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Parte do Brasil Império é localizado em Nova Iguaçu

Arqueólogos da Secretaria de Cultura de Nova Iguaçu encontraram vestígios do Brasil Império durante uma escavação em um poço no Parque Histórico e Arqueológico de Iguassú Velha. Essa parte intocada da História foi localizada durante um trabalho conduzido pelo mestre em arqueologia pelo Museu Nacional Diogo Borges. Além dele, o grupo conta com dez pessoas, incluindo arqueólogo, historiador, estudantes de arqueologia e auxiliares em arqueologia.


Segundo a prefeitura, os profissionais encontraram cerâmicas portuguesas e inglesas, perfumes, cachimbos de barro com grafismo africano, figa, talheres, adornos e metais.

De acordo com Diogo Borges, a partir desses utensílios históricos é possível analisar questões culturais, econômicas e de poder, pois existem peças que auxiliam a equipe a compreender as relações sociais e as hierarquias da época.

—Trazer esse patrimônio à tona demonstra que a Baixada não é apenas uma região que está próxima ao Rio de Janeiro. A região foi muito importante para a manutenção e vivência da então capital. A Baixada alimentava a capital do Brasil — disse o arqueólogo.

O trabalho do grupo começou em abril, a partir de escavações na região da câmara e cadeia da antiga Vila de Iguassú, que visam a localizar materiais históricos que podem não estar protocoladas. Antes disso, conta Borges, foi feito um trabalho preliminar por meio de um levantamento bibliográfico baseado também em fontes secundárias, mapas históricos e documentos sobre a sociedade formada na época.


— Nem sempre a historiografia condiz com a realidade porque há grupos marginalizados que não são descritos ou colocados nos mapas. A arqueologia busca esse olhar, vai atrás desses grupos, e quando a gente faz as escavações, não tem como negar a presença deles — afirma o arqueólogo.

O poço onde os vestígios do Império foram encontrados tem sua construção datada de meados do século XIX, quando o Estado do Rio passou por uma crise hídrica. Ele foi construído para atender ao apelo da população durante uma passagem de Dom Pedro II pela antiga vila. No local, os arqueólogos da Superintendência de Pesquisas Arqueológicas de Nova Iguaçu encontraram remanescentes de paredes de tijolos maciços e um calçamento também de tijolos e pedras.


— A área que a gente está escavando é o berço de Nova Iguaçu, que fica ali, localizado próximo de Tinguá. Essa região também será muito importante no período do Império, no processo de administração, na região que a gente conhece como Baixada Fluminense — explicou Borges.

Agora, as equipes trabalham em uma trincheira de 13 metros aberta ao longo da Estrada Real do Comércio, para identificar evidências de que havia moradias na região para, a partir daí, levantar dados sobre o cotidiano da possível vizinhança. Na escavação, Diogo Borges conta que os arqueólogos utilizam ferramentas manuais, como enxada, colher de pedreiro, pá e alavanca:

— Depois, esse material passa por um processo de refinamento em uma peneira para ser separado.


Com o trabalho no poço finalizado, o grupo irá atuar ainda no Porto da Praça do Comércio de Iguassú, Torre Sineira da antiga Igreja Matriz, cemitério de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e outros portos existentes no antigo leito do rio Iguaçu, que foi retificado no início do século XX. O arqueólogo destaca a importância de encontrar vestígios da história da Baixada e mostrar como a região está intrinsecamente ligada à manutenção da cidade do Rio, que na época era capital do Brasil.

— Realizar esse projeto é mostrar a importância que a Baixada tem. Uma região que sempre foi negligenciada, marginalizada ao longo da História, sempre esquecida em razão de que a gente sempre privilegiou a história da capital. Se não fosse essa região, a cidade do Rio passaria por diversos problemas — afirma Borges.


Em abril, durante os primeiros dois dias de trabalho na área da câmara e cadeia da antiga vila, foram encontrados fragmentos de louças, garrafas, metais, vidros e cerâmicas. Segundo a prefeitura de Nova Iguaçu, após o processo de escavação, os materiais arqueológicos são encaminhados para o laboratório de arqueologia.

O laboratório fica na Secretaria municipal de Cultura. Lá, os objetos serão tratados e, depois, colocados em exposição. A expectativa é de que as peças fiquem à mostra na Casa de Cultura da cidade e na Estação de Cultura de Tinguá.
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