou filmes fora da linha cronológica original. Miguel, assim como os fãs, quer manter o futuro da franquia baseado em altruísmo, mas não enxerga que adições podem sim ser bem-vindas nessas franquias.
O quarto motivo é o ritmo do filme. Assim como em Vingadores: Guerra Infinita, possuímos um ritmo frenético. Cada cena é escolhida de forma magistral e tem mais de um significado para a narrativa. As cenas de ação são extraordinárias e respeitam o estilo de combate de cada aranha.
