Rodrigo Chaw, Bboy. Cidade Tiradentes, São Paulo, Brasil. 3 de março de 2022.

Qual seu primeiro contato com a dança?

Satisfação total em estar aqui contando um pouco da minha vida. Bom em 2005 eu era fã do Michael Jackson e foi por ele que comecei a me envolver com dança, eu imitava ele, com o passar dos anos eu conheci a ''Red Bull bc one'' em 2005, foi um dvd que saiu e começou a vender nos camelô, eu fui lá comprei e fui assistir na minha casa,  eu me apaixonei pela dança bboy, tá ligado, desde então eu comecei a treinar... busquei uns lugares e escolas na minha quebrada que é a Cidade Tiradentes, onde eu comecei a conhecer outras pessoas que faziam também, se apaixonaram na mesma época que eu, começaram a praticar, desde então eu conheci pessoas que faziam parte do hip hop, das vertentes do popping locking e do breaking. Eu passei pelo popping desde o começo pelo Michael Jackson que ele tinha as técnicas, como eu era fã eu imitava, então sem querer acabei pegando as técnicas, depois eu soube o que era popping, tendeu? Depois de um ano, mais ou menos eu já estava colando com o pessoal da escola para dançar e fazer apresentações no centro cultural da Cidade Tiradentes, que é o centro cultural da juventude, foi lá que eu consegui me dedicar, porque lá davam o almoço e possibilitava todas as pessoas que iam almoçar, ficar fazendo curso, curso didático de inglês, grafite. Isso depois da escola, quando eu estava no ensino médio eu comecei a frequentar esse centro e a conhecer, porque eu não tinha informação, mas as pessoas que frequentavam lá elas tinham, porque elas vinham de várias cidades... de Guaianazes, das cidades vizinhas, pra ir lá almoçar e fazer arte, fazer cultura, desde então eu tenho vivenciado...


Tinha um professor ou aprenderam sozinhos?

Tinha um professor, mas como na mesma época que eu comecei, começaram vários, então a gente praticava junto, a gente não fazia aula, a gente olhava os vídeos e ia lá pro centro da juventude praticar, ai ficou todo mundo muito bom, uma remessa dessa é ótimo pra gente aprender, quando vai muita gente que não sabe, começar todo mundo junto, a evolução é muito rápida, e desde então eu comecei a praticar, a vivenciar apresentação, batalha, porque é tudo diferente, tudo é uma questão de experiência. De lá eu vim aqui pro centro de São Paulo, conheci outros dançarinos, outros estilos como o ragga-dancing, conheci mais o popping, tinha bastante gente que dançava popping, e eu tenho agregado todos esses estilos... é tudo que eu aprendi na minha dança, o que eu mais gosto de dançar é o breaking.

E o nome Chaw?

 O meu nome é Rodrigo Chaw, porque na minha cidade os primeiros bboy que começaram a dançar achavam eu muito parecido com o ator coreano ou japonês não sei, ai me apelidaram de Chaw,  eu deixo o Chaw como homenagem a eles até hoje.

Chaw de Shaolin?

É não sei, Chaw de Chaw.

Você dança no vagão, como que funciona isso?

Quando eu vim aqui pro centro de São Paulo eu tinha tido uma vez uma experiência de metrô, que não tem nada igual, o que a gente sabe fazer melhor é dançar; a gente vai lá e dança, foi uma experiência muito válida pra mim, quando eu cheguei aqui comecei a dançar com os cara mesmo, na rua, frequentar a rua, pegar as fontes da rua, e conhecer as pessoas que valorizam o trabalho de dança na rua, valorizam o trabalho da dança no metrô, que é uma apresentação pra pessoas desconhecidas; vamos supor, não tão esperando que a gente entre no vagão e comece bater palma e falar, ei, oi pessoal tudo bem? Dá boa tarde e falar: gostaria de apresentar uma arte! Eu aprendi a falar também, a vender o meu trabalho para as pessoas, e é isso mano, desse jeito que eu cheguei até aqui.

Como é a reação do público?

É normal né, igual de qualquer lugar... você chega vai vender alguma coisa, vai demonstrar alguma coisa, tem gente que gosta, tem gente que não, mas desde que eu comecei a fazer, isso tem me sustentado, tá ligado, eu vivo da minha arte, no momento estou vivendo só dela, tô só dançando e atrás de um sonho, jogo tudo pra contribuir com um sonho, e é isso, não me vejo mais fazendo outra coisa. Tem outros caras, como eu, com uma história parecida, que também já dançavam, já tem uma caminhada, tá ligado, os cara não chega aqui e começa a dançar do nada, todo mundo tem uma história pra contar, por isso que... que é muito respeito, muita consideração pelo artista que faz a mesma arte que a sua, pra mim é muito, o bagulho é underground, é isso daí, estilo de vida, eu estou feliz, não tem faltado nada pra mim, o essencial, então eu vejo que é um estilo de vida válido totalmente puro, tá ligado. Do que a gente é acostumado né, uma cidade cinza, a gente fica exposto a muita coisa, e isso, fazer isso, fazer o hip hop, tira você, salva você de qualquer coisa que você achar que pode tirar você do seu caminho, confia na dança, vai lá e dança não importa o que as pessoas falam, porque isso satisfaz a gente mesmo como pessoa, eu tô mó feliz por estar falando isso, ainda mais aqui com você, fico mais a vontade pra falar.

Quais são suas referências?

Eu queria falar de vários dançarinos que dançavam do meu lado na infância né, que a gente sente falta... não acompanhou a gente até aqui... mas hoje eu faço parte, eu não tenho um grupo certo, mas eu faço parte, eu sinto que eu faço parte de um grupo muito grande, de pessoas que partilham da mesma coisa que eu. Se a gente sente vontade a gente ouve uma música e sente vontade de dançar e dança aqui na rua, a gente baixa uma música, mano, eu tô sem celular, então eu vou lá, baixo uma música na lan house, que dá vontade, toda imaginação na minha cabeça, mano, eu vou lá, eu vou entrar no metro com essa música, mano eu vou estourar.
A caixa de som junto com as músicas selecionadas, assim, tudo vai de cada pessoa, de cada dançarino, uma tática que funciona, uma música, um tipo de apresentação, eu faço, vamos supor, eu sei três estilos que é o loking, o popping e o breaking, mas no metrô só lanço dois, que é os que eu mais domino, o poping e o breaking, então costumo baixar bastante música desses dois estilos, é a tática que eu uso e funciona para mim impressionar, porque a dança ela é impressionante, entendeu?

Você falou sobre aprender a se comunicar, vender o seu trabalho, isso é importante.

A comunicação foi uma coisa que eu também aprendi bem depois que eu comecei a dançar, mas a questão do metrô... não é só ir lá e dançar, é muito mais que isso, é paixão é abrir a mente das pessoas, entendeu, é arrancar uma emoção de uma pessoa, isso pra mim é muito forte, isso que me chamou a atenção também de trabalhar com arte, é isso que me comove bastante, a sensação das pessoas, o poder que a dança tem nas pessoas, a magia que acontece dela tirar o dinheiro do bolso dela e me dar, e falar, o que você faz é tão legal que eu vou te dar esse dinheiro pra você continuar. Isso pra mim é muito valoroso.

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