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QUANDO O HOMEM COSPE

Numa geração voltada para uma forma de consumo desregrado e veloz, o indivíduo é apenas parte de uma massa uniforme, caracterizada pela mesma forma de pensar e agir. Deste modo, a sociedade actual não é
mais do que uma tribo que vai destruindo todas as outras formas de vida.
Em 1854, o chefe índio Seattle foi confrontado com a proposta de compra das terras da sua tribo por parte do presidente dos Estados Unidos. Perplexo com a ideia de compra de terrenos, o chefe índio escreveu uma carta a mencionar os motivos pelos quais não se podiam comprar nem vender as terras.
O caracter sagrado que era atribuído pelos índios nativos a cada organismo vivo não era mais do que uma forma de proteger a Natureza, permitindo-lhe perdurar sã e em harmonia com o Homem.
“Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto”. As palavras sábias do chefe índio Seattle confirmam-se hoje, mais de século e meio depois. Não há dúvidas que as sociedades humanas tenham evoluído durante este espaço de tempo, mas a que custo? Quantos países, ainda assim, não participam
dos benefícios do desenvolvimento? Quantos outros não se tornaram vítimas do seu tão desejado progresso? Quantos hectares de florestas destruímos? Quantas espécies extinguimos?
“Somos parte da terra, e ela faz parte de nós”. Bastava ouvir as palavras do chefe Seattle, quando ainda havia tempo de travar o comboio das excentricidades e da ganância. Mas ninguém as ouviu, e por cima das suas terras foi construído o actual estado de Washington DC. E reverter a situação é difícil. Ninguém quer deixar
o que acabou de descobrir que lhe fazia falta. E as necessidades continuam a crescer.
A voraz destruição da Amazónia, o impacte brutal do tsunami no Oriente, as constantes marés negras e tantos outros desastres ambientais de hoje são a triste marca da desmesurada gula humana. Somos cegos a marchar no sentido das coisas, guiados por um som que se assemelha à prosperidade mas não o é. Estaremos hipnotizados? Em transe? Que religião foi esta que criámos? Quando iremos despertar?
QUANDO O HOMEM COSPE
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QUANDO O HOMEM COSPE

Installation which critically addresses the unsustainable consumer society

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