O retrato através de uma câmara, revela verdadeiramente o “nosso” eu?

Por detrás da materialidade de um rosto humano, a verdadeira identidade é posta a descoberto?

Será que a descoberta de si mesmo e perante os outros, far-se-á da mesma maneira sem a revelação de uma parte do corpo?

Foram perguntas que me perseguiram durante este projeto, que espero tentar responder no futuro com a continuação do mesmo a uma escala maior.

O ponto de partida desta série fotográfica foi um livro dedicado às experiências médicas no campo de concentração de Auschwitz – Voice of Memory 2 Medical Crimes. Tal como o número tatuado na pele (exclusivo dos campos de concentração de Auschwitz), a tentativa de criar um arquivo de imagens de pessoas sem revelar o rosto, numerados em série, revela por si só o anonimato como também a exclusividade. Na realidade, comos números no mundo contemporâneo. São a nossa identidade e quando atribuídos, passamos a ser um lote com determinadas características. Levando a existência de um arquivo mistério.