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A RUA FECHADA NUMA GALERIA

Jorge Palinhos convida à descoberta de algo que é tão familiar e passa despercebido – a rua. O dramaturgo seleccionou alguns objectos que contam um pedaço de si e que são, também, um retrato do mundo.
 
A programação de Março do projecto CONTA-ME COMO É iniciou-se esta quinta-feira, 21, com a inauguração do MUSEU DA RUA. Esta exposição pretende que entidades vivas e não vivas presentes na rua sejam vistas e ouvidas.
 
Quem visita o CAPC, encontra um espaço com objcetos ou imagens que são, facilmente, associados à rua. Acompanhada com sons representativos da rua, a exposição mostra peças que contam, sempre, um pouco da história pessoal do autor Jorge Palinhos.
 
Dentro de “quatro paredes”, a rua é apresentada através de placards, panfletos de manifestações, comida de gato ou até de um simples saco cinzento. Jorge Palinhos esclarece que a selecionou alguns dos objetos que recolheu da rua. O dramaturgo acredita que esse espaço tem muito para contar “na rua, muitas vezes encontram-se coisas surpreendentes”.
 
Uma mala e um cobertor sujos do tempo mostram a realidade dura da rua, sitio onde muita gente vive. Jorge Palinhos desejava dar a conhecer este lado da rua na sua exposição e “tirou” a mala a um sem-abrigo, que por ironia, talvez, viva agora na rua do autor.
 
Quem visita a exposição também encontra um sapato berrante – um sapato alto de lantejoulas vermelhas ainda com restos de terra na sola. O autor, com esta peça, relembra os momentos em que se fazia sempre acompanhar por uma máquina fotográfica para registar tudo. Um dia passeava com a sua namorada e encontrou aquele sapato vistoso no chão. Jorge Palinhos levou o sapato consigo e deixou de andar com a sua máquina ao ver que a sua namorada, sem esforço e prazer algum, tinha tirado melhores fotografias do que ele. Encontra-se exposto, também, letreiro onde se lê sonap gás que representa uma lembrança do tio do autor. Jorge Palinhos relembra a oficina onde o seu tio trabalhava e o seu sorriso. O tio do autor morreu nessa mesma oficina que acabou por ser vendida. O letreiro foi recolhido pelo dramaturgo, posteriormente, quando ao passar pela ex-oficina do tio a encontrou abandonada.
 
A temática desta instalação – a rua – surge porque, segundo o dramaturgo Jorge Palinhos, “a rua é o espaço comum por excelência, o espaço onde todos nos encontramos”. O principal objectivo foi “transpor a rua para dentro de um espaço” permitindo uma observação mais cuidada e demorada.
 
CONTA-ME COMO É é um projeto de leituras de textos de quatro diferentes dramaturgos portugueses – Jorge Palinhos, Miguel Castro Caldas, Pedro Marques e Sandra Pinheiro. Esta iniciativa contará com quatro sessões, uma por autor, distribuída por quatro meses, onde cada dramaturgo mostrará o seu relato pessoal do país. Março é o mês de Jorge Palinhos.
 
A instalação estará no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, CAPC, até dia 23.
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