“Foi particularmente interessante também ler um livro tão denso com desenhos, algo que só fazíamos quando éramos crianças. Me fez lembrar dos filmes Persepolis e Valsa com Bashir, que precisam e usam o desenho para falar de dores talvez inenarráveis em outro formato. Fazendo uma analogia ao livro, que desejo e que dor maior há no mundo que o de querer voltar a ser um só (pois já fomos um dia, não?) e o de descobrir sua impossibilidade? Travessia solitária e indispensável que cada um de nós deve viver ao longo da vida. Ademais, é apenas quando ela é concluída (se é que isso ocorre algum dia) é que podemos verdadeiramente nos relacionarmos com o outro em sua radical diferença. Arrisco a dizer que “Casamento Siamês” é um prato cheio para os psicanalistas e para aqueles, claro, que querem degustar, com um amargor necessário, de arte da melhor qualidade!”

Olivia Falavina – Psicóloga.

Antônia e Atílio se conhecem e encontram afinidades. Em pouco tempo, o casal se rende não apenas ao encantamento, mas às fórmulas sociais vigentes que incentivam a união de corpos como fórmula para a plena felicidade conjugal.

Mas como seguirá essa relação quando duas vidas – dois corações e duas mentes distintas – estiverem conjugadas em um só corpo, em uma nova forma de viver e de se mover no mundo? O casamento siamês é a representação final do desejo de se viver uma parceria amorosa inquebrantável. Nesta ordem, ao transformar dois indivíduos autônomos em uma só carne, fica estabelecida uma relação a dois que se sobrepõe à busca de autorrealização, de aspirações particulares e de satisfação com a própria companhia.