Cortes do governo marcam abertura solene das aulas
Os cortes efectuados pelo governo no ensino superior foram o principal assunto da abertura solene do novo ano lectivo 2013/2014 na Universidade de Coimbra.
O discurso do reitor João Gabriel Siva ficou marcado pelas inúmeras dificuldades financeiras e consecutivas críticas ao governo pela falta de apoios e sucessivos cortes no ensino superior. Mostrou-se alarmado com o orçamento para este ano, uma vez que a receita do ano passado foi reduzida em 3,8 milhões de euros. Relativamente a este ano, o cenário continua sombrio, dado que ainda não se sabe qual o orçamento com que irão contar e «sem garantias de cortes adicionais ao longo do ano». «A universidade só não entrou em colapso total porque tem receitas próprias», afirmou o reitor, acrescentando ainda que estas dificuldades «não nos fazem recuar devido à enorme responsabilidade social» e que nem «a crise nos consegue parar».
Ricardo Morgado, presidente da Direcção-Geral da Universidade de Coimbra esteve também presente e não se privou das críticas ao governo. Começou por apelar a um ato de refleção sobre os privilégios e responsabilidades do reconhecimento mundial desta academia. Afimou ainda que a crise não pode ser desculpa para tudo e que ainda não saímos dela porque «aceitamos calados esta realidade». A redução das candidaturas ao ensino superior são um reflexo da crise económica, uma vez que entre os jovens com idade para ingressar no ensino superior apenas 35% se candidataram. A falta de perspetivas e de apoios sociais são também fatores que Ricardo Morgado aponta. Lançou ainda uma questão: o motivo para a bolsa de estudo não ser atribuída no caso de um membro do agregado familiar do estudante possuir uma dívida contributiva, mostrando assim o descontentamento dos estudantes numa altura em que existem menos 2000 bolseiros em Portugal. Indicou que a ação social deve ser por isso reforçada para não pôr em causa o futuro da «formação dos homens e das mulheres de amanhã». Terminou o seu discurso dando as boas vindas aos novos caloiros, relembrando o desafio de ser estudante desta universidade secular.
Durante a cerimónia, o Reitor da Universidade, relembrou o estatuto atribuído pela UNESCO à Universidade de Coimbra como património cultural da humanidade, salientando a dimensão imaterial, a história e a presença planetária.
A oração de sapiência foi, este ano, proferida pelo professor catedrático António dos Santos Justo, da Faculdade de Direito, que assim encerrou esta magnânima cerimónia.
