Considerando o papel educativo do diálogo que pode sugerir a intervenção estética, para além da disputa entre o domínio do espaço visual, a administração e os pichadores, propomos uma intervenção negociada. Convidamos pichadores para fazerem intervenções mais elaboradas e comunicamos nossa intenção à administração. Daí surgiu o mote "Grafite Tolerância”".
O termo tolerância - derivado do latim tolerare -, aqui tem sentido amplo. Refere-se inicialmente à aceitação dos grafites tanto pela administração, quanto por pichadores. Embora pareça um contrassenso, visto que a subversão é inerente à pichação, há uma tendência ética nos pichadores a preservarem os grafites.
Pedimos toda a tolerância com o grafite como obra de arte genuína, expressão abnegada da arte urbana contemporânea, produto da intervenção pública de artistas que se esmeram numa expressão estética mais elaborada e de pessoas, também artistas por apreciarem as artes, que não dispondo de habilidades técnicas sofisticadas e treinamento estético aprimorado se aventuram na experimentação de uma manifestação visual. O que mais nos interessava era que cada pessoa inscrita representasse uma o momento atual a partir do mote que sugerimos.
Domingos Sávio Cordeiro (Coordenador do Grafite Tolerância)
