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A naturalização da Barbárie- Medium

A naturalização da Barbárie 
                                                                                                             Créditos: Latuff
                                                         Charge do Cartunista Latuff fazendo uma crítica sobre a morte do jovem congôles
“Cuidado o Brasil é perigoso demais para nós! Aqui o racismo é violento e eficiente para nós e nos tem como alvo”, escreveu o ativista e presidente da Central Única das Favelas no Brasil (CUFA) o Preto Zezé, sobre a morte brutal do jovem congolês, Moise Kabagambe, de 24 anos, no último dia 24 de janeiro, vítima de brutal espancamento em um quiosque localizado na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro.
Moise, de 24 anos, veio refugiado do seu país, a República Democrática do Congo, juntamente com sua família na busca por mais oportunidades e para fugir da fome e dos horrores da guerra, ao famoso Brasil hospitaleiro, mas deu de cara com outros vilões a violência, preconceito e por fim as dificuldades de arranjar um emprego digno, em razão do racismo estrutural que ainda nos acompanha mesmo com o fim da escravidão por meio da Lei Áurea em 1888.
O fim da escravidão através da Lei Áurea não significou o término do martírio do povo negro em terras brasileiras. Não obstante a maioria ter sido retirada de suas terras a força para serem trazidos para uma terra desconhecida, anteriormente chamada de Vera Cruz, mas que posteriormente seria chamada como Brasil, e ao mesmo tempo ser proibido de professar sua fé e como também sua cultura e tradição.
Nós ainda convivemos com a invisibilidade, discriminação e ainda por cima a violência diária. Coisa que aliás os livros de história não trazem, principalmente se levarmos em conta que a maioria da publicação se esquece de que os negros libertos, até hoje lidam com a violência, discriminação e principalmente a invisibilidade social ao qual diariamente a sociedade tenta nos sujeitar.
Mesmo representando atualmente mais de 54% da população conforme a estatística mais recente pelo IBGE. Costumo dizer aos amigos mais próximos que quem é negro no Brasil de hoje tem que fazer um malabarismo gigante para assegurar sua visibilidade, e ao mesmo tempo superar o racismo estrutural feroz, que faz com que a cada 23 minutos um negro seja assassinado por aqui.
Algo absurdo e que reforça as palavras de Preto Zezé, presidente da CUFA Brasil, sobre o quanto o país sempre foi uma terra hostil para negros, e que seu sistema cruel e opressor atua para poder torna-los invisíveis, impedindo- lhes de ter acesso a direitos básicos tais como saúde, segurança, educação e emprego. Princípios básicos para a garantia da dignidade humana, inclusive reforçados pela Constituição Federal de 1988.
Cada vida negra que se vai como a de George Floyd, Moise, e mais recentemente o do segurança Durval Teófilo, morto brutalmente enquanto chegava em casa do serviço, na cidade São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro por um militar da Marinha. Demonstra o quanto a população brasileira aprendeu a naturalizar a morte de pessoas negras, assim como por qualquer outra causa. Aliás a postura da população brasileira em torno da questão é no mínimo paradoxal para não dizer nem um pouco surpreendente porque não basta postar em sua rede social que é antirracista, contudo, depois na vida real ridicularizar uma pessoa negra através da sua cor ou ainda pelo seu cabelo.
Porquanto dentro desse processo é fundamental a atuação dos movimentos antirracistas a partir da união dos jovens negros para alertar e instruir a população sobre a dimensão do que é o racismo estrutural, e como todos os agentes envolvidos podem contribuir para modificar este quadro, porém também, enfatizar a necessidade de manter o ensino da história dos povos africanos nas escolas.
Assim ao conhecer a história dos povos africanos como também sua história e suas lutas no transcurso da humanidade, é uma forma de mudar essa mentalidade consolidada ao longo de décadas e por séculos. É claro que não será da noite para o dia, até porque isto requer tempo e a busca constante pelo conhecimento e também força de vontade só assim para alterar este quadro.
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