Leio, logo existo!
 
          Parafraseando uma das afirmações mais antológicas da Humanidade: LEIO, LOGO EXISTO! E existo mais que minha simples existência. E muito, mas muito mais, que a existência daqueles que ignoram a leitura. A cada novo livro, a cada nova história, torno-me por um tempo, um novo ser. Entro em uma nova realidade, pois assim o faço, senão estaria apenas decifrando um monte de códigos que chamam de palavras. Recentemente fui o simples narrador de uma história. Quer dizer, ser a própria Morte, por si só não é nada simples, principalmente vê-la contando a história de uma garotinha de família comunista que roubava livros em uma Alemanha nazista. Pobre Morte com função ingrata e tão inimaginável saber de sua imensa sensibilidade!
 
          Que tal, por um tempo ser um autor-defunto ou um defunto-autor? Se nem o insuperável Machado de Assis, com seu Brás Cubas chegou à conclusão, que direi eu. Sei apenas que, morto, narrei minha história com imenso senso de humor e, por vezes, picardia – pobre Eugênia, bela moça, mas... coxa! Manca para que os que não leem. Por vezes é bom ser ou sentir-se o grande herói, em outros casos, ser o vilão é mais emocionante. Em outros casos, ser o mesmo personagem principal em sete vidas diferentes como em “As sete vidas dos Reis” é uma aventura e tanto, pois a cada momento você se identifica com um dos personagens das tramas (que, no fim, são sempre os mesmos em histórias diferentes ocorridas através dos tempos!).
 
           E como não falar na Bíblia? Não! Não me refiro à ela do ponto de vista religioso e sim, do ponto de vista histórico! Em especial, o dito Velho Testamento. Como não penetrar a fundo e ser por aquele instante o José do Egito? Como não admirar o devaneio psicodélico da história de Noé ou nas aberrações da história de Sodoma e Gomorra?
 
          E vamos combinar: as velhas historinhas em quadrinho, geralmente, nossos primeiros livrinhos, a imensa coleção Vagalume com histórias fantásticas, histórias de heróis, histórias realistas tão próximas de nosso cotidiano. Impossível esquecer essas épocas.
 
          Mas há aqueles que ignoram completamente a força e o poder da leitura, de qualquer leitura! Inclusive jornais, revistas, sites de notícias e outros meios. Quantos casos podemos acompanhar na mídia escrita, em que, a cada dia que passa um novo capítulo é escrito? Algumas são tristes, outras felizes, outras tensas. Verdadeiras novelas (e não telenovelas) da vida real! Que, em diversos casos, estão aí a mudar a vida desses próprios que ignoram a arte da leitura.
 
          Aliás, abrindo um parêntesis: Quantos sabem exatamente o significado da palavra “leitura”? Não é preciso pesquisas ou estudos para afirmar que a maioria crê firmemente que ler é, como citei anteriormente, decifrar códigos que chamamos de palavras. Nada disso, uma leitura de verdade divide-se em dois estágios e, somente, quando você os une é que atinge o sucesso. Ou seja, primeiro, de fato, o sujeito tem que ser capaz de decifrar estes códigos, mas em seguida, tem interpretá-lo, individualmente e dentro do contexto. Daí sim, você estará praticando o ato da leitura!
 
          Restringindo o caso a Pindorama, o nosso Brasil varonil, é “chover no molhado” dizer que, se nossa população lesse mais, seríamos um povo mais evoluído, mais consciente de conceitos morais que tanto vem fazendo falta, principalmente, na hora de saber seus direitos (e deveres), no momento do voto, no momento de sair de sua zona de conforto e saber sobre o que e como manifestar-se. No entanto, tristemente, o que se constata é que a maioria, por diversas desculpas e não motivos, a leitura passa longe das prioridades da maioria e isso pode ser constatado, facilmente, desde as ações de nossos governantes democraticamente eleitos (por esta população), até as ações desta mesma população em seu cotidiano.
 
Marcelo Rodrigues
Rio de Janeiro, 2013
Leio, logo existo
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Leio, logo existo

Leio, logo existo! Artigo sobre a importância e os prazeres da leitura.

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