Caminhando em conjunto com um diário fotográfico, este projeto de pinturas que retratam o extraordinário do cotidiano, o comum que está diante de nós a todo momento que saímos de casa, foi se criando e se transformando. Nele, combinei composições e situações que convergiam e se complementavam, imagens da capital misturadas com as do interior, operários que são operários em qualquer situação, cenas que passam despercebidas por muitos, recortes inusitados que, por algum motivo, me inquietaram.
Depois dos anos da pandemia, o desejo de matar a saudade da cidade, do constante movimento, da rotina infinita e, mesmo assim, mutável, foi forte. Isso me fez questionar por quantas pessoas passamos em um dia, todas sem rostos, sem história e fora do contexto, mas que estão sempre presentes, fazendo parte de um conjunto na paisagem da cidade.
Acredito que se tornou um afeto escondido, em meio a tanta aflição, poder parar e notar essas pessoas, mesmo que elas permaneçam irreconhecíveis na pintura, de alguma forma, estão ali retratadas.
projeto expográfico