A partir da aproximação e compreensão de tradições e culturas tão diferentes, o espetáculo reuniu dois instrumentos clássicos, um europeu - a viola d’arco, e um indiano - a tabla, com o objetivo de criar um novo conceito de expressão musical inovadora e com impacto, apostando no risco criativo, que o público mostrou se ter convertido em sucesso.

No âmbito de uma candidatura feita pela Associação Cultural Arte à Parte à Semana Cultural da Universidade, o Mosteiro reuniu, segundo o músico português emergente, "todas as condições" para que as culturas se encontrem e ofereçam uma nova proposta ancorada no "confronto entre contemporaneidade e herança".

José Valente afirmou ver na arte e neste tipo de eventos de aproximação cultural, "a resolução para qualquer problema", sendo o artista é alguém que "reage às circunstâncias de necessidade". Chamou à atenção para a importância de dedicar mais tempo à atividade artística, "a pensar, observar e ser curioso", para que finde a falta de critério e se leve conhecimento a mais pessoas.

O músico prestou homenagem a Bernardo Sassetti, com a peça "Embalo para Bernardo", considerando que a sua morte representou uma "perda de alguém espetacular" dentro da comunidade de músicos. Aproveitando o exemplo, referiu que os portugueses têm tendência a subvalorizar a sua cultura, que é em muitos casos bastante mais rica que alguns nomes estrangeiros.

Apelando a que Portugal e os portugueses olhem mais para si próprios, referiu que a sua nacionalidade não é limitante, pelo contrário, elogiou o facto de lhe terem sido feitas diversas propostas a nível internacional, partindo brevemente para São Francisco e Nova Iorque.